Títulos Argentinos no Mundial Interclubes (II): Racing 1967
O primeiro título mundial do futebol argentino, incluindo clubes e seleção, chegou em 1967. No mesmo Centenário em que a albiceleste perdeu a chance de ser a primeira seleção a vencer uma copa do mundo, o Racing bateu o Celtic e chegou ao topo do futebol mundial.
No entanto, dois anos antes esse título pareceria extremamente improvável a um observador. A Academia segurava a lanterna do campeonato nacional de 1965, quando Juan José Pizutti assumiu o cargo de treinador da equipe. Na estréia, no dia 19 de setembro, o Racing bateu o River por 3 a 1, e não perdeu mais no campeonato, terminando o mesmo na quinta colocação.
No ano seguinte o clube trouxe alguns reforços, incluindo a repatriação de Humberto Maschio, ídolo do clube nos anos 50, há quase 10 anos no futebol italiano. Com Maschio comandando uma equipe que tinha jogadores como Cejas, Perfumo, Basile e o brasileiro João Cardoso, o Racing poderia enfrentar qualquer equipe. Era “El Equipo de José”, referência ao treinador que havia sido um bom atacante, e que antes dos 40 anos entraria para a história do futebol.
Apresentando um futebol de muita movimentação, em que os jogadores não tinham posição fixa, o Racing venceu de forma incontestável o campeonato argentino de 1966. A equipe sofreu apenas uma derrota, para o River Plate (que quebrou uma sequência de 39 partidas de invencibilidade), e conquistou o título com 3 rodadas de antecedência, somando 24 vitórias e 13 empates.
Era a hora da equipe de José buscar o reconhecimento internacional. E não seria tarefa simples. Na segunda metade dos anos 1960 a Conmebol tentava reformular a Libertadores, que havia começado como um torneio curto (em 1963 o Santos foi campeão disputando apenas 4 partidas). No entanto, até que se encontrasse a fórmula que se consolidaria, em 1971, houve muitas experiências mal sucedidas. Foi o período mais tumultuado da história do torneio, e era comum que clubes classificados para a Libertadores optassem por não disputá-la. Naquele 1967, por exemplo, o Santos não se interessou pelo torneio, preferindo fazer excursões. O Brasil foi representado apenas pelo Cruzeiro.
O Racing enfrentou uma verdadeira maratona para chegar ao título. Foram 20 partidas, algo impensável nos dias de hoje, uma vez que o torneio tinha apenas 19 competidores. Hoje, com quase o dobro de equipes envolvidas, o máximo de partidas que uma equipe disputará para chegar ao título é 16, caso venha da chamada “Pré-Libertadores”. E não foi só isso: a equipe escapou por pouco de um acidente aéreo a caminho de Medellín, onde enfrentaria o Independiente local pela primeira fase. Tendo conseguido evitar o destino do mito Carlos Gardel (que morreu num acidente aéreo quando ia para a mesma cidade), a equipe sentiu que poderia ser campeã.
E foi o que aconteceu. Após 13 vitórias, 2 empates e 2 derrotas, a Academia se qualificou para decidir o torneio contra o Nacional. Em Montevidéu e Avellaneda o placar não saiu do zero. Mas no desempate em Santiago as coisas seriam diferentes. Cardoso e Raffo abriram boa vantagem para os argentinos logo no primeiro tempo. Viera descontou mas já era tarde. O Racing era campeão da Libertadores, e buscaria o sucesso onde o Independiente, seu arqui-rival, havia falhado em 1964 e 1965: a Taça Intercontinental.
O adversário seria o Celtic, comandado por Jock Stein, outro mito do futebol mundial. E em Glasgow o Racing não suportou a pressão e o estádio abarrotado. Passou a maior parte do tempo se defendendo e terminou sofrendo uma derrota por 1 a 0, gol de Mc Neill. No Cilindro os escoceses chegaram muito perto do título. Abriram o placar, com um gol de pênalti de Gemmell. Mas Raffo empatou no 2º tempo, e o valente Juan Carlos “Chango” Cardenas marcou o gol da virada já nos descontos. O Racing havia conseguido forçar um jogo desempate em Montevidéu.
A 4 de novembro de 1967 Racing e Celtic entraram no estádio Centenário dispostos a fazer história. E a partida, duríssima, foi decidida aos 11 do 2º tempo. Cardenas puxava um contra-ataque, e por um momento pareceu indeciso entre servir Maschio ou Raffo. Mas Maschio gritou-lhe para chutar a gol, e o jogador não teve dúvidas. Acertou um canhotaço de 30 metros de distância, dando o título mundial à Academia. Os cinco mil argentinos que haviam atravessado o Rio da Prata vibravam, enquanto o atacante do norte argentino vibrava abraçado a Juan José Pizutti. Naquele momento, ambos entravam para a história do futebol, ao dar o primeiro título mundial para o futebol argentino.
Naquele dia as equipes tiveram as formações:
Racing: Cejas, Martín, Perfumo, Chabay e Basile; Rulli e Cardoso; Raffo, Cardenas, Maschio e Rodriguez.
Celtic: Fallon, Craig, Mc Neill, Gemmell e Clark; Murdoch e Auld; Johnstone, Lennox, Wallace e Hughes.
RACING CLUB DE AVELLANEDA: A VERDADEIRA ACADEMIA!
Dale Racing!!!
Volta meu grande futebol sulamericano.
Não aguento mais esta geração baba-ovo de europeus .
Saudades do tempo em que o Peñarol batia o Real lá no Bernabéu.
Espero que o crescimento econômico do Brasil faça com que os outros países da América do Sul peguem carona .