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Sete dias de puro futebol em Buenos Aires: Um dia literalmente corrido para iniciar a aventura

Assim que cheguei a Buenos Aires, comecei a me inteirar mais sobre os estádios que queria visitar. E, além disso, algo que é mais importante: como chegar nesses lugares ao redor da Capital Federal e região. Como estou hospedado em Villa Urquiza, um bairro muito tranquilo ao norte da cidade, já pensei em ir a cancha do time que mais tem conexões com meu time no Brasil: o Chacarita Juniors.

Para chegar ao “Estadio de Chacarita Juniors”, que tem capacidade para cerca de 20 mil pessoas, a opção que escolhi foi ir correndo. Estou hospedado apenas 4 km do local, que fica na Villa Maipú. Me sugeriram que não fizesse isso, mas no fim das contas foram 4 km em 24 minutos muito tranquilos.

O bairro é bastante humilde, não dá para negar. Mas em momento nenhum me senti inseguro. Cheguei lá, dei uma volta quase que completa no quarteirão e fui embora. Haverá uma partida lá da Nacional B (Segunda Divisão Argentina), no próximo sábado (6/5). Acredito que seja a única forma e momento de entrar lá. Pela história do clube, creio que vale a pena ir.

Estádio do UAI Urquiza

Antes de ir embora, ocorreu uma passagem divertida que vale a pena relatar. Pedi a um senhor mais velho (Daniel), dos seus 50 anos, que me desse uma força tirando uma foto. Ele tirou, não ficaram tão boas mas ok, e aí me disse para tomar cuidado com o celular, porque a região era um pouco menos segura do que estou acostumado. Quando ele me disse isso, respondi: “Sim, já vou começar a correr”. Ele se assustou, respondeu que não era para tanto. Mas aí, expliquei, que dali iria correndo para o próximo estádio.

De lá, foram mais outros quatro quilômetros (também 24 minutos) correndo até meu próximo “compromisso”. Quando fiz as buscas por estádios antes de viajar, olhei também a Terceira Divisão da Argentina. E sim, há alguns clubes que são da grande Buenos Aires, como o Club Deportivo UAI Urquiza. Minha maior dificuldade quando explico aos argentinos que fui lá, era pronunciar o “UAI” corretamente. Com certeza não é da forma que estamos acostumados. Mas, por via das dúvidas, deixo aqui a tradução: Universidad Abierta Interamericana.

O mais curioso do estádio é seu nome: “Monumental de Villa Lynch”. Sempre que ouvi falar de estádios com o começo Monumental, pensava em coisas grandiosas. Dizem que a capacidade do estádio do “el furgón “é para 1.000 pessoas. Pelo o que vi ali, 300 já lota fácil. A maior grandiosidade do estádio do UAI Urquiza, no entanto, está na sua gente. Me trataram super bem lá. Papeei com a turma que estava fazendo a manutenção para os jogos do próximo fim de semana (masculino sábado e feminino domingo). Pela simplicidade, não creio que vou conseguir visitar um estádio onde me senti tão bem como este.

Estádio do Atlanta

Falando em simplicidade, tentei contato com os times que queria visitar via Instagram. Um dos que me respondeu prontamente e me encaminhou ao departamento de marketing foi o Atlanta, que fica em Villa Crespo. A região é boa, tem metrô com fácil acesso. Mas lá confesso que fiquei chocado com o preço para visitação: 50 dólares americanos. Ou seja, mais de 250 reais (20 a 22 mil pesos argentinos) para conhecer o estádio do time. Assim, fui lá visitar o local apenas por fora, bater papo com as pessoas e também cotar preços de roupas (camisa, boné, shorts). Pelos mesmos 50 dólares, acho que levo esse combo que acabo de citar.

Quando comentei com dois ou três funcionários da sede, eles também ficaram espantados com o valor. Ainda avalio voltar lá, para comprar um boné de recordação, porque simpatizei muito com o time, com suas cores, parecidas com o Boca Juniors, só que ainda mais bonito. Porém, deixando a informação completa, quem quiser fazer a visita, deve entrar em contato com marketing@caatlanta.com.ar para agendar data e horário. Eles são muito educados. Se eu tivesse com dinheiro sobrando, faria o passeio.

Para se ter como base de que 50 dólares realmente assusta (ou pesa no orçamento), quem também me respondeu muito cordialmente foi o San Lorenzo de Almagro, um dos maiores clubes do País. Lá, para visitar o Nuevo Gasometro, o custo é de 1.000 pesos (pouco mais de 2 dólares). Brasileiros e argentinos me explicaram a diferença absurda de preço: o novo estádio do “Corvo” fica numa zona um pouco perigosa de Buenos Aires. Porém, para se ter outra base, a visitação do River Plate, praticamente diária, custa 3.200 (quase 7 dólares) pelo passeio completo no Monumental de Nuñez. Cada um tire suas conclusões.

Bom, e deixando a informação completa, para visitar o Nuevo Gasometro, basta enviar e-mail para experiencias@sanlorenzo.com.ar. Para visitar o River Plate, só acessar: https://www.cariverplate.com.ar/entradas-para-el-museo.

Estádio do Huracán

Saí da sede do clube social do Atlanta e fui para o principal compromisso do dia: Huracán x Danúbio, às 19h, pela terceira rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana. Lá, o acesso é muito simples e fácil. O metrô fica a menos de 1 km (dez minutos de caminhada) do estádio. Conheci gente bacana do lado de fora, um trio de parrilleros, que são de um trailer de sanduíches: Parri en Todas las Canchas (www.instagram.com/parrientodaslascanchas), do simpático Gastón Romero. Gente da melhor qualidade. Seu pai, o Rubén, já foi parrillero de restaurantes em São Paulo, como o Pobre Juan (Itaim Bibi). Voltou para a Argentina pela saudade da família.

Quanto ao Estádio do “Globo”, o Tomás Adolfo Ducó, que também é conhecido com El Palacio, só preciso de uma palavra para defini-lo: maravilhoso. Um Estádio argentino que vale a pena demais conhecer. Muito bonito visto de fora, bem mais bonito por dentro. A torcida realmente apoia, como a maioria aqui na Argentina. Se não estava cheio e já achei uma baita experiência, fico imaginando um jogo lá com seus 48 mil lugares preenchidos. Deve ser espetacular. O resultado final, 1×1, foi o de menos e não foi a altura do estádio. Mas esta visita valeu cada centavo e minuto gastos.

Encerro este texto lembrando a passagem do filme “O Segredo dos Teus Olhos” que “más me gustó” quando assisti e vez ou outra posto em minhas redes sociais. Essa gravação, curiosamente, acontece no El Palacio, em um jogo do Huracán x Racing Club. O detetive vai até lá procurar o criminoso que buscam, porque um dos personagens no bar conclui algo muito importante: “El tipo puede cambiar de todo. De cara, de casa, de família, de novia, de religión, de diós. Pero hay una cosa que no puede cambiar jamás. No puede cambiar de pasión“. Sim, o procurado estava lá na torcida da La Academia.

Gustavo Coelho

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