Ainda que não seja um clássico no sentido estrito, nos últimos anos as partidas entre Vélez Sarsfield e San Lorenzo foram marcadas por muita rivalidade. Principalmente entre os torcedores, que protagonizaram enfrentamentos violentíssimos recentemente. O que é acirrado pelo fato de os clubes se situarem a uma distancia relativamente curta um do outro, um ambiente propício para o florescimento de uma rivalidade entre vizinhos, algo muito comum em Buenos Aires.
Mais do que a geografia, o que vem alimentando as rixas é o contínuo avanço velezano rumo a um posto entre os cinco grandes do futebol argentino, grupo que reúne Boca, River, Racing, Independiente e San Lorenzo, o menos vitorioso do quinteto. Em títulos argentinos profissionais, o Vélez, que há 20 anos tinha somente um, já possui atualmente oito, apenas dois atrás do adversário de hoje. Mais do que isso, o Sanloré é o único grande que ainda não venceu a Libertadores, tendo de se contentar com uma Copa Mercosul e uma Copa Sul-Americana como troféus internacionais. O Vélez não só tem uma Libertadores como também uma Intercontinental, além de uma Supercopa e uma Recopa.
A partida de hoje, contudo, não teve a mesma atmosfera das últimas. Para começar, foi um jogo de torcida única, sem a participação de hinchas do Ciclón. Afinal, os responsáveis pelo futebol argentino se parecem muito com seus irmãos brasileiros nesse quesito. Se encontram um problema, preferem proibir do que tentar lidar com o mesmo. O resultado é que o ambiente no José Amalfitani, a casa do Vélez, nem de perto lembrava o de partidas anteriores entre as duas equipes.
Por outro lado, as duas equipes tampouco entraram em campo com tanta motivação. O anfitrião claramente privilegia a Libertadores, e ocupa uma discreta 12ª posição no Torneio Final. Com 12 pontos de vantagem em relação ao Independiente, o San Lorenzo parece numa situação mais confortável na luta contra o rebaixamento. Uma situação que pode ser administrada, bastando evitar uma queda brutal na reta final da competição.
Mas, quando a bola rolou, as duas equipes mostraram disposição e tentaram atacar. E a primeira etapa viu um domínio dos visitantes. O San Lorenzo conseguia neutralizar o trio ofensivo do Vélez (Rescaldani, Pratto e Copete) e tinha maior volume de jogo. Chegou a criar boas oportunidades, pecando pelos erros de finalização.
Mas o Fortín voltou melhor para a segunda etapa, e rapidamente chegou ao gol. Aos 9 minutos, Pratto e Bella tramaram boa jogada pela direita, e o atacante bateu cruzado. Ibáñez rebateu, mas o jovem Rescaldani estava bem colocado para marcar. Em desvantagem no placar, o San Lorenzo buscou o ataque, e poderia ter empatado logo aos 15 minutos. Carlos Maglio apontou um pênalti duvidoso em Nacho Piatti, mas Stracqualursi isolou a cobrança, mandando a bola por cima do arco defendido por Sosa.
Mas o Ciclón não desistiu. Juan Antonio Pizzi colocou em campo jogadores jovens, que deram agressividade à sua equipe. Mesmo correndo riscos no contra-ataque, os visitantes buscavam, mesmo que desordenadamente, o empate. Que chegou num lance de acaso. Aos 34 minutos, Navarro cobrou uma falta fazendo um longo centro para a área. Nenhum jogador conseguiu alcançar a bola, que morreu no canto do goleiro Sosa.
Nos últimos 10 minutos, as duas equipes buscaram o gol da vitória, deixando a partida aberta. A grande chance veio para o San Lorenzo, quando, aos 47 minutos, Correa recebeu absolutamente livre, mas bateu mal, decretando o empate final.
Ao mesmo tempo, Unión e Argentinos Jrs. empatavam sem gols em Santa Fé, deixando as coisas ainda piores para o primeiro e permitindo ao outro uma margem de segurança em relação à zona do rebaixamento. Mais cedo, o Tigre havia sido derrotado pelo Rafaela por 3 a 1. E na sexta-feira, o Independiente foi derrotado pelo All Boys por 2 a 0, ficando em situação desesperadora na luta contra o descenso. Estamos falando do recordista de troféus na Libertadores – sete, uma a mais que o Boca; e que, ao lado do mesmo Boca, é um dos que jamais viveram um rebaixamento.
VÉLEZ: Sosa, Peruzzi, Cubero, Domínguez e Papa; Bella (Sabia), Razotti e Cerro (Desábato); Copete, Rescaldani (Insúa) e Pratto.
SAN LORENZO: Ibáñez, Prosperi, Alvarado, Cetto e Gentiletti (Villalba); Mercier, Kalinski (Correa), Buffarini e Piatti; Jara e Stracqualursi (Navarro).
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