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San Lorenzo marca três de cabeça, vira sobre o Newell’s e sai do descenso direto

Romagnoli e Gigliotti comemoram o gol da vitória

Desde Buenos Aires – Procure qualquer adjetivo para classificar a uma partida de futebol e todos que puder encontrar, mesmo que sejam completamente antagónicos, poderão ser aplicados ao que aconteceu na tarde deste domingo no triunfo heróico do Ciclón sobre o Newell’s por 3 a 2. O Nuevo Gasómetro foi um turbilhão de todo tipo de sentimentos, separados por apenas 15 minutos de descanso que levaram o San Lorenzo do inferno à redenção.

Os três pontos conquistados no apagar das luzes serviram para tirar a equipe da zona do descenso direto, mas ainda não foram suficientes para salvá-la da “promoción”. Com o empate entre Tigre e Atlético Rafaela por 1 a 1 em Santa Fé, Caruso Lombardi e seus comandados vão poder começar a semana um pouco mais de aliviados. A vitória de hoje serviu como fonte de esperança para uma apaixonada torcida que mesmo entre tensão e nervosismo quando o time ia perdendo por 2 a 0, não deixou de apoiar, preferindo cantar e incentivar ao invés de insultar jogadores e comissão técnica. Esse 3 a 2 do Ciclón é daquele tipo de resultado que permite manter vivo o sonho de permanecer na elite do futebol argentino.

Primeiro tempo de nervosismo e “olé”

O San Lorenzo adotou a postura ofensiva que obriga um time que luta contra o rebaixamento possuir. Agredia o rival e adiantava sua marcação. Conseguia criar alguns lances de perigo, mas sempre faltava algo para que Gigliotti pudesse abrir o placar. De tanta pressão sem conseguir transformá-la em algo mais concreto, quem acabou surpreendendo foi Pablo Pérez que aos 15 minutos do soltou uma bomba de pé esquerdo de fora da área, no ângulo suprerior direito de um Migliore que saltou, mas sabendo que não iria chegar. Um golaço, Newell’s 1 a 0.

Caruso tentou acalmar os ânimos dentro de campo e lentamente o Ciclón retomava a postura ofensiva, mas agora precisando marcar dois gols. O time ia se encontrando e Gigliotti perdeu uma grande chance para empatar quando esteve sozinho a poucos metros do gol, mas desequlibriado chutou pra fora. Foi então que outro duro golpe sacudiu o time e as arquibancadas. Numa falha bisonha na saída de bola, Alvarado tentou recuar, mas acabou deixando a bola limpa para Fabián Muñoz, com extrema tranquilidade, invadir a área, aguentar a pressão do defensor que chegava e da saída de Migliore, antes de defenir com um forte arremate o 2 a 0.

A partir de então toda e qualquer tentativa do San Lorenzo era muito mais na base do nervosismo do que na qualidade técnica ou fruto de alguma jogada trabalhada. O Newell’s não corria riscos e se trancava com muita qualidade atrás. Foi a deixa para que a torcida rosarina desse início com os gritos de “olé” faltando cinco minutos para acabar o primeiro tempo. Talvez se soubessem o que estava por vir, teriam esperado um pouco mais.

Segundo tempo de Buffarini e Romagnoli

Sem estar em totais condições físicas para aguentar toda a partida, Pipi Romagnoli entrou no intervalo e pode-se atribuir a ele uma boa parcela no triunfo. A outra parte deve ir para um jogador que definitivamente já ganhou o respeito de sua torcida e é entre os titulares de Lombardi, aquele com quem os torcedores mais se identificam em campo: Julio Buffarini. Atleta de invejável preparo físico, dificilmente perde alguma disputa de bola em qualquer setor do campo. Possui grande senso de marcação e boa chegada no apoio ao ataque, dos seu pé direito saiu o perfeito cruzamento para o gol de empate. Com certeza a melhor contratação do San Lorenzo nos últimos anos.

Precisando do resultado a qualquer custo, o Ciclón se lançou a frente num verdadeiro tudo ou nada. E foi logo de cara premiado, aos 5 minutos, Gigliotti marcou de peixinho após a cobrança de escanteio de Romagnoli ter sido desviada na primeira trave, Newell’s 2 a 1. Era o alívio, um gol cedo que colocaria toda a pressão nos visitantes.

E assim foi. Aos 10 minutos, num belíssimo cruzamento de Buffarini, Carlos Bueno testou forte no canto e sacramentou o empate, 2 a 2. Foi o suficiente para desencadear a loucura no Nuevo Gasómetro. Ao som do já tradicional “te juro que não paro um momento” a torcida empurrava o San Lorenzo para conseguir uma vitória que a essa altura, já era totalmente possível.

Jogadores do Ciclón comemoram com Carlos Bueno o gol de empate

Ela chegou já no final do jogo, outra vez de cabeça, outra vez com Gigliotti e outra vez numa excelente participação de Romagnoli. O camisa 10 saiu costurando pelo lado direito da defesa do Newell’s  e conseguiu chegar até a linha de fundo, próximo a linha da grande área. Sentindo a pressão de dois marcadores, cruzou uma bola perfeita para que Gigliotti só tivesse o trabalho de saltar e fechar o placar: San Lorenzo 3 a 2. Pura festa no Nuevo Gasómetro numa daquelas partidas que certamente será relembrada por muitas gerações de torcedores Cuervos.

Vestiários

A euforia de dentro de campo trasladou-se para a saída dos jogadores do Ciclón, que passavam pelos corredores com um semblante de alívio. Buffarini foi quem primeiro conversou e destacou o incentivo da torcida durante toda a partida: “O apoio que sentimos foi impressionante. Devíamos uma vitória assim para a torcida”. O volante recebeu seu quarto cartão amarelo pelo San Lorenzo e como já havia recebido um quando ainda atuava pelo Ferro na B Nacional, pode ser que fique de fora da próxima partida, a “final” contra o Tigre. Esta semana a AFA e o clube deverãos e manifestar sobre o tema e então sentenciar se Buffarini joga ou não.

No lado da Lepra a decepção era do mesmo tamanho da alegria do lado do Ciclón. O técnico Tata Martino praticamente jogou a toalha sobre as chances do time conquistar o Clasurua 2012: “Se o rival é o Boca, nos despedimos. Se o rival é algum outro time, seguramente nos dará uma oportunidade. Boca está disputando em três frentes e por isso os demais começamos a ter mais chances”, disse.

Na próxima rodada o Newell’s receberá o Independiente e o San Lorenzo visitará o Tigre, numa das partidas mais importantes do torneio na luta para não cair.

 

Daqui a pouco, a galeria de fotos exclusiva do FP: San Lorenzo 3 x 2 Newell’s

Leonardo Ferro

Jornalista e fotógrafo paulistano vivendo em Buenos Aires desde 2010. Correspondente para o Futebol Portenho e editor do El Aliento na Argentina.

5 thoughts on “San Lorenzo marca três de cabeça, vira sobre o Newell’s e sai do descenso direto

  • Márcio Pereira

    AGUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAANTE, CICLÓN!! Grande vitória! Não cairemos!!!

  • Maicon

    Vitória na raça! Agora é mais uma decisão contra o Tigre!

  • Douglas

    Simplesmente épico!!!

  • Renato Pais da Cunha

    Esse com toda certeza foi um jogo que entrou para a História!!!!

  • Pingback: O Papa é Copa: 10 anos da canônica Libertadores do San Lorenzo

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