Não que o San Lorenzo esperasse por um jogo tranquilo na cancha traiçoeira do “Tate”. Mas é bem possível que o conjunto ponteiro tenha se surpreendido com a parada cruel frente a uma das mais organizadas equipes do campeonato. Jogo marcado pelo preenchimento absoluto dos espaços do campo; por infiltrações ligeiras e furtivas e por uma pressão sufocante do Unión, nos minutos finais. Prova disso foi que o gol azulgraná saiu após certa dificuldade. E para o Ciclón não se animar, o Tate empatou minutos depois.
A cancha lotada dava o tom. Era jogo de um bravo Unión contra o conjunto ponteiro do campeonato. Mas se o Tatengue foi logo para ao ataque, o Ciclón buscou se resguardar na defesa e sair na boa, nos contras, nas situações oportunizadas por erros dos locais. Receoso diante de um rival que se faz grande em sua cancha, Bauza organizou sua equipe num 4-2-3-1. Mussis e Mecier praticamente se tatuaram na primeira linha, reforçando o batalhão à frente do arco de Torrico. Dos três homens mais à frente, Blanco Romagnoli e Villalba faziam as vezes de volantes defensivos e de meias articuladores, o que gerou a obrigação de correrem para lá e para cá e de testarem definitivamente o preparo físico cuervo.
De forma que chances de gol, bah! nadica de nada. Dificilmente acontecia alguma coisa. Já do lado do Tatengue, o 4-4-2 obrigou o San Lorenzo a encontrar fórmulas mágicas para chegar ao arco de Fernández. Problema era a incrível compactação apresentada, que tinha o mérito de recuar os dois atacantes, Soldano e Gamba, quando Malcorra disparava pelo flanco esquerdo. Era notável a organização da equipe local, algo visivelmente bem treinado exaustivamente durante a ausência de jogos em virtude da Copa América.
Problema é que o jogo não acontecia. Era sufocante a disputa, mas ela ocorria sobretudo no meio-campo. Ataque mesmo, quando ocorria, era por parte do Unión. Mas na única chance do primeiro tempo, também na única vez que a defensiva tatengue foi envolvida, o Ciclón chegou ao arco de Fernández. A jogada foi muito rápida e contou com o ótimo trabalho de Villalba e Blanco. Pelota foi passada para Cauteruccio que arrematou forte para a defesa do guardametas. No rebote, Sebá Blanco foi o nome do gol: 1×0 San Lorenzo.
Não deu muito para comemorar. Minutos depois, o Unión teve uma falta na proximidade direita da área. Quem acompanha o futebol argentino, sabe que isso é quase um pênalti para o Tatengue cobrar. E não deu outra, em mais uma cobrança magistral, Ignácio Malcorra guardou. Passou a pelota por cima da barreira, como se o fizesse com as mãos. Apesar disso, contou com a demora e com a ingenuidade de Torrico ao montar a barreira: 1×1.
Segundo tempo foi um pouco o retrato do primeiro, mas com um a pequena diferença: o Ciclón voltou para buscar a vitória. O ânimo era visível, mas ele foi ao encontro do encaixe de marcação do Tate “malvado”. Numa tática estudada, o conjunto de Madelón tratou de cercar e amarrar os jogadores criativos cuervos, anulando a chegada da pelota em seus pés. Incrível ver Romagnoli sem saber o que fazer; absolutamente sem função, dentro de campo. O mesmo se passou com Blanco. Barrientos entrou depois e caiu na mesma armadilha.
Com o tempo, também o Unión pareceu sentir o efeito de tamanha dedicação. E resultou aparentemente satisfeito com o resultado. Tentativas aqui e acolá, das duas equipes, aconteceram. Mas apenas tentativas tímidas e sem grandes efeitos. Nos minutos finais, ninguém sabe de onde, mas um fervor voltou a tomar conta das artérias do Tate. E então o líder do campeonato precisou recuar suas linhas e defender a já interessante igualdade. Com todo mundo aparentemente contente, o jogo teve o seu fim com o resultado da etapa inicial: 1×1.
Com o resultado final, o Unión se mostrou um rival interessante e que vai tirar muitos pontos de seus rivais, em Santa Fe. Já o Ciclón manteve a liderança do campeonato, o que não é pouco, já que rodada a rodada vem se configurando como o possível favorito para o caneco do Argentinão.
Belgrano 2×1 Argentinos Juniors
Pode parecer uma surpresa para alguns a campanha que o Belgrano de Córdoba tem feito até aqui. Mas basta dar uma mirada no trabalho sério do clube para se ter uma ideia da justiça em torno da grande campanha atual. E talvez o principal motivo seja a presença de Ricardo Zielinski no banco de reservas. Já são quatro anos do comando de “Ruso” Zielinski. Ele trata de todas as contratações, também da integração da base com o profissional e da repatriação certeira de alguns atletas; alguns deles, ex-integrantes da base pirata, perdidos por aí.
Chiquito Pérez é um deles. Esteve fora por muito tempo, mas está de volta ao Pirata. Só que na data de hoje, o Belgrano teve uma parada duríssima. O Argentinos Juniors tem se tornado um terrível rival para qualquer um. Néstor Gorosito foi à Córdoba com um ferrolho defensivo, que trancava a área de Gabbarini e não deixava nada passar e chegar até a área. Sendo assim, ficava claro que a intenção de Gorosito era uma só: empatar no Mário Kempes de qualquer forma. Só que aos 23 minutos, a pelota foi recuperada no meio-campo e sobrou nos pés de Iñiguez. Ele fez um lançamento primoroso para Rinaldi, que ultrapassou a zaga do Belgrano feito uma frecha e encheu o pé na saída de Olave: 1×0 Argentinos.
Depois disso, o conjunto bonarense adotou de vez a tática de “joga-se só no campo de defesa”. Virou um jogo de campo reduzido, em que o Pirata pressionava de uma forma inacreditável, mas não conseguia vazar a forte marcação do Bicho. Primeiro tempo terminou com a sensação de fracasso por parte do conjunto local. Teve o completo domínio da pelota; poucas mas boas chances de marcar mais de um gol. Contudo, no placar, quem vencia era o visitante.
Na segunda etapa, o Pirata tentou se acalmar para igualar o jogo. Nos cinco primeiros minutos, porém, se deu conta de que a tática não era a melhor e resolveu mudar novamente. Então, nova pressão para cima do rival. Mas se o gol tivesse de sair ele só poderia surgir da criatividade de Lucas Zelarayán. No meio da incrível compactação do Bicho, a joia da base Pirata acho um espaço no meio da defesa e lançou a pelota para Renzo Sarabia na esquerda. Bastou o centro baixo para “El Cuqui” Márquez assinar o gol de empate para o conjunto local: 1×1.
O gol deu ainda mais ímpeto para o Belgrano, que seguiu na pressão sobre um rival que à esta altura já sonhava com a manutenção da igualdade. Fernando Marquez havia entrado no lugar de Mauro Óbolo e assim como o titular sempre falhava na hora de guardar. Por sua vez, Zelarayán se esgotava na função de colocar ao “Cuqui” e a outros na cara do gol. Tudo em vão.
Com o tempo, a alegria nas arquibancadas do Kempes foi se transformando em frustração, pois tudo indicava que a qualidade do futebol pirata não se fazia suficiente diante do ferrolho de “los Bichitos de la Paternal”. Seria uma tarde em que a massa torcedora sairia do estádio mesclando felicidade e tristeza ao mesmo tempo. Na síntese desses dois sentimentos, também uma provável preocupação, já que o campeonato é muito difícil e não se pode perder oportunidades como a que se apresentou no Mario Kempes. Contudo, em mais uma jogada cerebral no meio, a pelota já caminhava firme para a área de Gabbarini. Uma falta não deixou. Na cobrança, aos 49′,7 do segundo tempo, Chiquito Pérez guardou a pelota no arco do Bicho e saiu para o abraço. Foi uma explosão de alegria na cancha. E uma baita justiça para a luta incessante e brava do pirata cordobês: 2×1.
As máquinas caça-níqueis são um dos jogos de casino mais preferidos do mundo, tanto no…
Até a Recopa 2025, a ausência de qualquer duelo que não fossem dois amistosos revela…
Com agradecimentos especiais à comunidade "Coleccionistas de Vélez Sarsfield", no Facebook; e aos perfis HistoriaDeVelez…
Originalmente publicado nos 25 anos, em 01/12/2019 - e revisto, atualizado e ampliado O ícone…
"Porque isto é algo mais do que uma simples partida, bastante maior do que uma…
As apostas no futebol estão em franco crescimento no Brasil, impulsionadas pelo aumento das casas…
This website uses cookies.