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Todos os argentinos do Fluminense, fundado por um deles

Doval e Conca, os maiores argentinos pó de arroz

Há 45 anos, as três cores que traduzem tradição foram pela primeira vez campeãs do Brasil, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. O Fluminense já estava distante dos tempos em que usava argentinos a rodo, marca presente em seus primórdios e acentuada nos anos 30 e 40, retomada em anos recentes com o sucesso de Darío Conca. Mas é um bom gatilho para relembrarmos os hermanos do Fluzão.

O elegante zagueiro Víctor Etchegaray, além de ser um dos fundadores do Fluminense, foi seu primeiro capitão. Faleceu cedo, há cem anos, em 1915, devido à incurável tuberculose. Em vida, participou ativamente das primeiras glórias tricolores. Ele e o irmão, o ponta-esquerda Emilio Etchegaray, foram os únicos presentes em todas as partidas do tetracampeonato nas quatro primeiras edições do Estadual. No primeiro clássico carioca, contra o Botafogo, Emilio se destacou com muitos gols, anotando seis nos alvinegros. Incluindo em duas goleadas por 6-0, na primeira e na terceira edição do “clássico vovô”.

O goleiro Luis Raison, ex-Bangu, esteve no quadro reserva de 1912. Em 1934, quando o America ousou ao trazer sete hermanos de uma vez (explicamos anteontem), o Flu também fez sua primeira importação: o atacante Juan Arrillaga, ex-River, e que defendera a seleção argentina ainda como jogador do nanico Quilmes. Chegou a marcar em um 3-2 em Fla-Flu amistoso. Foi justamente nos millonarios a fonte bebida pelo time da elite carioca para novas contratações no período descrito como Platinismo pelo jornalista Mário Filho.

O volante Carlos Santamaría, colega de Arrillaga no primeiro título profissional do River, em 1932, e também jogador da seleção, veio em 1937. Embora jogador da retaguarda, chegou a marcar gol em um clássico com o Vasco em 1938. Foi bi estadual em 1937 e em 1938, quando retornou ao Millo. Ele ainda passaria posteriormente por Botafogo.

Esteban Malazzo foi um defensor com doze anos de River, de 1927 a 1939, período em que a equipe se engrandeceu nacionalmente, ganhando seus três primeiros títulos profissionais. No Fluminense, foram quatro anos, sendo como Santamaría igualmente bicampeão, em 1940-41. Indicou diversos nomes de compatriotas (incluindo ídolos millonarios como Alberto Cuello e José María Minella, sondados mas não fechados). O volante Américo Spinelli, de outro clube elitista (o Ferro Carril Oeste), veio junto e foi ainda mais longevo, ficando até 1945. Mas o bi de 1940-41 teve diversos outros hermanos. Afinal, o Flamengo havia sido campeão em 1939 com cinco vizinhos.

Os irmãos Víctor (em pé) e Emilio Etchegaray; Santamaría e uma colônia em 1941: Spinelli, Capuano, Malazzo, Cuello (que não estreou) e Cusatti

O ponta-esquerda Vicente Cusatti, ex-Argentino de Quilmes com boa passagem pelo Boca, e o goleiro Ángel Capuano, outro trazido do Ferro Carril Oeste, ficaram por volta de 1940-42. Os volantes Armando Renganeschi (1940-44) e Juan Carlos Verdeal (1941-42) eram ex-Estudiantes. O zagueiro Juan Della Torre (1941), titular na Copa do Mundo de 1930, já havia passado pelo America. Cusatti fez gol em um 3-2 em Fla-Flu de 1941, embora seguisse provisoariamente ainda naquele ano ao Canto do Rio – enquanto que Renganeschi e Malazzo se fariam presentes no famoso “Fla-Flu da Lagoa”. 1941 foi também o ano da maior goleada tricolor sobre o Vasco, um 6-2  com presença de Malazzo e Spinelli. O grande destaque do bi, porém, foi o ultragoleador Luis María Rongo.

Como muitos confrades, Rongo era ex-River, onde tivera média de mais de um gol por jogo. Não foi diferente nas Laranjeiras: 25 partidas, 36 gols. Estreou a quatro rodadas do fim do Estadual de 1940, marcando duas vezes no 4-2 sobre o America, então um clássico para ambas as torcidas. Fez mais dois no jogo do título, os últimos nos 5-3 em uma complicada partida que ficava no 3-3 com o São Cristóvão – adversário que sofreu seis gols dele em um 9-0 em 1941, até hoje um recorde individual de gols em um só jogo por um atleta do Fluminense. Rongo ainda marcou nos clássicos contra Botafogo (3-2) e Vasco (os dois nos 2-1) na campanha de 1941.

Já dedicamos um especial a Rongo, que fazia até seu casamento ser notícia de jornal: clique aqui. Embalado pelo sucesso dos vizinhos, novos apareceram nos anos seguintes. O meia-esquerda Pablo Invernizzi (1943-44) veio do Chacarita; outro meia, Guido Baztarrica (1944-45), do Peñarol; e o volante Celestino Martínez (1945) era ídolo no Independiente e com passagem pela seleção. O Fluminense chegou a ter gols argentinos em três Fla-Flus seguidos entre 1943-44, com Invernizzi (2-2), o ainda presente Spinelli (1-3) e Baztarrica (1-0). O grande rival sofreu em 1943 sua pior derrota no clássico, um 5-1 com Renganeschi presente. Mas eram os anos do tricampeonato rubronegro.

O Fluminense despediu-se de Baztarrica, Martínez e Spinelli em 1945, voltando a ser campeão em 1946 com a estrela já sendo brasileira: Ademir de Menezes. Só voltou a recorrer a argentinos em 1950. Contratou o atacante José Camaño da segundona vizinha, do Almagro e presente no título seguinte, em 1951, mas na reserva. Em 1951, tentou fechar com Héctor Drufuka, bem avaliado em jogo-treino com o Bonsucesso (fez dois gols no 4-4), mas ele, ex-Vélez, preferiu voltar à Argentina. Outro que não saiu muito do banco foi o atacante Miguel Converti, estrela do Banfield que ficou de 1955-56. Enquanto isso, o Platinismo definhava com a ascensão mundial da seleção brasileira de 1958-70, rareando a vinda de argentinos.

Alfredo González já estava radicado no Brasil, onde havia defendido os três rivais na virada dos anos 30 para os 40. Ele treinara o Bangu campeão de 1966, última taça que escapou dos quatro grandes. Assim, o Fluminense o contratou em 1967, mas o êxito não se repetiu – foi substituindo-o interinamente que Telê Santana iniciou sua trajetória de treinador. Também não deu certo a vinda do superartilheiro Luis Artime em 1972. Introvertido, não se adaptou ao ambiente a antiga estrela de River, Independiente e seleção, consagrado em 1971 no Nacional campeão uruguaio, da Libertadores (a primeira do clube) e do Mundial (idem) – para se ter uma ideia do quão era bom, clique aqui. Já Narciso Doval foi o grande ídolo argentino antes de Conca nas Laranjeiras.

Spinelli, que passou sete anos no clube; o supergoleador Rongo; Renganeschi no Fla-Flu da Lagoa

El Loco brilhara no Flamengo, com quem o Fluzão fez diversos troca-trocas em 1976. Caiu muito bem na “Máquina Tricolor”. Foi, naquele ano, artilheiro do Estadual, quando ele ainda tinha charme, fazendo o gol do título no fim da prorrogação contra o Vasco. Os cruzmaltinos foram vitimados por ele em 1976 também em um 4-2 e em um 3-0, enquanto o Botafogo sofreu em um 3-1 e em um 5-1. Já o Flamengo levou três gols em 1977. O gringo esteve perto da final do Brasileirão, sendo o único “carioca” que acertou pênalti na invasão corintiana (recebeu a Bola de Prata como melhor centroavante do torneio). Foi a grande referência ofensiva do Flu até voltar ao San Lorenzo, em 1979.

Também já dedicamos especial a Doval: clique aqui. Entre ele e a contratação de Conca junto ao Vasco em 2008, o Fluminense só teve outros dois argentinos, irrisórios: o técnico José Omar Pastoriza veio em 1985 para treinar o time na Libertadores, após ter vencido o torneio (e o mundial) no ano anterior com o Independiente, onde é o maior treinador da história. Mas El Pato saiu ainda antes da estreia, descontente com a diretoria. Sandro Airet veio no complicado 1999.

Darío Conca, por sinal produzido no River, era um diamante ainda não lapidado que o Vasco não segurou. O baixinho foi figura nas melhores campanhas internacionais do Fluminense, nos vices da Libertadores 2008 e da Sul-Americana 2009. Carregou o clube na reconquista nacional em 2010, recebendo a Bola de Ouro e saindo em 2011 para ganhar o maior salário do emergente futebol chinês. Mas foi repatriado de emergência em 2014 para ajudar o clube a não correr riscos de novo rebaixamento. Desde 2008, abriu a torneira para vários argentinos. Nenhum próximo do êxito de Conca, o estrangeiro que mais vezes vestiu a camisa tricolor.

Outro armador, Ezequiel González (2009-10), era grande ídolo no Rosario Central mas não entrou em forma no Rio; Manuel Lanzini (2011-12), promessa do rebaixado River, foi no máximo xodó momentâneo no primeiro título estadual em sete anos, saindo no meio da campanha do título brasileiro em 2012 para não ser comprado em definitivo; o atacante Alejandro Martinuccio chamara a atenção no Peñarol vice na Libertadores de 2011 e foi sucessivamente emprestado a outros clubes; e o lateral Fabián Monzón, ouro olímpico em 2008, conseguiu ser reserva no elenco rebaixado em campo em 2013. O Fluminense também trouxe hermanos para as categorias de base: Leonel Auban em 2012, Brian Lerch em 2013. Nenhum foi aproveitado ainda no time adulto.

Sobre argentinos nos outros grandes cariocas, clique para conferir os de America, Bangu, Botafogo, e Vasco.

Artime foi a maior decepção. Martinuccio e Lanzini vieram juntos. Só o segundo foi um xodó momentâneo
Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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  • Hola, soy Gonzalo Cabrera de Argentina, como están, tendrán fotos y màs datos de Vicente Cusatti, jugador argentino, soy historiador del club que lo vio nacer en el Foot-Ball Club Libertad, ya que estamos haciendo un recuento histórico del club, ya que en breve estamos cumpliendo 100 años, desde ya gracias!!!

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