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Uma verdadeira final foi vencida em Santiago

Uma final daquelas. E deu quem colocou sua tradição à prova

A atmosfera era de decisão. Ou vencia o se mandava da Copa Libertadores. Então, o Newell´s foi ao estádio Nacional do Chile disposto trazer os três pontos e trocar de lugar com “La U” em termos de liderança do Grupo VII. Por sorte, o gol saiu rápido e pode oferecer tranquilidade ao conjunto de Rosário. A resposta de “La U” era traduzida em ataques sucessivos e gols inacreditáveis que eram perdidos. Até que um míssil de Martín Tonso fechou o caixão de “La U” e deu ao Newell´s uma vitória fantástica; uma final vencida que recoloca a Lepra na Copa. E com direito à liderança.

De normal era a forte pressão de “La U”. De anormal era a do Newell´s. Desta forma, o jogo era bom: rápido, disputado e com várias chances de gol para ambos os lados. Só que quem chegou lá primeiro foi a Lepra. Após rápido contragolpe e ótima trama do meio até o ataque, Scocco chutou cruzado e a pelota encontrou o pé de Maxi Rodríguez: 1×0 Newell´s, aos 18 do primeiro tempo.

O gol foi o resultado de uma pressão incrível do Newell´s a partir do meio-campo. No setor, todo mundo marcava, todo mundo defendia: quase todos tentavam chegar ao ataque. Após o gol de abertura, o conjunto visitante se encontrou dentro de campo e, se aproveitasse a maioria dos contra-ataques que teve, aumentaria o placar ainda na primeira etapa. Não aconteceu.

O ímpeto de “La U” impressionava pela velocidade com que a equipe chegava no ataque. Ubilla e Isaac Díaz davam um trabalho colossal à defensiva argentina. Só que o Newell´s disputava uma verdadeira final em Santiago. Se perdesse estaria quase de fora da Copa; se vencesse chegaria à liderança. Apesar de toda a pressão local, e também da postura visitante, o placar ficou mesmo no 1×0 para os argentinos.

Na etapa complementar, o Newell´s já demonstrava dificuldades de segurar o rápido time chileno. “La U” montava um esquema em que o número 9 da equipe era sempre um jogador diferente. Formalmente, sequer esse 9 existia. As jogadas de perigo começaram a se propagar na área de Guzmán. Era uma atrás da outra. O Newell´s fazia duas linhas de quatro homens para socorrer a defesa e compor em prol da criatividade no meio.

A situação obrigava Scocco a sair da área o tempo todo. A equipe perdia em definição, mas jogava precisamente da maneira que “La U” costuma fazer quando se defende. Pareceu para o conjunto local que a atitude visitante era dolorosa demais. Seu jogo consistia em ampla ocupação de espaços no campo do Newell´s, mas um tipo de tomada geral bem diferente daquela praticada pelo Barcelona, por exemplo. A bola saía rápido dos pés de seus jogadores e as jogadas eram criadas com agilidade pouco comum. A rotatividade de seus atacantes como os nomes que preenchiam os espaços era a atitude que materializava a proposta. Só que tinha um problema nisso tudo.

Os espaços eram cedidos para o visitante justamente em todo o espaço de defesa chileno. Isto favorecia os contra-ataques. Isto justificava a presença de Scocco fora da área. Isto fazia do conjunto dirigido pelo Tata uma equipe tão perigosa como a de Darío Franco.

Além disso, o jogo era marcado pelos gols incríveis que o time local perdia diante de Guzmán. Ora o porteiro leproso operava milagres, ora a pelota achava o corpo de alguém e se recusava a entrar. O Newell´s não dispunha de tantas chances assim e era obrigado a resolver com mais eficiência. E foi assim que saiu o segundo gol. Em rápido contra-ataque, aos 38 minutos, a pelota foi tramada para ser jogada na área. Ela escapou para a zona morta e encontrou o chute certeiro de Tonso. Um golaço!

Não deu tempo para mais nada. Deu Newell´s e com muita justiça. O comprometimento leproso com a vitória impressionou desde o início do jogo e a equipe jogou como se sua tradição estivesse em perigo de morte. jogou demais e saiu não só com o resultado positivo, mas também com a liderança do Grupo 7.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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