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Tradição coopera renasce na Argentina: Excursionistas de Bajo Belgrano

Nada impede o torcedor simples do bairro de acompanhar seu clube, assim como o porteiro Fasanella, que se contundiu na partida: choro justo

Quando se pensa em tradição coopera no continente difícil não considerar os times argentinos. Na Argentina, absurdo se esquecer do que fez o Rojo em seus tempos áureos. Demência até não eleger o Boca Juniors como o verdadeiro dono dessa tradição. Só que uma nova tradição coopera nasce no país. E ela vem da quarta divisão: o pequeno Excursionistas, de René “el Loco” Houseman.

Ano passado o pequeno Excursio fez história ao eliminar vários “gigantes” da Copa Argentina. Tudo bem que alguns deles não têm lá muita tradição. Só que perto do nanismo do Verde quase todos são gigantes. Quis a história que o jogo mais emocionante tenha colocado o ídolo René Houseman em xeque. É que o “Loco” foi um ídolo histórico do Huracán e um dos responsáveis pelo grande título da equipe, em 73

O ídolo não segura a emoção

A história quis que o Huracán fosse enfrentar justamente o Excursio. Esta pequena equipe pode não ser lá conhecida, mas é razão das lágrimas constantes de Houseman. E ele não teve dúvida em ficar ao lado do Verde de Bajo Belgrano.

Ontem não foi diferente. Na luta para passar aos 16 avos de final o Excursio teve de se deparar com o Gimnasia y Esgrima de La Plata. E é aqui que chama atenção o caráter coopero do Excursio. Todos os confrontos do ano passado e, da atual edição da Copa Argentina, nos quais o Excursio se envolveu, levou a decisão para os pênaltis. Ganhou todas, exceto do Olimpo, nas disputas dos 16 avos.

Só que a decisão de ontem colocava várias dificuldades para o conjunto de Bajo Belgrano. O grande pegador de pênaltis, o porteiro Fasanella, se contundiu. Em seu lugar entrou o reserva Sebastián Malnero. E foi só sofrimento no segundo tempo. Só deu Lobo, de um lado, e Malnero e seus bravos defensores, de outro. Apesar disso, o cotejo terminou no zero.

As dificuldades continuaram para o Excursio. A equipe perdeu a primeira e a segunda cobranças. Já o Lobo fez os dois gols. Bastava apenas mais um para que o conjunto de La Plata saísse da cancha do Almagro com a classificação. Todos se lembravam dos feitos de Fasanella e vibraram apenas timidamente, quando Sotelo descontou. Então Oliver Benítez foi para a bola e arrematou para a classificação do Lobo: Malnero pegou.

Substituiu Fasanella para também fazer história

O Excursio igualou com Carabelli. Bastava a Basualdo que fizesse: jogou para fora, ao tentar tirar do guardametas. O Excursio passou à frente com Lugarzo e jogou a responsabilidade para o Lobo de La Plata. Luiz Peralta foi para a bola e arrematou forte para a brilhante defesa de Malnero. Mais um milagre ocorria aos olhos de Houseman. Seu choro sintetizava mais um feito histórico para o Verde. O mais legítimo defensor atual da tradição coopera no futebol argentino. Agora, o conjunto de Bajo Belgrano vai encarar o Boca Juniors na sequência da competição.

Outros resultados:

Em Tucumán, no estádio Monumental José Fierro, o Decano recebeu o San Martín para o clássico da cidade. Após o gol de Ibañez para o Atlético, Roldán empatou para o San Martín ainda no primeiro tempo. Embora o Decano tenhas sido superior na maior parte do embate, foi apenas aos 45 minutos do segundo tempo que César More usou a cabeça para colocar o Decano na frente do placar. O lance ocorreu, após o rebote do porteiro do “Santo”.

O gol não deveria ter sido validado, pois havia impedimento no lance. Uma enorme confusão seguiu ao gol e Carlos Maglio deu um longo acréscimo ao cotejo. Com 10 homens em campo e buscando o empate a qualquer custo, o Santo levou um contragolpe, aos 56 minutos, e Bustamante deu números finais ao cotejo.

Em San Juan, no estádio Bicentenário, o Gallo Morón fechou a noite de surpresas. Após estar perdendo por 1×0 para o Instituto de Córdoba, com um gol de Bazan, aos 15 minutos, o Gallito empatou logo no início do segundo tempo com Damián Akerman. Aos 33, novamente o artilheiro chegou às redes com um golaço para o Gallito. Um grande feito para o clube que tem uma das torcidas mais apaixonadas da Argentina.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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