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Uma verdade inconveniente para o Boca Juniors

Quase um ano depois do River Plate, agora quem teme o futuro de brigar contra o rebaixamento é o time de La Bombonera

Entre outras citações de efeito, Martín Palermo impressionou a todos ao cogitar uma verdade incômoda, porém perfeitamente possível para o Boca Juniors. “Não quero ver o clube na mesma situação que está o River Plate hoje. Até que eles estão se encaminhando no rumo certo, mas não quero ver meu time correndo esse mesmo risco”.

O maior artilheiro da história Xeneize se refere ao futuro que espera o clube da Ribera caso continue com as campanhas inexpressivas no Campeonato Argentino. Algo similar ao que sofrem hoje os Millonários, e que o Futebol Portenho antecipou como “Uma verdade inconveniente”. Em parte por lembrar de um “amanhã” ameaçador, mas também pela matéria ter sido publicada no dia 1° de abril.

Ao final deste Clausura, o Boca Juniors perderá os pontos da temporada 2008/09 na tabela de descenso. Uma quantia significativa, pois naquela época eles ganharam um título nacional. Devido a sequência de maus desempenhos nos torneios seguintes, várias equipes agora estão na frente, de modo que quando o Apertura 2011 chegar, o risco de rebaixamento será real.

Confira a tabela de promédios hoje

Veja como ficaria já sem a temporada 08/09:

1 – Estudiantes – 128 pts – 2,031
2 – Velez – 112 – 1,806
3 – Argentinos – 107 – 1,698
4 – Banfield – 104 – 1,650
5 – Newell`s – 99 – 1,571
6 – Lanus – 95 – 1,507
7 – Godoy Cruz – 92 – 1,460
8 – Colón – 91 – 1,444
9 – Independiente – 88 – 1,396
10 – San Lorenzo – 86 – 1,387
11 – Racing – 87 – 1,380
12 – Arsenal – 86 – 1,365
13 – River – 83 – 1,317
14 – Olimpo – 31 – 1,24
15 – Boca – 76 – 1,206
16 – All Boys – 30 – 1,120
17 – Tigre – 64 – 1,015
18 – Gimnasia – 60 – 0,952
19 – Huracán – 60 – 0,952
20 – Quilmes – 20 – 0,8

Dos clubes que estão abaixo do Boca, All Boys e Huracán estão hoje na zona de Promoção, enquanto Gimnasia e Quilmes cairíam diretamente se o Clausura acabasse neste instante. De modo que no mínimo dois deles não brigarão mais contra os Xeneizes, mas a posição por si só, na beira da zona de descenso, continua alarmante.

Se serve de consolo, a situação do River na época da matéria anterior assustava ainda mais, pois o clube de Nuñez figurava entre os três piores “promédios”. No entanto, apesar das complicações atuais e das dívidas alcançadas no período (quase 8o milhões de pesos), os comandados de J.J. Lopez jogaram um Apertura exemplar, chegando a 4ª posição que hoje lhes oferece um folego maior.

62 anos depois, o medo se repete

O Boca Juniors jamais terminou em último na disputa de um torneio argentino, e assim como o arquirrival, nunca saiu da primeira divisão. A luta contra o rebaixamento, porém, já amedrontou os hinchas em La Bombonera antes desta crise atual. Em 1949, para apontar com precisão.

No campeonato da época, com um elenco formado predominantemente por atletas do interior do país, a equipe Xeneize buscava acabar com um jejum de cinco anos sem voltas olímpicas. No entanto, vieram derrotas marcantes como contra o Independiente (0 x 2), River (0 x 1) e Tigre (1 x 2), e até vexames diante do San Lorenzo (1 x 4) e do Racing (2 x 6).

Se tratava de um torneio longo, e ao final da primeira rodada, apenas três vitórias, três empates e 11 derrotas. E a má campanha só continuou no returno, até que chegou a última rodada trazendo consigo o impensável: uma final valendo a permanência na elite.

Aos olhos de 50 mil torcedores em uma Bombonera lotada, o Boca enfrentava o Lanús. Confronto “de seis pontos”, pois os Granates tinham um ponto a mais que os lanternas, únicos rebaixados naquele momento. Eis que o peso da camisa pareceu falar mais alto, pois o time em crise achou forças para golear por 5 x 1 e condenar a equipe do Sul ao descenso. Apenas um alívio na época, mas hoje uma lição para o combalido elenco de Falcioni.

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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