Rosario Central

Rosário Central humilha o Argentinos e está na Final da Copa Argentina

Noite foi toda do Canalla. Então, por que não mostrar a equipe toda?
Noite foi toda do Canalla. Então, por que não mostrar a equipe toda?

Após a vitória do Huracán sobre o Atlético de Rafaela, expectativa era grande para Rosário Central e Argentinos Juniors. Isto pelo fato de que poderíamos ter, de antemão, uma equipe argentina da segunda divisão na próxima Copa Libertadores. Para tanto, o Argentinos Juniors precisava vencer. Mas não deu. A noite foi de festa para o Rosário Central. O Canalla fez uma partida dos sonhos e humilhou o “pobre” Argentinos de Riquelme. Fez 5×0 e sem grandes esforços. Foi como se uma equipe da primeira divisão mostrasse para a outra, da segunda, que não dá mesmo para comparar. Agora, o bravo conjunto de Rosário vai encarar o Huracán na Final da Copa Argentina. Campeão estará na Libertadores de América de 2015.

Nem bem começou a partida e Loco Abreu foi lá e guardou a pelota no arco de Gabbarini. Um pouco de sorte, um pouco de oportunismo e um pouco de azar do “Bichito Colorido” de La Paternal. Relógio marcava 14 minutos de jogo. E era somente a segunda vez que o Canalla passava da meia cancha. Daí para a frente apenas um time jogou. E foi a esquadra dirigida em sua criatividade por Juan Román Riquelme. Então foi aquela história de aluga-se meio-campo. E todo mundo foi jogar rente à área do guardametas Caranta.

De nada valeu. E olha que não foi pouca coisa o domínio do Bicho. Ele se traduziu em 70% de posse de bola. E ocorreram também algumas chances que convidaram o porteiro Caranta a se apresentar à partida. E o problema qual era? Ele se traduzia no recuo absoluto de todos os homens ao campo de defesa para esperar o Bicho e abusar dos contragolpes. Só que a intenção era boa, mas ela poderia levar um tapa na cara da realidade. Como deixar um time criativo assumir o controle da pelota e jogar no seu campo de defesa? Mas de que time criativo estamos falando? Não teve nenhum em San Juan.

O Bicho estava desfalcado e só tinha Riquelme na criação. Então, o jeito foi pegar o melhor marcador de Rosário e colar no ex-craque do Boca. Oportunidade para Damián Musto jogar. E ele jogou direitinho. Anulou Riquelme. E o Bicho pouco a pouco foi se perdendo no seu excesso de posse de bola sem sentido. Melhor era ir ao vestiário e ver o remédio do “professor” Gorosito.

Problema é que “professor” tem de um lado e de outro. E Russo se saiu melhor desta vez. Resolveu parar de especular com a sorte. Armou o Canalla para sair definitivamente de seu campo de defesa e atacar a esquadra vermelha da Paternal. Quem apareceu foi Ojeda, guardametas do Bicho que substituíra Gabbarini ainda na primeira etapa. E Ojeda salvou duas vezes. Mas não deu, pois o volume de jogo era grande. Logo aos sete, Franco Niell ampliou para o Central: 2×0.

Mal deu tempo para o Bicho respirar. Nove minutos depois, Alejandro “Flaco” Donatti fez mais um. Começava a virar a noite dos sonhos para o Canalla. E do pesadelo para o Bicho. Sem ideias, o Argentinos se abriu ainda mais em sua defesa. Sábia, o zagueiro, deu lugar a Lenis, o atacante. Mal adiantou a entrada do bom avançado cafetero. Pelota até circulava de um lado a outro do campo. Porém, era aquela história: o Central já sabia que o melhor era voltar à proposta de abandonar o ataque e repovoar o seu campo de defesa. E não era do nada que brotava essa ideia, mas da certeza de que o rival não saberia o que fazer com a redonda. E acertou.

Jogo do Bicho era coisa feia de ver. Melhor mesmo era prestar toda a atenção à forma de organizada a matadora como o Canalla se comportava na partida. Era coisa linda. Belezura. Um brinco. Duas linhas recuadas, compactadas e prontas para soltar a pelota para a linha que marca a metade da cancha. Dali em diante a coisa ficava a cargo de um homem, um tal colombiano de nome e sangue azul: Trencito Valencia, o menino rápido e inteligente: o filho do “Trem”.

Bom esclarecer que estamos falando que o pai do menino era aquele mesmo da esquadra que reunia também Valderrama, Asprilla e Rincón. Aquele timaço que fez o Monumental de Núñez aplaudir de pé a seleção cafetera na goleada histórica de 5×0 sobre a Argentina. Naquele time tinha o “Trem”, neste, do Canalla, tem o Trencito Valencia, o nome do jogo no segundo tempo, no Bicentenário de San Juan. E ele foi o grande mentor do quarto gol, anotado por Javier Correa, aos 35 minutos de jogo. Era um assombro. Para o Central só risadas; para o Bicho, um horror.

E o próprio Trencito foi um dos mentores da jogada que levou ao quinto gol. E após um vacilo da zaga vermelha, Sapito Encina guardou. Guardou e fechou o caixão do pobre Argentinos Juniors. Melhor ressaltar o partidaço que fez o Central. Jogo de gente grande e de quase candidato certo ao caneco da Copa Argentina. Agora o Canalla vai encarar o Huracán de Parque Patrícios. Parada vai ser decidida em apenas um jogo. Será na próxima quarta-feira, dia 26 de novembro, no mesmo estádio em que a equipe de Rosário humilhou os “Bichitos Coloridos” de la Paternal: o Bicentenário de San Juan. Campeão do torneio estará na Libertdores, em 2015.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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