Tudo preparado para o triunfo e para a festa centenária do Ciclón. E para tanto, Marcelo Tinelli, um dos homens responsáveis pela reestruturação do clube de Boedo fazia aniversário e esperava o presente. 40 mil pessoas acalentando; papel picado, sorrisos e muita emoção. Só que do outro lado havia o “Queridão”. Time paraguaio jogou feito gente grande e valorizou demais o feito do Ciclón. Mas a conquista chegou, pois a atmosfera já estava pintada com as cores do campeão. Após 106 anos de vida, o torcedor do San Lorenzo pode tirar o grito da garganta sem medo e sem constrangimento: “Dale campeón, dale campeón… O tradicional clube de Boedo inaugurava uma nova era em sua história.
Jogo não começou nada fácil. Ciclón era presa indefesa dos nervos. Errava passes, perdia a pelota em jogadas bobas. Entregava o meio-campo, todo ele dominado pelo habilidoso Riveros, o enganche do conjunto guaraní. Como a técnica não aparecia, o melhor era colocar toda a garra em cada disputa. Só que o “Queridão” fazia uma leitura perfeita desses erros e se aproveitava para ficar com a pelota que chegava fácil do meio para o seu campo de defesa. Dois problemas graves no desempenho do conjunto de Bauza respondiam por isso.
Por um lado, Romagnoli também era presa do nervosismo e não acertava muita coisa. Não que a pelota sobrasse fácil para ele pentear e soltar para o ataque. A redonda não chegava e tampouco ele parecia saber como ir em sua procura. Perdido, o Pipi avançava para um setor amaldiçoado pelo segundo problema: a presença de Mattos e Cauteruccio no ataque. Era muita gente centralizada. Quando alguém do meio ou da defesa chegava na frente, se confundia com os dois camisas 9. “Cautegol” e Mattos se revesavam no papel de atacante de lado de campo e não só fracassavam como impediam que outros ocupassem aquele setor com mais propriedade.
Desta forma, quando Buffarini atacava, ele precisava se deslocar do flanco direito para o meio, não realizava seu competente trabalho na sua posição nem conseguia grande coisa ao ser mais um a bater cabeça no centro da área. Por outro lado, a própria obrigação de alternar o camisa 9 entre Mattos e Cauteruccio confundia os dois atacantes e resultava que o Ciclón na teoria tinha dois, mas na prática não tinha nenhum. Tava tudo errado.
Do outro lado tinha um time que parecia recordar bem o sofrimento das semis, quando só não foi eliminado pelo Defensor, no Centenário, por um daqueles milagres inexplicáveis do futebol. O “Queridão” chegava bem ao ataque e levava perigo ao arco defendido pelo também “nervioso” Torrrico. Contudo, numa rara jogada, aos 35 da primeira etapa, Cauteruccio disputou a pelota com Coronel e já ia perdendo a parada. Foi então que o jogador rival colocou a mão na bola e o árbitro marcou pênalti. Ortigoza correu reto e colocou a redonda um pouco à esquerda de Doni: San Lorenzo 1×0.
Segundo tempo foi um pouco diferente. Mas só um pouquinho. O que teve de novo foi que um time local apareceu dentro de campo. De velho foi que o time paraguaio se manteve tranquilo e crente de que chegaria ao empate, se seguisse apostando na posse de bola, na trama eficiente no meio e no jogo duro no campo de defesa. Só que o Ciclón voltou orientado a não rifar a bola feito um time pequeno e com medo. A proposta consistia em manter o domínio do jogo e sair somente na boa, de preferência no uso e abuso dos espaços que seriam deixados pelo conjunto guaraní. Deu certo até. Mas por pouco tempo. O Queridão novamente leu bem a modificação e se adaptou novamente.
O jeito era desfazer o erro do início da partida. Bauza mandou a campo Gonzalo Verón e solicitou que Cauteruccio fosse mais cedo à sua ducha merecida. Poucos minutos depois, Kalinski também entrou na festa, no lugar de Villalba, que acelerava o jogo na hora errada e entregava a pelota muito rápido para a defensiva rival. A partir daí, o Ciclón conseguiu se virar na partida. Não que tenha dominado o meio-campo, longe disso. Mas Romagnoli já concorria com Riveros ao posto de homem criativo do setor.
Melhor que isso foi que Verón passou a fazer tanto o trabalho de Villalba quanto o de Cauteruccio. Melhor ainda foi que fez os dois papéis com eficiência. O jovem atacante acelerava na hora certa e retinha a redonda no ataque, deixando o tempo passar e desestruturando a pose de “controladinhos” psicológicos dos rivais guaranís. Desta forma, a equipe pareceu entender: não precisava se matar no ataque para ampliar o marcador; bastava segurar o ímpeto do rival e deixar o tempo passar. Emoção excessiva precisava ocorrer nas tribunas, em campo valia mais o jogo organizado e com o cumprimento das tarefas simples recomendadas pelo competente Patón.
Não deu outra, o juizão brasileiro trinou o apito pela última vez e o Ciclón deixou de ser o “Clube Atlético Sem Libertadores”. Dentro de campo, a emoção finalmente tomou conta do elenco azulgraná. Nas arquibancadas, crianças com seu pias e avôs, esposas com seus maridos: gente chorando, gente gritando. Gente feliz. Na data de 13 de agosto de 2014, o único clube grande da Argentina, ainda sem a glória maior da América do Sul, conquistava o merecido caneco de campeão da Copa Libertadores de América. Eis a formação que entrou em campo para entrar para a história:
Sebastián Torrico; Julio Buffarini, Mauro Cetto, Santiago Gentiletti, Emmanuel Mas; Héctor Villalba (Enzo Kalinski), Juan Mercier, Néstor Ortigoza, Leandro Romagnoli (Walter Kannemann); Martín Cauteruccio (Gonzalo Verón) e Mauro Matos. Técnico: Edgardo Bauza.
As máquinas caça-níqueis são um dos jogos de casino mais preferidos do mundo, tanto no…
Até a Recopa 2025, a ausência de qualquer duelo que não fossem dois amistosos revela…
Com agradecimentos especiais à comunidade "Coleccionistas de Vélez Sarsfield", no Facebook; e aos perfis HistoriaDeVelez…
Originalmente publicado nos 25 anos, em 01/12/2019 - e revisto, atualizado e ampliado O ícone…
"Porque isto é algo mais do que uma simples partida, bastante maior do que uma…
As apostas no futebol estão em franco crescimento no Brasil, impulsionadas pelo aumento das casas…
This website uses cookies.
View Comments