Buenos Aires, 1913. Em 30 de outubro deste ano, a cidade acordava sob o signo da luminosidade dos dias e do clima agradável, precedido que fora por uma noite anterior cujo frio expulsara diversas pessoas de suas casas para tomarem um mate nas veredas esparramadas pela maior metrópole sul-americana de então. A vida seguia seus passos feito um rio que caminha o tempo todo, mas que todos sabem para onde vai. Tudo era assim, exceto no amplo e maternal bairro de Barracas. Nesta data, um fato novo ocorria: o surgimento do Clube Sportivo Barracas, um monstro, à época do amadorismo; hoje, um “chiquito” qualquer, porém sublime símbolo do amor de um bairro a um clube de futebol. Este sentimento pode não ser representativo dos milhões de sócios de um River ou Boca. Mas foi por causa dele, ainda que em poucos “malucos”, que o pequeno Sportivo completa 100 anos de história.
Bairro Barracas, Sul de Buenos Aires
Geograficamente, o bairro não é grande coisa. Tem 7,6 km² e uma população com pouco mais de 80 mil habitantes. Não fora assim até o ano de 1900, quando famílias abastardas residiam no lugar, mesmo correndo riscos pelas frequentes inundações do Riachuelo. Não se importavam com isso. Pelo contrário até. Decidiram que trabalhariam no bairro ou longe dele; no outro lado da cidade que fosse, mas que não desprezariam a possibilidade de habitarem um lugar tranquilo e marcado pela paz já rara no efervescente centro da Capital Federal.
Exemplo disso foi o descaso com a ponte. Erguida em 1871, ela havia elevado o bairro a condição de ponto estratégico na defesa da cidade às invasões do Rio da Plata. Indiferente ao fato, o Rio que separa Barracas da cidade de Avellaneda inundou tudo em 1858. Apenas 13 anos depois que tiveram a nobreza de colocarem uma ponte de ferro no lugar. Irascível, o Rio novamente a destruiu em 1884 e, como resposta, colocaram um monte de madeira no lugar até que em 1903 a vergonha na cara respondeu, por fim, à construção de uma ponte de ferro levadiça. Contudo, a condição de jardim da burguesia já não simbolizava Barracas.
Um novo tempo surgira e fora permeado por um acontecimento decisivo. Indiferentes às inundações, as famílias de classe média ou alta não suportaram um surto de febre amarela que havia atingido várias localidades do Sul. Assim, partiram para os arredores ao Norte de Buenos Aires. O fato ocasionou mudanças significativas na fisionomia de Barracas. Famílias operárias preencheram o vazio deixado pelos ricos. Dentre eles, “criollos” nativos dos vários rincões da Argentina e gente pobre da Europa, especialmente de Gênova e da Espanha.
O trabalho era duro na época, mas havia o tempinho para a sesta vespertina. Os operários tinham como prática retardar o horário do almoço e esticar um merecido cochilo posterior. Nem sempre conseguiam. As ruas eram tomadas pela garotada desocupada que só fazia brincar. Matava horas numa praia fluvial que se esparramava sob a ponte Victorino de la Plaza. Esquecia do tempo num potrero entre as ruas Osvaldo Cruz e Vieytes. Perdia horas correndo atrás dos bondes e nutrindo o sonho de que um dia um dos garotos estaria no lugar do motorneiro. Porém, eram “folgadinhos” os meninos. Ocupavam grande parte de seu tempo a correr atrás da pelota também nas ruas do bairro. Muitas vezes isto ocorria precisamente no momento da sesta. A confusão era grande: bola era rasgada quando caía nos quintais; gente amaldiçoada, gente amaldiçoando; gente que sorria, gente gritando… um inferno.
De quando em quando, aparecia o carro de polícia e descia o porrete em todo mundo. Escolhiam a dedo um ou dois garotos e levavam. Esqueçam essa história de que chegavam na delegacia, davam um esporro nos meninos e os soltavam. Nada disso. Apenas a presença de um adulto era a condição para deixá-los livres. Na maioria das vezes, bastava a mãe aparecer para soltar seu filho ou até um ou outro que o acompanhara na “operação limpeza” dos policiais. Contudo, havia situações em que a coisa ficava feia: exigiam que somente o pai aparecesse diante do delegado. Desta forma, os garotos tinham de esperar até o fim de semana para recuperarem suas liberdades.
Os garotos faziam as ruas de Barracas vibrarem a vida que pululava numa Argentina desafiadora. Além disso, os garotos faziam justamente aquilo que era a diversão principal de seus pais nos finais de semana: jogar futebol. E jogavam desde o raiar do sol até o momento em que seus corpos exaustos os obrigavam a parar. Então, dirigiam-se para os cafés que pouco apouco foram se instalando em Barracas não somente para servirem o precioso estimulante, mas também para esconder gente de “caráter duvidoso”: prostitutas caídas que não se enquadravam nas bonequinhas de luxo servidas nos bordeis a preço de scotch whisky ou caviar do Mar Cáspio, seus cafetões de fala enroladas, dos quais Carlito Tévez herdou o seu precioso espanhol; além de foragidos de crimes brancos e outros mais. Isto importa pouco, se considerarmos que também as camadas mais burguesas e “nobres” da Argentina – como de quaisquer outros lugares – se compunham, em grande parte, por criminosos de tal porte que os “inadequados” que se refugiavam em Barracas não passava de “trombadinhas amedrontados”.
Essa gente escondida saía dos cafés nos fins de semana. As putas, para tentarem ganhar “alguna plata”; os “trobadecos”, para se juntarem aos operários do lugar e formarem os times de futebol. Neste momento, todos se aceitavam e até o pior bandido de todos era tido como gente de bem, caso fosse um craque na arte da gambeta. Além disso, esse povo se juntava para outra diversão: brincar de nadar e de remar no Riachuelo, verdadeiro presente da Natureza para os habitantes de Barracas.
Club Sportivo Barracas
Dizem que a conversa aconteceu no dia 26 de outubro, após terminarem o futebol. Reunião foi marcada para quatro dias depois, precisamente no dia 30 de outubro, no café Corteletti. Desde a proposta inicial até a condução da reunião e a palavra-final foram dadas por Antonio Abelleyra, que se tornaria no primeiro grande homem do novo clube. Dizem também que o remo seria o esporte principal. Só que quando se deram conta, era mais fácil comprarem uma pelota e algumas camisas do que o material bem mais caro do remo. Assim, o esporte náutico ficou logo em segundo plano e cedeu preferência para o esporte bretão. Decidiram que a sede seria no mesmo local em que ainda se encontra até hoje: Calle Iriate 2056. Decidiram também que as cores da camisa seriam azul e branca com listas verticais. Decidiram por fim que o nome seria “Club Sportivo Barracas”.
Enquanto o novo clube labutava para chegar à principal competição do futebol local, no mesmo ano de 1913 o Club Riachuelo disputava pela primeira e última vez uma competição na elite argentina. Ficando em último lugar na competição organizada Asociación Argentina de Football foi rebaixado para a segunda divisão, levando dívidas e confusões para o acesso.
Então, ocorreu a fusão entre os dois clubes do bairro, como conta a história. Porém, o que ocorreu foi uma espécie de compra do clube vizinho, que embora fosse novo já estava à beira de uma liquidação. Por uma cifra de 2.733,96 pesos, o Barracas adquiria a recente história do vizinho, suas instalações, dívidas e, principalmente, seus ótimos jogadores, como Juan Hospital, “Lolo” Perinetti (futuros ídolos no Racing heptacampeão argentino seguido na década), Janobelli, Fiorentino, Palazzo, Pesce e Aldea. A equipe entra no acesso argentino e começa a sua brilhante história no futebol amador.
Nesta época, o espírito aventureiro dos seus dirigentes só não eram maior que sua seriedade administrativa. Exatamente o que o clube não teria na maior parte de sua história futura. Em 1916 os “Arrebaleros” fazem uma estrondosa campanha e vão à final do ascenso. Após vitória de 2×0 sobre o Sportivo Buenos Aires a equipe chega à primeira divisão. Prova do amor ao clube foi a invasão de campo, após o apito final do árbitro. A comemoração com os jogadores precedeu uma homenagem: as chuteiras de Sito e Fiorito, autores dos gols do acesso foram expostas como relíquias no Café “El Sultán”, um dos mais importantes do lugar. A esquadra que chegava ao topo tinha a seguinte formação: Muttoni (ex-jogador de seleção por Racing e Independiente); Philippe e Bergalli; Genaro Aller, Jeronimo Cumo e Jordan Illan; Sevessi, Fiorito, Pedro Aller, Alberto Sisto e Tomas Inchausti. O comando no banco de reservas era de Francisco Basurto. Nesta época, momento em que mal chegava à elite argentina, o Sportivo Barracas já tinha mais sócios que River Plate e Boca Juniors.
Organização e glória arrabalera e um dos maiores encontros da história do futebol
A ênfase na organização seguia como uma missão inquestionável do novo clube. Em 1919, a direção começou a construção do estádio, que seria concluída no ano seguinte. Para tanto, tratou de pagar indenizações para os chacareiros do local. A cancha foi um capítulo a parte na história gloriosa do clube. Foi o principal estádio da era amadora. Local que receberia todos os jogos da Copa América de 1921 e que dividiria com a primeira cancha xeneize, o Brin y Senguel, as honras da Copa América de 1925. O Uruguai era o grande bicho papão desse torneio. Até 1921, Vencera três das quatro edições anteriores e fora vice, na outra, em 1919, no Brasil. Em 21, a Argentina conquistara o seu primeiro título continental. Já em 25, chegaria ao segundo caneco. Contudo, o Uruguai, assim como o Chile haviam desistido de participar nesta edição.
Em 1924, os Charruas haviam conquistado a Olimpíada de 24, após passar feito um tratou por todos os rivais e vencer a Suíça na final por 3×0. Um amistoso foi marcado marcado para Montevidéu em 21 de setembro de 24, para uma espécie de carimbo de faixas. Como o resultado final foi 1×1, resolveram que haveria o jogo de volta, em a cancha arrebalera, no dia 28. Rivalidades à parte, os argentinos resolveram homenagear os campeões, lhes permitindo que dessem uma volta em todo o campo de jogo, enquanto o público presente o aplaudia entusiasticamente. O acontecimento recebeu o nome, ainda hoje conhecido, de volta olímpica.
Só que o clima não era nada amistoso. Chega a ser absurdo imaginar tal situação, mas ela aconteceu. Os aplausos aos uruguaios foram sinceros, mas bastou a partida começar para o público devotar seu verdadeiro sentimento de ódio aos rivais (sentimento que era de ambos os lados). Paulada para todo lado, xingações, pedras e invasão de campo para surrar o campeão olímpico e verdadeiro osso engasgado na garganta argentina. Diziam que a cancha cabia de 25 a 30 mil pessoas. Vozes apareceram para decretar uma suposta capacidade de 40 mil. Para o La Nación, 52 mil almas estiveram no local; para o La Razón, quase 60. Do lado de fora, mais de 10 mil aficionados batalhavam do lado de fora para entrar. Nos seus corações o primeiro desejo consistia em assistir ao cotejo. O segundo desejo espelhava a seguinte sentença: “se não pegarmos eles lá dentro, a gente pega aqui fora, após o fim da partida”.
Até hoje ninguém sabe como não morreu gente, embora em vários locais do campo o vermelho do sangue deu lugar ao verde da grama. Ainda mais assombroso: maior façanha que conquistar a Olimpíada daquele ano foi a fuga de mestre dos charrúas, sem que nenhum de seus jogadores ficasse gravemente ferido. O jogo foi anulado e remarcado para 02 de outubro de 1924. Para tanto, medidas de segurança inéditas foram criadas, como a presença de um alambrado de um metro e meio e um contingente policial maior. Fato curioso foi a presença de um árbitro uruguaio, que, ainda mais notável, conseguiu sair vivo da cancha barralera. Partida iniciada e um gol absurdo aconteceu, como relata Eduardo Galeano:
“O ponta-esquerda Cesáreo Onzari foi o autor desse gol e da vitória. Cobrou um escanteio e a pelota foi morrer no fundo das redes, sem tocar em ninguém. Era a primeira vez na história do futebol que acontecia um gol assim. Os uruguaios ficaram mudos. Quando conseguiram falar, protestaram. Segundo eles, o porteiro Mazali havia sido empurrado enquanto a bola voava em sua direção. O árbitro não deu a menor bola. Então, disseram que Onzari não tivera a intenção de chutar em direção ao gol e que o tento histórico havia sido coisa do vento”. Não adiantou. O gol foi decretado justamente por um árbitro uruguaio, que conhecia as recente modificações da FIFA para aquele tipo de lance.
O clima esquentou e a baixaria foi geral. Paulada pra cá, paulada pra lá e o Uruguai empata a peleja 14 minutos depois, aos 29, com Cea. Tarascone deu a vitória para os donos da casa, aos oito minutos do segundo tempo. A polícia fez de tudo para conter a massa longe do campo, mas não impediu o quebra-pau dentro das quatro linhas. O jogo terminou quatro minutos antes com a vitória argentina por 2×1. Um jogador argentino saiu com fratura na perna; vários outros com olhos roxos e dentes quebrados. Depois de bater e apanhar feito bêbado, o capitão charrua, Scarone, foi preso, após espancar um policial. Nas arquibancadas, o público babava de vontade de entrar na cancha e carimbar a faixa uruguaia, mas foi contido até quando pode, pelos policiais. Finalmente, quando todo mundo teve a chance de fazer os charruas de sparring´s, misteriosamente eles desapareceram.
Ficou a alma lavada de “ganharem um título” ao rival. A tiração de sarro, já dentro de campo, de terem feito um gol “a los olímpicos”. De romperem uma racha cruel diante do maior rival histórico; de mostrarem quem mandava no Hemisfério Ocidental etc etc. Contudo, do lado uruguaio, ficou talvez a maior vitória de todas: o doce sabor de saírem da cancha e da Argentina sem levarem a talvez o maior espanca da história; um lixamento de grandes proporções que deveria ter o mesmo tamanho da conquista do ouro olímpico em Paris. Pois bem, tudo isto aconteceu no agora inexistente estádio do Club Sportivo Barracas.
Voltando ao Barracas: glória em 21 – caneco da Copa Competência
Em 1921, 32 equipes iniciaram a Copa, que contou com a participação de todos os grandes clubes do futebol local. Os Arrebaleros foram os campeões com a seguinte campanha:
24/07/1921 em Barracas: Sp. Barracas 3x 1 Compañía General Buenos Aires
21/08/1921 em Barracas: Sp. Barracas 2×1 El Aeroplano
21/11/1921 em Barracas: Sp. Barracas 4×0 Central Argentino
25/05/1922 – Semifinal – em Gerli: Progresista 0x1 Sp. Barracas
03/12/1922 – Grande Final – em Del Plata (Barracas): Sp. Barracas 2x Nueva Chicago
Em 1923, o clube voltaria às campanhas históricas, ao figurar no terceiro posto do campeonato local, ficando atrás de Huracán e do campeão Boca Juniors. Contudo, um fato marcante ocorre neste ano e será o prenúncio da crise na organização do futebol amador. Por discordâncias com a Asociación Argentina de Football, 21 agremiações fundaram uma entidade dissidente: a Asociación Amateur de Football. O torneio levado a cabo pela AMA teve o San Lorenzo como campeão e o Independiente como vice.
Digno de nota é outro fato. Fundado no bairro até antes dos Arrebaleros, o clube Barracas Central ficaria na associação dissidente. Já se odiavam. Ao longo dos tempos, as duas equipes fariam o chamado “clássico barraqueño”. Nanico e insignificante diante das glórias do Sportivo Barracas, o Camionero inverteria essa lógica na era profissional. Referência de organização e de recente sucesso no ascenso, o Barracas Central disputa a B Metro, enquanto o seu rival sofre ano a ano entre a 5ª divisão e as ligas amadoras de Buenos Aires.
Em 26, o Sportivo terminaria em quarto lugar, atrás do campeão Boca, Argentinos Juniors e Huracán de Parque Patrícios. Nesta época, a coisa já estava uma “zona” só. Bastava não concordar com alguma coisa nos torneios e os clubes deixavam a AAF para disputarem a competição organizada pela entidade dissidente. Com o nome de Asociación Amateur Argentina de Football as duas entidades de juntam em 1927, ano em que o Sportivo finaliza a competição na nona colocação, dentre 34 disputantes.
Em 29, o clube ficou em 17º e último lugar do chamado “Grupo Par”. Nesta edição, pela primeira vez o rival de bairro terminaria uma competição à frente do Sportivo. O Camionero comemorou o 9º lugar e pode se alegrar com o seu “primeiro grande título particular ao rival”. Mesmo ficando em 16º lugar, em 1930, os Arrebaleros comemoraram o feito de recolocarem o rival no seu devido lugar: o Barracas Central ficou na 29ª colocação.
Neste ano, o Boca Juniors foi o campeão, mas, ao fim do torneio, 18 equipes se mandaram da entidade e fundaram uma Liga dissidente, que estaria na origem da AFA. Em resposta, 1931 os clubes amadores fundaram a Asociación Argentina de Futbol, órgão que teria o reconhecimento da FIFA e de cuja primeira competição teve o Estudiantil Porteño como campeão. A Liga dos dissidentes teria o Boca, campeão em 31; o River, em 32; San Lorenzo, em 33 e novamente o Boca Juniors, em 34. Ao fim deste ano, as duas entidades se unem para fundarem a AFA.
Antes disso, no ano de 1929, o Sportivo fez um giro pela América do Sul e Europa e honrou o futebol argentinos nos dois continentes. Foram 14 partidas disputadas, com oito vitórias, um empate e cinco derrotas. Era a segunda equipe argentina que excursionava pelos gramados europeus. Venceu entre outros o Milan (2-1), Napoli (2-0), Lazio (2-0), Barcelona (2-0), combinado do Porto (5-3) e seleção portuguesa (2-0).
Antes do pesadelo a glória: Sportivo Barracas, campeão argentino de 1932
O debate amadorismo versus futebol profissional não era dos mais francos. Alguns clubes ficavam o pé na defesa da liga amadora, enquanto outros fundavam uma liga dissidente com vistas a torná-la profissional. O sucesso na organização das competições pela liga dissidente pouco a pouco foi tragando os clubes indecisos ou insatisfeitos que seguiam na Asociación Argentina de Football. O resultado disso foi um hiato que se produziu entre os dirigentes e que teria consequências por vários anos. Mesmo assim, os clubes que defendiam o amadorismo tiveram o reconhecimento de sua competição pela FIFA em 1931.
No ano seguinte, 32, o Sportivo Barracas faria uma campanha histórica e conquistaria o seu primeiro e único título num campeonato de porte do futebol local. A adesão ao profissionalismo ocorre em 34, porém o clube abandona a entidade apenas dois anos depois. Retorna em 37 e fica em último lugar na segunda divisão. A partir daí, o Sportivo deixa de lado o futebol profissional e retorna ao amadorismo. Esta decisão é drástica para a história do clube e marca o início de sua decadência. Seus sócios pouco a pouco foram deixando o clube à medida em que ele colhia insucessos até nas ligas amadoras. O retorno ao profissionalismo ocorre em 1967, quando o histórico Sportivo Barracas já não era uma mera sombra do gigante da década de 20. Ingressa na 5ª divisão e apenas na temporada 2004/05 é que consegue acesso à 4ª divisão.
No ano seguinte volta para a Primeira D, sendo desfiliado no ano seguinte e retornando a 5ª divisão apenas 2010/11. A decadência era tamanha que em 2003, os dirigentes resolveram levar a instituição arrebalera para a cidade de Bolívar, acrescentando o nome deste município ao que ficou conhecido como Club Barracas Bolívar. Até a camisa mudou de cor. Em 2007 voltou a 4ª divisão, mas apenas para encobrir um buraco institucional quase sem fundo. Uma tragédia.
Sem estádio, com um punhado de sócios, mas com torcedores fiéis e apaixonados, o clube se mantém vivo até a chegada ao poder de Víctor Santa María, um amante do velho Arrebalero e pessoa que pouco a pouco vai resgatando o Sportivo do inferno administrativo em que ele esteve por diversas décadas. Quando o mandatário chegou, encontrou o clube desfiliado da AFA e disputando as ligas amadoras. Hoje os Arrebaleros ocupam a 11ª posição na 5ª divisão, mas bem distante de uma nova desfiliação.
Os tempos são difíceis, mas são outros. Com esforços hercúleos os cartolas vão saneando o pequeno clube do bairro de Barracas. Além disso, pintaram a sede e se prepararam para o centenário. A festa vai ocorrer no próximo sábado, às 16 horas no mesmo endereço de sempre: Calle Iriarte 2056. Música, jogos e muitas diversões prometem tomar a sede e as ruas do lugar. Programa imperdível para os velhos amantes do Arreballeros e para todos os turistas que estiverem em Buenos Aires.
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