Especiais

Todos os especiais “italianos” do Futebol Portenho

Nesse 1º de junho, Uefa e Conmebol resgatarão a última taça vencida por Maradona. Agora renomeado “Superfinal”, o antigo Troféu Artemio Franchi serviu por duas vezes de tira-teima entre as seleções vencedoras da Eurocopa e da Copa América, mas a nascente Copa das Confederações inviabilizou que a disputa fosse além de duas edições – 1984 e 1993, ano em que a Albiceleste recebeu em Mar del Plata a surpreendente Dinamarca e contou com a conhecida estrela de Goycochea nos pênaltis; contamos aqui e aqui sobre aquele duelo. Dessa vez, se encontrará a Itália, em Wembley.

Os Tanos, diminutivo de “napolitanos” e gíria argentina equivalente ao nosso carcamano, compõem a mais difundida imigração europeia no Rio da Prata para além dos conquistadores espanhóis, e já figuravam bem antes da massa imigratória que chegou a todas as Américas no fim do século XIX: o autor da bandeira nacional, Manuel Belgrano (“Belo Grão”, em italiano), cujo sobrenome viraria de bairro na capital federal, time popularíssimo de Córdoba e famosa embarcação afundada na Guerra das Malvinas, nascera ainda em 1770 e era neto de genoveses.

O grande intercâmbio “sócio-esportivo” entre os dois países já propiciou diversos Especiais no Futebol Portenho, que valem ser compilados aqui junto com a recomendação de leitura sobre os 20 maiores argentinos da história do futebol italiano listados em 2014 pelos especialistas da Calciopédia.

Todas as Copas de 1974 e 1990 tiveram um Argentina x Itália. Maradona participou de três, observado por Gentile em 1982, Scirea em 1986 e Baresi em 1990

35 anos da Copa 1978: Argentina 0-1 Itália

Sim, a Argentina não foi campeã invicta na Copa de 1978, embora a derrota viesse com a classificação já assegurada à fase seguinte. A liderança italiana na fase de grupos acabou fazendo a Azzurra jogar toda a sua campanha em Buenos Aires, facilidade que os organizadores esperavam cair no colo da nação anfitriã. Clique aqui para acessar essa nota de 2013.

25 anos do primeiro gol de Maradona em 1986

Argentina x Itália foi um clássico nas Copas do Mundo à geração anos 70-80; o duelo de 1978 já havia sido antecedido por um de 1974 e os dois países seguiram se encontrando seguidamente:  1982, 1986 e 1990 contaram com o duelo, ironicamente ausente desde então. A Albiceleste, curiosamente, nunca venceu nos 90 ou nos 120 minutos. Mas o 1-1 na fase de grupos de 1986 serviu para Maradona iniciar sua contagem de gols no México. Clique aqui para acessar essa nota de 2011. Vale ainda a indicação de outra nota da Calciopédia, a listar postumamente em 2020 todas as vezes em que Diego foi, fora do Napoli, adversário dos italianos.

Há 80 anos, a Itália conquistava a sua primeira Copa. E com argentinos no elenco

Nota de 2014 relembrando a primeira Copa vencida pela Azzurra, que tinha três argentinos titulares e outro na reserva – posteriormente, cada um teria seu próprio Especial. Listou-se todos os hermanos que defenderam a seleção italiana até ali, daí a ausência de nomes mais recentes, como o de Franco Vázquez, que curiosamente depois voltou atrás e pôde jogar pela AlbicelesteClique aqui para acessar.

A Itália com quatro argentinos para o jogo-desempate contra a Espanha na Copa de 1934: o técnico Pozzo, Combi, Ferraris IV, Allemandi, Monti e Guaita; Bertolini, Orsi, Monzeglio, Meazza, Borel e Demaría

30 anos sem Raimundo Orsi, nome histórico de Independiente, Juventus e campeão da Copa de 1934

Presente nos dois primeiros títulos argentinos do Independiente e prata com a Argentina nas Olimpíadas de 1928, Orsi integrou uma Juventus pentacampeã seguida (então um recorde, que popularizou nacionalmente o time de Turim) e marcou gol na final da Copa de 1934. Chegaria no fim da carreira a ser campeão carioca pelo Flamengo. Clique aqui para acessar essa nota de 2016.

Luis Monti, o homem que jogou finais de Copa do Mundo por países diferentes

Raríssimo campeão argentino nos rivais Huracán e San Lorenzo (inclusive, participando do primeiro título de ambos na liga), Monti também foi o capitão da Argentina na prata olímpica de 1928 antes de acompanhar Orsi naquela Juventus pentacampeã de 1931-35. Não foi o único jogador vice da Copa de 1930 com a Albiceleste e campeão da de 1934 com a Azzurra, mas só ele esteve em campo nas duas finais. Curiosamente, não se orgulhava nada do feito. Clique aqui para acessar essa nota de 2016.

Enrique Guaita, o índio da seleção italiana fascista campeã da Copa 1934

Integrante de um ataque histórico do Estudiantes, Guaita eliminou na Copa de 1934 a sensação austríaca do Wunderteam e depois tornou-se o primeiro forasteiro a ser artilheiro da moderna Serie A, com a Roma. A pele cabocla possivelmente tornou El Indio o primeiro não-branco na Azzurra, em plena preocupação racista/eugenista do regime de Mussolini. Clique aqui para acessar essa nota de 2019.

Luis Monti pelas duas camisas: finais de Copa do Mundo por cada

Atilio Demaría, um esquecido recordista das Copas: campeão e vice por países diferentes

Ao lado de Monti, foi o outro participante por seleções diferentes nas Copas de 1930 e 1934, mas reserva em ambas. Qualidade não faltava: participara de excursão europeia na qual o Gimnasia derrotou tanto Real Madrid como Barcelona (sim!!!) antes de brilhar na Internazionale – ainda está entre os maiores artilheiros do dérbi de Milão. Clique aqui para acessar.

Renato Cesarini, pai de “La Máquina” do River e descobridor nato de talentos, faria 110 anos

A Azzurra de 1934 teria ainda outro ex-jogador da seleção argentina, embora nascido na própria Itália. Crescido em Buenos Aires desde bebê e protagonista nos anos 20 da campanha que levou o Chacarita pela primeira vez à elite nacional, Cesarini era outro membro daquela Juventus pentacampeã de 1931-35, mas uma lesão lhe tirou do Mundial. Consagrou-se depois como técnico no River a na própria Juventus. Clique aqui para acessar essa nota de 2016.

110 anos do 1º argentino globalizado: Alejandro Scopelli, jogador da Copa 30

Ex-colega de Guaita naquele ataque do Estudiantes, acompanhou-o também na Roma. Ex-colega de Monti e de Demaría na Argentina de 1930, defendeu a Itália já após a Copa de 1934. E soube se consagrar também na França, Portugal, Chile, México… Clique aqui para acessar essa nota de 2018.

Loiácono e Sívori juntos pela Itália – após o duelo em que ambos marcaram sobre a Argentina, daí os rostos fúnebres

Rinaldo Martino, “mais muito” que o 3º maior artilheiro do San Lorenzo

Um entre tantos craques argentinos esquecidos pela falta de Copas do Mundo nos anos de Segunda Guerra Mundial, El Mamucho foi protagonista do fim de um jejum de 15 anos da Juventus na Serie A (!!) e pôde defender a Azzurra precisamente em Londres – para ser, possivelmente, seu primeiro afro. No fim da carreira, esse ídolo do jovem Papa Francisco chegou a passar pelo São Paulo. Clique aqui para acessar essa nota de 2021.

Pela Argentina e contra ela: o curioso caso de Francisco Loiácono

Defender os dois países esteve longe de ser algo incomum, mas Loiácono (Lojacono, para os italianos), polido no Gimnasia, até gol marcou sobre a Albiceleste. No calcio, teve na virada dos anos 50 para os 60 certo relevo por Fiorentina e Roma. Clique aqui para acessar essa nota de 2020.

Dez anos sem Omar Sívori, “o primeiro Maradona”

O título diz tudo. Sua venda à Juventus permitiu ao River finalizar as arquibancadas do Monumental (então em formato de ferradura) vinte anos após o estádio ter sido inaugurado. Em Turim, El Cabezón liderou o décimo scudetto alvinegro (o técnico era Cesarini), enfim isolando para sempre a Vecchia Signora como equipe mais vezes campeã italiana, além de render a primeira estrela no escudo. Campeão com a Argentina na Copa América de 1957, disputaria Copa do Mundo já pela Itália. Clique aqui para acessar essa nota de 2015.

O Sportivo Italiano perfilado para enfrentar a própria seleção italiana em 1978

Humberto Maschio, o jogador da Azzurra campeão da Libertadores por Racing e Independiente

Colega de Sívori tanto na Copa América de 1957 como na Copa do Mundo de 1962 por cada seleção, Maschio brilhou na Itália sobretudo por Atalanta e Fiorentina. Em Avellaneda, venceu também o Mundial pelo Racing, o primeiro do futebol argentino. E, ao treinar o rival Independiente em 1973, tornou-se o primeiro a ganhar a Libertadores como jogador e como técnico. Clique aqui para acessar essa nota de 2018.

Há 35 anos, o Sportivo Italiano enfrentava a… Itália

A numerosíssima colônia italiana na Argentina se traduziu na identidade da dupla principal: o apelido xeneize do Boca deriva de “genovês” no dialeto de Gênova, cuja bandeira alvirrubra renderia as cores do River. Mas apenas nos anos 50 criou-se um clube assumidamente voltado à diáspora. O Italiano só jogou a primeira divisão na temporada 1986-87, mas perdeu honrosamente de um 1-0 em festivo amistoso pré-Copa que a Azzurra se dispôs a fazer em La Bombonera em 1978. Clique aqui para acessar essa nota de 2013.

Pablo Osvaldo, mais um “italiano” na itálica história do Boca

O hype de Osvaldo foi rápido no Boca, mas serviu para aprofundarmos as relações mencionadas acima. Nativos reais da Itália vestiram a camisa azul y oro muito antes de Daniele De Rossi, e teve quem até acabou aparecendo na seleção argentina. Clique aqui para acessar essa nota de 2015.

Cambiasso, Milito, Zanetti e Samuel na Inter da tríplice coroa em 2010, inédita na Itália

Cem anos da camisa tricolor “italiana” do Vélez

As cores velezanas também remetem à imigração. Se a camisa branca com a listra V no azul italiano ficou icônica, a reserva tem tradição incomum no futebol argentino: é uma tricolor em listras horizontais verde, branca e vermelha. Além de render amizade com o Fluminense pela semelhança de mantos, chegou inclusive a ser a camisa principal. Clique aqui para acessar essa nota de 2016.

Argentinos na Internazionale e no Milan

Argentinos se fizeram presentes nas primeiras finais que a dupla de Milão disputou na Liga dos Campeões e não são raros os nomes que (como Crespo) defenderam a dupla de gigantes. Clique aqui para acessar essa nota de 2013.

Argentinos de história na Juventus e no Torino

Quando esse dérbi era equilibrado, viu os primeiros argentinos (alguns, vira-casacas) que defenderam a seleção italiana. Clique aqui para acessar essa nota de 2013, redigida diretamente de Turim em férias do saudoso Tiago de Melo Gomes.

Homenagem oficial do Napoli aos 210 anos da independência argentina: Maradona, Bertoni, Campagnaro, Fernández, Ayala e Andújar, José Sosa, Roberto Sosa, Pineda, Lavezzi e Dátolo

Torino homenageará o River. Há 65 anos, foi o inverso

O Grande Torino dos anos 40 não teve argentinos, mas reconhecimento não faltou do lado ocidental do Atlântico: o River prontamente embarcou para um amistoso beneficente aos familiares dos falecidos na tragédia aérea que marcou os grenás. Serviu como um dos jogos finais de Di Stéfano a serviço do futebol argentino, além de germinar amizade entre os dois clubes. Clique aqui para acessar essa nota de 2013.

Nos 70 anos do clássico de Gênova, relembre os argentinos de Genoa e Sampdoria

Gênova foi a origem de substancial parcela dos imigrantes que habitaram o bairro de La Boca, daí as ligações com a dupla Boca e River (fundado lá também, embora finja que não). A recíproca é verdadeira desde que o artilheiro da primeira Copa do Mundo foi imediatamente contratado pela cidade de Colombo. Clique aqui para acessar essa nota de 2016.

Ó vida minha: todos os argentinos do Napoli

Maradona conseguiu causar indecisão em muitos napolitanos sobre para quem torceriam na semifinal que Nápoles sediou entre as duas seleções na Copa do Mundo de 1990. Mas não é o único argentino brilhante no Vesúvio. Clique aqui para acessar essa nota de 2020.

O uruguaio Gianni Guigou (25) completa a panelinha rio-pratense com Samuel (23), Batistuta (8) e Balbo (18) na comemoração de 2001

30 anos do primeiro título italiano de Maradona (e do Napoli)

Após vencer a Copa do Mundo de 1986, Maradona podia tudo. Tanto ser perdoado pela companheira por conceber um filho fora da união estável (namorados desde os anos 70, Diego e Claudia Villafañe só se casariam em 1989), parido em setembro daquele 1986 pela empregada doméstica do casal, como levar o virgem Napoli ao primeiro scudetto. E não só: em seguida, naquela mesma temporada 1986-87 o time também faturou a Copa da Itália – enquanto nascia, em abril de 1987, a primeira filha de Diego e Claudia. Clique aqui para acessar essa nota de 2017.

Há 25 anos, Maradona dava ao Napoli sua taça europeia

O Napoli tem menos títulos italianos que Genoa, Torino, Bologna e Pro Vercelli. Mas ter Maradona causou dobras no espaço-tempo sobre o patamar do clube. E ganhar a Liga Europa de 1988-89, enquanto estes outros clubes ainda carecem de troféu continental, também serviu muito. Clique aqui para acessar essa nota de 2014.

Nos 20 anos do último título italiano da Roma, relembre os argentinos do clube

Três argentinos (na imagem acima) figuravam no scudetto da temporada 2000-01, o terceiro (e primeiro em 18 anos) e ainda o último do clube e também último a escapar do trio de ferro (Juventus, Inter e Milan). Clique aqui para acessar essa nota de 2021.

Vestida de Argentina, a Lazio comemora a Supercopa Europeia sobre o Manchester United em 1999: Simeone à esquerda e, ao meio, o cabeludo Almeyda e o careca Verón

Argentinos nos 115 anos da Lazio

A Lazio, que desde sua primeira década abriga argentinos, comemorou em altíssimo estilo seu centenário, em 2000. Eram quatro hermanos (Simeone, Verón, Almeyda e Sensini) na temporada que rendeu o segundo (e primeiro em 26 anos) e último título italiano laziale, acompanhado da Copa da Itália, em dobradinha das mais históricas do calcio. Clique aqui para acessar essa nota de 2015.

Todos os argentinos da Fiorentina, treinada por um em seu último scudetto, há 50 anos

Muito antes de Batistuta virar ícone viola, Florença já colhia sucesso com hermanos – Bruno Pesaola era o tal treinador do título de 1968-69. Clique aqui para acessar essa nota de 2019.

100 anos do Parma, time de estrelato argentino

Nunca campeão italiano, o Parma nunca teve Maradona, mas graças a argentinos também pôde relativizar seu patamar no espaço-tempo – com dois troféus continentais nos anos 90 para quem tinha à disposição Verón, Crespo, Sensini, Ortega… Clique aqui para acessar essa nota de 2013.

Crespo, Verón, Balbo e Sensini com a Liga Europa do Parma em 1999

Ave Dea! Todos os argentinos da Atalanta

Um só título expressivo não transmite a importância argentina para o clube de Bérgamo, muito antes de Caniggia e sobretudo de Papu Gómez. Clique aqui para acessar essa nota de 2020.

Futebol argentino já abrigou outros europeus de Copa do Mundo antes de Daniele De Rossi

Título autoexplicativo que aproveitou o gancho da curiosa passagem do zagueiro pelo Boca, após outros ex-jogadores da seleção italiana terem igualmente vindo a clubes argentinos. Clique aqui para acessar essa nota de 2019.

Delio Onnis, 70 anos: do Almagro e Gimnasia LP para ser o maior artilheiro do Monaco e do Francesão

O título pode sugerir conteúdo distante do que se propõe nessa compilação, mas Onnis nasceu nos subúrbios de Roma. E, por crescer em Buenos Aires, era considerado argentino pela revista France Football e pela própria federação italiana – obstáculo para que concorresse à Bola de Ouro (na época da carreira dele, voltada apenas a cidadãos europeus, mesmo que nascidos em outros continentes) ou fosse aproveitado pela Azzurra. Clique aqui para acessar essa nota de 2018.

De Rossi em sua estreia: até integraria o título argentino de 2019-20 (embora não ficasse até o fim), seu único campeonato nacional na carreira

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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