Em que pese a enorme supremacia sobre o Torino, que não a vence simplesmente há 19 anos, a Juventus jamais havia conseguido seis vitórias seguidas no clássico de Turim. Ontem, essa série chegou no Derby della Mole, que foi a rivalidade mais importante da Itália até os anos 50. Tévez, que chegou à Juve no semestre passado, já fez história entre os bianconeri. Por sinal, a então série recordista de cinco jogos já havia sido obtida por duas vezes antes, sempre com argentinos entre os protagonistas.
A primeira vez que a Juventus conseguiu cinco vitórias seguidas sobre os grenás foi entre 1932 e 1934, no período em que ela logrou o primeiro pentacampeonato seguido, entre 1931-1935, já ocorrido no duro campeonato italiano: sequências de 3-0 (com gol de Renato Cesarini, italiano crescido na Argentina e que até defendera a Albiceleste em 1926), 1-0, 2-1, 4-0 (com outro gol de Cesarini) e 2-1. Em todo o penta, a Vecchia Signora teve consigo também o defensor Luis Monti e o atacante Raimundo Orsi, medalhas de prata nas Olimpíadas de 1928 pela Argentina e que seriam campeões da Copa de 1934 pela Itália. Monti, que havia jogado a Copa de 1930 pela Argentina, é justamente o único a atuar em finais de Copa por países diferentes.
O Torino reerguera-se nos anos 40, sendo lembrado pelo timaço que chegou a pôr dez jogadores entre os onze da seleção em uma partida e que morreu em um acidente de avião às vésperas da Copa de 1950. Aquele Toro também conseguiu um penta seguido (depois, só a Internazionale de 2006-10 conseguiu o mesmo na Itália) e, com somente um título italiano a menos na época, inflamou mais a rivalidade. Mas o time nunca se recuperou duradouramente da tragédia. Desde então, foi campeão só mais uma vez, nos anos 70, época em que chegou a vencer o clássico quatro vezes seguidas, repetindo o máximo que conseguira, nos seus (literalmente) saudosos anos 40.
Mesmo nos anos 70, a rivalidade já pendia colossalmente à Juve, que já havia empilhado mais que o dobro de títulos italianos do rival local e que passou até a sentir mais ódio da Internazionale (surgindo daí o Derby d’Italia, nos anos 60), equipe que mais se aproximava dos alvinegros. E outro argentino teve participação fundamental nisso: Omar Sívori, joia do River cuja venda à Juventus em 1957 permitiu aos millonarios concluírem as arquibancadas do Monumental, que desde a inauguração vinte anos antes ainda tinha formato de ferradura. Jogaria pela Itália a Copa de 1962.
Os mais velhos dizem que Sívori foi o Maradona daqueles tempos. Muitos creditam a eliminação precoce da Argentina na Copa de 1958 (caiu na primeira fase) à sua ausência, já que não se convocava quem atuava fora. A nova série juventina de cinco começou com um 1-0 já em 1957, 4-1 com dois gols dele (o gol de honra grená foi do argentino Eduardo Ricagni, que havia jogado na Juventus e também pela Itália), 2-0, 2-1 e 4-3 com ele marcando outras duas vezes. A série dos anos 30 parou com um 1-1 em 1934, e a outra se encerrou com derrota por 3-2 em 1959.
A Juventus não perde para o Torino desde 1995, mas vez ou outra o rival arrancava empates (como um lembrado 3-3 em 2001 após estar perdendo por 3-0). Isso e os constantes estadias do Toro na segundona (algo vivenciado pela Juve em 2006-07 justamente quando o rival havia voltado à elite) impediam uma sequência maior ou mesmo igual propriamente de vitórias. A partir de 2008, com gol do brasileiro Amauri, ainda em boa fase, a Vecchia Signora começou o novo recorde: 1-0, 1-0, 3-0, 2-0, 1-0 e o 1-0 de ontem. Destaque para o primeiro dos 1-0 e o 2-0, jogos com gols nos últimos dez minutos.
Tévez já havia sido decisivo no dérbi anterior, que igualara o recorde. O gol da vitória, de Pogba, veio em rebote do travessão em cabeceio do argentino. Nosso colaborador Tiago de Melo Gomes acompanhou tudo no próprio Olímpico de Turim e daí criamos Especial a lembrar todos os argentinos de brilho nos dois rivais: clique aqui. Mesmo com o Torino em sexto, Tiago observou que “a Juve é bem superior mesmo. O Toro é um time fraco mas bem arrumado, nada mais. O nível do italiano é baixo. Vi Toro x Verona no estádio, uma baita pelada, agora ambos lutam pela Liga Europa”. Nosso colaborador já comentou a suposta superestima dos brasileiros ao nível técnico europeu: clique aqui.
Já ontem, Tévez deixou o nome também nos registros objetivos da vitória: foi com gol dele aos 30 minutos do primeiro tempo que a Juventus, que já se aproveitava do psicológico baixo que os atacantes grenás tiveram quando chegavam perto de Buffon, venceu. O hermano recebeu de costas para o gol passe de Asamoah, girou o corpo e, lembrando um pouco aquele gol pelo Corinthians contra o River no Monumental pela Libertadores de 2006, fuzilou de fora da área para as redes rivais.
Vale lembrar que Carlitos pode terminar a temporada ajudando em outra marca: mesmo sendo com sobras a maior campeã italiana, a Juve, desde aquele penta meio argentino nos anos 30, nunca conseguiu mais do que dois títulos seguidos desde então. Atual bicampeã, é a líder a 9 pontos da vice Roma e tem faca e queijo (piemontês) na mão para o primeiro tricampeonato em 80 anos. E, mais do que isso: será o 30º título italiano do clube, que já é o único no país a ter no escudo duas estrelas, dadas a cada 10 títulos. Terá também a terceira, bem à frente de Inter e Milan, os outros estrelados.
Tévez foi aplaudido aos 46 do segundo tempo para dar lugar a outro argentino, Pablo Osvaldo, que ironicamente tem mais chances de estar na Copa 2014 pela Itália do que El Apache pela Argentina…
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