Após sofrer um processo de enforcamento político sem precedentes na história do clube, Javier Cantero renunciou à presidência do Independiente. O anúncio foi levado ao conhecimento dos titulares da AFA, que têm como mandachuva o torcedor rojo Julio Grondona. Em seguida, o cartola enviou um telegrama para o clube, publicando sua decisão. Os barras tomaram as ruas para comemorar. Os opositores se entronaram no local e um deles, Moyano, já espera para arcar com o comando institucional do clube vermelho de Avellaneda.
Foi pressão de todos os lados, inclusive da própria cabeça de Cantero, que desejava fazer certas coisas, mas era impedido pela sua incompetência. Sem dinheiro, sem apoio até dos homens que começaram essa aventura a seu lado, Cantero disse a frase que dos barras bravas e até gente do bem esperava ouvir: “eu renuncio à presidência do Independiente”. Agora, o segundo vice-presidente, Cláudio Keblatis deve assumir de forma interina. Sua missão primária é de convocar uma assembléia de sócios, a fim de definir a data das próximas eleições. Hugo Moyano, da Agrupación Independiente, não apenas será o favorito, mas já se coloca como virtual futuro presidente do Rojo.
A saída de Cantero oportuniza ao clube a possibilidade de receber uma injeção de capitais por parte dos opositores. Até então, eles se recusavam a assinar o acordo, pois não queriam que Cantero seguisse no comando institucional.
Javier Cantero assumiu o Independiente em dezembro de 2011, após a desastrosa gestão do antigo presidente, Julio Comparada. A dívida era assombrosa e não permitia ao novo comandante que fizesse muita coisa. Jogadores foram procurados no mercado, mas poucos se animaram em vestir a camisa do Rojo. Já àqueles que toparam, não estavam à altura do que o clube precisava. Alguns vieram ganhando um salário acima do que podia pagar o endividado clube vermelho de Avellaneda. Mas uma vez, ficou claro que o novo presidente não pecava por iniciativa, mas por incompetência. Um pouco mais inteligente e ele entenderia que o momento do clube o obrigava a buscar os bons valores e as revelações do chamado ascenso argentino.
Sua promessa de limpar o clube dos barras foi levada a cabo, na medida do possível. Porém, Cantero foi percebendo que a maioria dos barras recebiam a proteção do ex-presidente, como Bebote Álvarez. Diante do quadro escuro e da ausência de perspectivas, muitos cartolas abandonaram o barco e deixaram o presidente sozinho. Fiel ao clube e sem inteligência para perceber do quanto deixava sua família em perigo, o cartola insistiu até o último momento em se manter no cargo.
Exausto e com os barras acampando, cercando e permanecendo à frente de sua casa, nos fins de semana, finalmente Cantero apresentou sua renúncia. Faltavam oito meses para seu mandato acabar. O mandato o varreu do poder e por muito pouco não acabou com a própria vida de Cantero, antes. Neste momento, a felicidade é grande no clube. E como era de se esperar, os barras e vários dirigentes da oposição comemoram juntos o fim de Cantero. O que sinaliza que os problemas podem estar muito longe de acabar em Avellaneda.
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