Vélez vence Boca Juniors e ajuda o San Lorenzo a escapar na liderança

Delgadillo foi o nome do jogo, ao lado do goleiro Aguerre (créditos Telam)

Pela 14ª rodada do campeonato, o Vélez foi anfitrião para o Boca e assim como o seu visitante nada fez na primeira etapa. O jogo então foi daqueles de dar sono. Contudo, a segunda etapa foi bem diferente. O Vélez voltou com a disposição de se fazer de local, diante de um rival que não conseguia assustar. Delgadillo tomou conta do jogo e conduziu o Fortín para uma vitória justa sobre um rival que vinha na disputa cabeça a cabeça, com o San Lorenzo, pela ponta do campeonato. Uma vitória para ajudar o Vélez em sua difícil reconstrução. Uma derrota para acender a luz na Ribera.

O jogo não apresentou muitas emoções. A tentativa de adiantar Colazo à linha do meio não deu muito certo e tudo pareceu desastrado. Além, disso, Osvaldo não esteve bem, assim como os homens que poderiam ajudar, como Peruzzi, que sofreu para suportar os tímidos avanços de Pérez Acuña. Gago não apareceu para o jogo, nada jogou e ainda atrapalhou o razoável desempenho de Rodrigo Bentancour, que parecia um dos poucos homens lúcidos no meio-campo xeneize. Sendo assim, a pelota não chegava também a Chávez, que assim como Osvaldo tampouco recuava para buscar o jogo.

Já no conjunto fortinero, a coisa não foi muito diferente. A tentativa de atuar pelos flancos do campo encontrou certa resistência da defensiva xeneize, mas se deparava, sobretudo, com sua própria ineficiência ofensiva. Delgadillo e Romero até que tentaram alguma coisa. Contudo, a redonda não chegava para um estático Pavone, no comando do ataque. Assim sendo, a pelota parada, principalmente em córneres, foi o que mais levou perigo ao arco de um arqueiro e de outro. No fim, o empate em zero foi justo.

Na segunda etapa, a coisa se iniciou com uma falta logo aos nove segundos, o que sinalizava a pouca mudança em relação ao quadro do primeiro tempo. Porém, logo o jogo se mostrou bem diferente dos primeiros 45 minutos. E logo aos 4′, Chávez cruzou para um arremate belíssimo de Osvaldo. Foi um gol do guardametas fortinero, que salvou sua equipe de uma desvantagem que já era certa.

Importa observar que o próprio Boca aproximou sua linha de meio-campo com os dois atacantes, isolados na etapa inicial. E isto se fez com um melhor trabalho de Bentancour e Meli, mas também com um recuo de Osvaldo e Chávez, praticamente compondo uma linha ofensiva de quatro homens. Da parte do Vélez, também houve uma melhora, já que os fortineros ganharam mais espaço para jogar, o que oportunizava o trabalho de Delgadillo e Lucas Romero.

Mas o destaque seguia a ser Aguerre, que vencia o confronto contra Osvaldo, com defesas decisivas e a manutenção da igualdade. Pouco a pouco, o Vélez foi ganhando a parada no meio. Acuña, Cubero, Delgadillo e Romero passaram a ser a referência de uma equipe que finalmente se fazia de local. O Boca pareceu sentir e precisou do auxílio do seu comandante do banco. Arruabarrena, então, fez uma leitura limitada dos eventos nas quatro linhas. Tirou Daniel Osvaldo e levou Calleri a campo. Só poderia dar errado. E deu.

Aos 25 minutos, após falha de marcação, e uma rápida jogada pela esquerda, Fabián Cubero apareceu com a cabeça para guardar: 1×0. O gol deu ainda mais coragem para o Fortín, que olhava para o Boca e dizia: “aqui no Amalfitani, quem manda somos nós”. O fato é que pela forma como o Boca atuava, ficava claro ao rival que não havia razões para receios ou pavores. E foi então que Delgadillo resolveu aparecer de vez. Unindo velocidade, visão de jogo e uma habilidade rara, o jovem meio-campista velezino tomou o destino da partida para si. E enquanto a defesa xeneize sofria para marcá-lo, os espaços se apresentavam para os atacantes locais e para as infiltrações de Cubero, Asad e Desábato.

Porém, se o Vélez se fez grande dentro de campo, isto aconteceu a partir de seu porteiro, Aguerre, autor de várias defesas decisivas e da segurança que o elenco fortinero precisava na partida. E aos 40′, após outra soneca da defesa xeneize e ótima participação de Delgadillo, Mariano “el Tanque” Pavone foi o nome do gol que deu números finais ao placar: 2×0. Uma vitória importante não só para melhorar a posição do Vélez, mas também para dotar sua equipe da personalidade que parecia faltar no conjunto de Liniers. Com o resultado, o Boca deixou o San Lorenzo escapar na liderança, agora com três pontos à frente.

Formações

Vélez: Alan Aguerre; Matías Pérez Acuña, Emiliano Amor, Hernán Pellerano, Facundo Cardozo; Fabián Cubero, Leandro Desábato (Leandro Somoza), Lucas Romero (Compagnucci), Nicolás Delgadillo; Yamil Asad (Agustín Doffo) e Mariano Pavone. Técnico: Miguel Ángel Russo.

Boca: Agustín Orion; Gino Peruzzi, Daniel Díaz, Marco Torsiglieri, Fabián Monzón; Marcelo Meli, Rodrigo Betancur, Fernando Gago, Nicolás Colazo (Sebastián Palacios); Andrés Chávez e Daniel Osvaldo (Calleri). Técnico: Rodolfo Arruabarrena.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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