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Todos os jogos da Argentina em Belo Horizonte

O primeiro jogo de Messi no Brasil foi no Mineirão, em 2008. Embora ainda não tivesse sido o melhor do mundo, saiu aplaudido pelos brasileiros. Esse jogo fez seis anos anteontem

Cenário dos últimos jogos entre Argentina e Brasil em solo tupiniquim nas eliminatórias, Belo Horizonte, que abriga certa colônia hermana, só recebeu menos jogos da Albiceleste no Brasil que Rio de Janeiro e São Paulo. A capital mineira acabou escolhida como sede da delegação argentina para a Copa de 2014. É a cidade brasileira que mais cedeu jogadores à seleção, por sinal, com os cruzeirenses Roberto Perfumo (capitão na Copa 1974 como jogador da Raposa), Juan Pablo Sorín e Walter Montillo. E o atleticano Nicolás Otamendi chegou a ser candidato à convocação em 2014.

Os primeiros jogos contra o Brasil, aliás, tiveram uma particularidade: em 1968 (que contou com Perfumo, ainda no Racing, e Veglio, autor do gol do título do Boca sobre o Cruzeiro na Libertadores 1976) e em 1975, a seleção brasileira teve jogadores só do futebol mineiro. Curiosamente, a Argentina em 1975 também foi algo “regional”, basicamente com jogadores da província de Santa Fe. Ardiles, do Huracán, foi uma exceção. Outra, o autor do gol (de falta): Julio Asad, do Vélez, primo de Omar Asad, que pelo mesmo Vélez marcou sobre o São Paulo na final da Libertadores 1994 e sobre o Milan na Intercontinental também. O técnico Menotti foi o primeiro a apostar largamente em jogadores do interior e, com a geração dourada que o país usufruía, colheu sucesso.

A Argentina perdeu em 1975, mas muitos dali estariam no título de 1978, já por outros clubes, como Killer, então no Rosario Central, depois no Racing; Leopoldo Luque, do Unión, depois no River; e o mito Mario Kempes (Rosario Central, depois Valencia). Gallego também seria campeão, ainda vindo do Newell’s. O goleiro Gatti era do Unión e seria o titular na Copa, em vez de Fillol, mas uma lesão nos fins de 1977 o impediu de ir. Já Valdano, então no Newell’s, estaria no título mundial de 1986, vindo do Real Madrid. Dos demais, Bóveda era do Rosario Central; Pavoni, Rebottaro e Zanabria, do Newell’s; e Pavón, do Belgrano de Córdoba, também do interior.

O único jogo que não foi contra o Brasil foi em 1972, pela Taça Independência, organizada para celebrar os 150 anos da independência brasileira. E a URSS também escolheu vir com uma seleção regional, formada basicamente por jogadores do Zorya da cidade de Voroshilovgrado (hoje chamada de Luhansk, em região “russa” da Ucrânia), naquele ano campeão soviético pela única vez. Uma das exceções, Byshovets, seria o técnico da URSS medalha de ouro sobre o Brasil nas Olimpíadas de 1988.

Os outros jogos também tiveram particularidades. Em 2004, Ronaldo fez todos de pênalti seus três gols, com a Argentina descontando com outro ex-cruzeirense, Sorín. Já em 2008 rendeu o primeiro jogo de Messi no Brasil (o único até o jogo passado, contra a Bósnia) e acabaria lembrado por ele sair aplaudido pela torcida brasileira, ainda que mais como um protesto contra a apresentação apática dos canarinhos. Mesmo assim, o lateral Gilberto estrilou publicamente. La Pulga usou a camisa 18 porque a 10 ainda era de Riquelme, em um de seus últimos jogos pela seleção – desafeto de Maradona, jogou pela última vez em outubro: renunciou assim que Dieguito assumiu a Albiceleste, em novembro.

Todos os jogos foram no Mineirão, cenário de boas lembranças ao técnico Sabella e aos jogadores Andújar, Enzo Pérez e Federico Fernández, todos presentes ali quando o Estudiantes venceu a Libertadores 2009. Rojo também estava no elenco, embora não tenha sido relacionado (Fede Fernández não jogou, mas estava no banco).

Abaixo, as ficha técnicas dos jogos da Argentina em Belo Horizonte, que mostram outra curiosidade: Alfio Basile esteve no primeiro e no (até agora) último, antes como zagueiro e depois como técnico. Só foram considerados jogos oficiais, contra outras seleções:

11-08-1968
ARG 2-3 BRA.
Amistoso.
ARG: Rubén Sánchez, Héctor Ostúa, Roberto Perfumo, Alfio Basile e Oscar Malbernat, Jorge Solari, Alberto Rendo e Raúl Savoy, Héctor Yazalde, Rodolfo Fischer (Héctor Minitti) e Carlos Veglio (Ángel Silva). T: José María Minella.
BRA: Raul, Pedro Paulo, Djalma Dias e Procópio, Oldair, Zé Carlos, Dirceu Lopes e Natal, Tostão (Dirceu Alves), Evaldo e Rodrigues. T: Biju, Carlyle Guimarães e Jota Júnior.
Juiz: Agomar Martins (BRA).
Gols: Evaldo, Rodrigues, Rendo, Dirceu Lopes e Silva.

02-07-1972.
ARG 1-0 URSS.
Taça Independência.
ARG: Miguel Santoro, Enrique Wolff, Osvaldo Piazza, Ángel Bargas e Ramón Heredia, Miguel Raimondo, Alejandro Semenewicz e José Omar Pastoriza, Ernesto Mastrángelo, Rodolfo Fischer e Oscar Más. T: Juan José Pizzuti.
URSS: Aleksandr Tkachenko, Sergey Kuznetsov, Vladimir Malygin, Vasiliy Kuksov, Viktor Kuznetsov (Anatoliy Byshovets), Yuri Vasenin, Aleksandr Zhuravlyov, Vyacheslav Semyonov (Kakhi Asatiani), Yuri Yeliseyev, Yevgeniy Lovchev, Vladimir Onishchenko. T: German Zonin.
Juiz: Archundia González (MEX).
Gol: Pastoriza.

06-08-1975.
ARG 1-2 BRA.
Copa América de 1975.
ARG: Hugo Gatti, Andrés Rebottaro, José Luis Pavoni, Daniel Killer e Rafael Pavón, Américo Gallego, Osvaldo Ardiles (Mario Zanabria) e Julio Asad, Ramón Bóveda (Jorge Valdano), Leopoldo Luque e Mario Kempes. T: César Menotti.
BRA: Raul, Nelinho, Amaral, Piazza e Getúlio, Wanderley Paiva, Marcelo (Palhinha), Danival, Roberto Batata, Campos (Dirceu Lopes) e Romeu. T: Osvaldo Brandão.
Juiz: Ramón Barreto (URU).
Gols: Asad, Nelinho e Nelinho.

02-06-2004.
ARG 1-3 BRA.
Eliminatórias 2006.
ARG: Pablo Cavallero, Facundo Quiroga, Walter Samuel, Gabriel Heinze e Juan Pablo Sorín, Javier Mascherano, Javier Zanetti e Lucho González (Pablo Aimar), Kily González, César Delgado (Mauro Rosales, depois Javier Saviola) e Hernán Crespo. T: Marcelo Bielsa.
BRA: Dida, Cafu, Juan, Roque Júnior e Roberto Carlos, Edmilson (Zé Roberto), Juninho Pernambucano (Júlio Baptista) e Kaká (Alex), Ronaldo e Luís Fabiano (Edu Gaspar). T: Carlos Alberto Parreira.
Juiz: Oscar Ruiz (COL).
Gols: Ronaldo, Ronaldo, Sorín e Ronaldo.

18-06-2008.
ARG 0-0 BRA.
Eliminatórias 2010.
ARG: Roberto Abbondanzieri, Nicolás Burdisso, Fabricio Coloccini, Gabriel Heinze e Javier Zanetti, Javier Mascherano, Fernando Gago, Juan Román Riquelme (Sebastián Battaglia) e Jonás Gutiérrez, Lionel Messi (Rodrigo Palacio) e Julio Cruz (Sergio Agüero). T: Alfio Basile.
BRA: Júlio César, Maicon, Lúcio, Juan e Gilberto, Gilberto Silva, Mineiro, Júlio Baptista e Anderson (Diego, depois Daniel Alves), Adriano (Luís Fabiano) e Robinho. T: Dunga.
Juiz: Oscar Ruiz (COL).

Atualizações após a matéria:

21-06-2014.
ARG 1-0 IRÃ.
Copa do Mundo de 2014.
ARG: Sergio Romero, Pablo Zabaleta, Federico Fernández, Ezequiel Garay e Marcos Rojo, Fernando Gago, Javier Mascherano e Ángel Di María (Lucas Biglia), Lionel Messi, Gonzalo Higuaín (Rodrigo Palacio) e Sergio Agüero (Ezequiel Lavezzi). T: Alejandro Sabella.
IRÃ: Alireza Haghighi, Jalal Hosseini, Amir Hossein Sadeghi, Pajman Montazeri e Mehrdad Pooladi, Andranik Teymourian, Javad Nekounam, Ashkan Dejagah (Alireza Jahanbakhsh), Masoud Shojaei (Khosro Heydari) e Ehsan Hajsafi (Reza Haghighi), Reza Ghoochannejhad. T: Carlos Queiroz.
Juiz: Milorad Mažić (SER).
Gol: Messi.

10-11-2016.
ARG o-3 BRA.
Eliminatórias 2018.
ARG: Sergio Romero, Pablo Zabaleta, Ramiro Funes Mori, Nicolás Otamendi e Emmanuel Más; Lucas Biglia, Javier Mascherano, Enzo Pérez (Sergio Agüero) e Ángel Di María (Ángel Correa), Lionel Messi e Gonzalo Higuaín. T: Edgardo Bauza.
BRA: Alisson, Daniel Alves, Miranda (Thiago Silva), Marquinhos e Marcelo, Fernandinho, Renato Augusto, Paulinho e Neymar, Philippe Coutinho (Douglas Costa) e Gabriel Jesus (Roberto Firmino). T: Tite.
Juiz: Julio Bascuñán (CHI).
Gols: Philippe Coutinho, Neymar e Paulinho.

19-06-2019.
ARG 1-1 PAR.
Copa América de 2019.
ARG: Franco Armani, Milton Casco, Germán Pezzella, Nicolás Otamendi e Nicolás Tagliafico, Roberto Pereyra (Sergio Agüero), Giovani Lo Celso, Leandro Paredes e Rodrigo de Paul (Matías Suárez), Lionel Messi e Lautaro Martínez (Ángel Di María). T: Lionel Scaloni.
PAR: Iván Piris, Gustavo Gómez, Junior Alonso e Santiago Arzamendia, Derlis González (Juan Escobar), Richard Sánchez, Rodrigo Rojas e Matías Rojas, Miguel Almirón (Celso Ortiz) e Federico Santander (Óscar Romero). T: Eduardo Berizzo.
Juiz: Wilton Sampaio (BRA).
Gols: Sánchez e Messi.

02-07-2019.
ARG 0-2 BRA.
Copa América de 2019.
ARG: Franco Armani, Juan Foyth, Germán Pezzella, Nicolás Otamendi e Nicolás Tagliafico (Paulo Dybala), Rodrigo de Paul (Giovani Lo Celso), Leandro Paredes e Marcos Acuña (Ángel Di María), Rodrigo de Paul, Lionel Messi, Lautaro Martínez e Sergio Agüero. T: Lionel Scaloni.
BRA: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos (Miranda), Thiago Silva e Alex Sandro, Arthur, Casemiro e Philippe Coutinho, Gabriel Jesus (Allan), Roberto Firmino e Everton (Willian). T: Tite.
Juiz: Roddy Zambrano (EQU).
Gols: Gabriel Jesus e Roberto Firmino.

Saiba mais:

Todos os jogos da Argentina no Rio de Janeiro

Todos os jogos da Argentina em Porto Alegre

Todos os jogos da Argentina em São Paulo

Todos os jogos da Argentina fora do Eixo Sul-Sudeste brasileiro

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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