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San Lorenzo humilha o Bolívar e fica perto da grande Final

Emmanule Más guardou duas vezes e saiu para o abraço
Emmanule Más guardou duas vezes e saiu para o abraço

História do futebol sempre deixou claro uma coisa: time grande precisa saber lidar com a estatura de um time pequeno. E foi justamente o que aconteceu em Bajo Flores. Com um apetite incrível e com um pouco de sorte, o San Lorenzo colocou o Bolívar no seu devido lugar: o lugar de um time de menor expressão, cheio de anseios, de loucura, mas de limites. Assim o Ciclón encheu a sacola dos bolivianos com cinco gols e facilitou sua vida para o jogo de volta, no árido e salgado Altiplano boliviano.

Fatura começou logo no início, quando uma falta no setor esquerdo oportunizou a Pipi Romagnoli que colocasse a pelota na cabeça de Matos.: 1×0 Ciclón e logo aos cinco minutos de jogo. Fácil pensar que tudo ficou numa boa. Mas não foi bem assim. A equipe de Bauza apresentava dificuldades para abrir o jogo pelos flancos, que recebia uma boa marcação do conjunto visitante. Tampouco o visitante conseguia propor alguma coisa consistente que não fosse uma dura marcação no meio-campo, desarme e faltas que parassem o jogo constantemente.

Mas se não dava de um jeito, que desse no jeito de dava. E novamente uma falta no canto do campo. Desta vez na direita, porém com o mesmo Romagnoli para mandar a bola à área de Quiñónez. Pelota voou e encontrou a cabeça de Mas: 2×0 Ciclón. A partir daí o cenário mudou. Não que os bolivianos se abrissem de vez; longe disso. Contudo, o conjunto dirigido por “Bigodón” Azkargorta sentiu que precisava fazer algo diferente no jogo. Pena que esta percepção se deparou com a tranquilidade cuerva e com a certeza de que bastava manejar a pelota com calma para que a vitória fácil ocorresse. Dessa forma, o ideal era explorar os espaços deixados pelo rival. Chances para ampliar o placar surgiram até. Mas a primeira etapa ficou mesmo no 2×0.

Segunda etapa foi marcada pela necessidade do Bolívar em sair de vez para o jogo. E parecia que a equipe do “Bigodón” não tinha um plano para isso. O toque era curto no meio-campo, pois a defensiva cuerva não oferecia espaços para grandes deslocamentos. A situação obrigava o conjunto celeste a dispor de uma competência chamada de “técnica”, e de outra, que a conduzisse, chamada de “habilidade”. Tudo isso pareceu excessivo para os bravos bolivianos. Assim sendo, enquanto os visitantes tentavam construir, os locais marcavam forte e contavam com o desgaste de seu rival.

Difícil imaginar que num contexto desses a pelota não sobraria uma hora para o contragolpe certeiro do conjunto de Bauza. A coisa estava escancarada e várias avenidas se ofereciam como caminhos fáceis para a chegada tranquila ao arco de Quiñonez. Aos 24 minutos não deu outra. Mercier recuperou a pelota e partiu como quis. Tentou fazer o passe, mas a redondinha foi cortada de maneira equivocada pela zaga boliviana. Redonda de novo nos pés de Mercier, que não titubeou em guardá-la no arco boliviano: 3×0.

Prova de que o Bolívar não sabia mais onde estava foi que o seu meio-campo não produzia absolutamente nada no jogo. Além disso, não marcava e permitia que o centro do campo fosse o corredor principal para os volantes azulgranás. De forma que até mesmo quando o arremate buscava aliviar a defesa, despejando a pelota no meio, raramente não encontrava alguém do San Lorenzo para reiniciar a pressão. E foi desta forma que saiu o quarto gol. A redonda saiu voando da área celeste e encontrou Buffarini no meio. O “Pulmão de Aço” tentou fazer o mesmo que Mercier tinha feito. Contudo, bastou passar um pouco do meio-campo para resolver disparar. Arrematou de longa distância e saiu para o abraço: 4×0, apenas quatro minutos após o tento de Mercier.

Aos 42 minutos, novamente a pelota parada e desta vez com Barrientos para buscar a cabeça de alguém. Ficou fácil pensar em Emmanuel Más. Levantamento certeiro e na cabeça do defensor azulgraná: 5×0 e números finais ao encontro em Bajo Flores. Muitos dirão que foi uma noite de pesadelo para o Bolívar; melhor reconhecer que foi uma noite de sonhos para o San Lorenzo. Agora o conjunto de Bauza vai às alturas do Altiplano quase classificado à grande finalíssima da Libertadores. E somente uma tragédia não confirmará a presença cuerva na decisão.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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