Vélez – Estudiantes: Eternos emergentes no Futebol Argentino

Os recentes títulos de Vélez Sarsfield e Estudiantes deixam os fãs de ambos os clubes e alguns historiadores com uma pulga atrás da orelha. Afinal, esses times que já conquistaram Copas Libertadores e Mundial de Clubes não mereciam estar entre os cinco grandes? Enquanto a questão fica no ar, os candidatos ao título deste ano sequer estão entre os seis grandes do futebol argentino. E dificilmente estarão.

E tudo por conta da definição ultrapassada dos cinco grandes argentinos. Tal terminologia deve-se ao tamanho de suas torcidas no início do século passado. Em 1937, a AFA determinou que os times que tivessem mais de 15 mil sócios, 20 anos de participação nos torneios oficiais (contabilizando o amadorismo) e tivesse dois ou mais títulos, teriam direito a cinco votos. Na época, só Boca, River, Racing, Independiente e San Lorenzo haviam conquistado tal marca.

Apesar de muitos tentarem mudar esse parâmetro ultrapassado, ninguém consegue implantar um argumento que convençam os membros da AFA – principalmente por muitos serem dos tais clubes citados acima. Até por isso, Vélez e Estudiantes serão eternos emergentes que lutam constantemente pelo sexto posto.

Ambas as equipes duelam por esse título há anos. Para muitos, ele pertence ao Huracán, por tudo que a equipe fez no amadorismo – conquistou seis títulos, sendo a quinta equipe com mais títulos entre 1891 a 1931, mais do que o arquirrival San Lorenzo, o River e o Independiente. Não à toa, em 1950, uma publicidade de uma marca de cigarro do país colocou o clube como tal (a brincadeira da propaganda era pôr o próprio cigarro como “o sétimo grande”). Mas, com a decadência da equipe nas últimas décadas, o título do “Globo” foi ‘aposentado’ para os jornalistas, mas ainda está na boca do povo argentino.

Sendo assim, “fortineros” e “pincharratas”, junto aos times de Rosário (Central e Newell’s, mais expressivos que Vélez e Estudiantes entre o final dos anos 80 e o início dos 90) sonham em se firmar como o sexto grande do futebol argentino, posto contestado por torcidas também de Chacarita na virada dos anos 60 para os 70 e do Talleres entre anos 70 e 80. E a briga é boa, principalmente aos almejantes ao título do Apertura deste ano. Para isso, muitos utilizam fatores como participação em torneios oficiais da AFA, número de sócios, títulos, jogadores na Seleção, etc.

Nesses parâmetros, o Vélez vence no número de títulos nacionais e internacionais, com 12 títulos, dois a frente do Estudiantes, assim como na classificação histórica do profissionalismo (está em quinto, à frente até mesmo do Racing). Todavia, tem uma média de entradas vendidas inferior ao Estudiantes em toda era profissional (nisso, está atrás também do Huracán).

Já o Estudiantes foi quem conseguiu levar mais jogadores para Copas do Mundo (uma a frente do Huracán e três a frente do Vélez) e ter um número maior de simpatizantes, de acordo com institutos de pesquisa – Estudiantes é o 7º e o Vélez, 11º. Além de ter quatro Libertadores, contra apenas uma velezana.

Pelos números citados acima, os mais relevantes são a classificação histórica (Vélez 5º, Estudiantes 7º) e o número de simpatizantes – já que nem todo torcedor é habituado a ir ao estádio. Mesmo assim, não dá para qualificar qual é o fator mais importante. Até por isso, Estudiantes e Vélez Sarsfield, mesmo com inúmeros títulos, serão eternos emergentes que lutam para ser o sexto grande da Argentina.

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