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Rongo, Valido, Doval e agora, Carli: os argentinos decisivos nos minutos finais do Cariocão

Precisamos assumir uma auto-corneta. Não víamos Joel Carli como uma contratação das mais promissoras ao Botafogo. Por outro lado, desejamos-lhe expressamente melhor sorte que a maioria dos argentinos que já passaram por General Severiano, com as contratações certeiras sendo raras exceções, com Rodolfo Fischer e Germán Herrera – que também marcou em uma final de Estadual, em 2010, com a diferença de, aos 23 do primeiro tempo, ter sido o primeiro de três gols ocorridos na decisão em 2-1 contra o Flamengo. Após três temporadas, Carli é unanimidade, em desempenho coroado com o gol talismã de ontem, a também junta-lo em um seleto panteão. Vamos lembrar os demais hermanos com histórias similares no Rio.

O primeiro hoje anda esquecido. Não deveria. Luis María Rongo veio do River ao Fluminense com o cartaz de ter mais gols do que partidas pelos millonarios, a ponto de ser um dos dois únicos no clube de Núñez (junto de Bernabé Ferreyra, de quem era reserva) com média superior a Alfredo Di Stéfano por lá. A estatística de repetiu como tricolor.

Rongo chegou às Laranjeiras na reta final do campeonato de 1940. De cara, marcou duas vezes em um 4-2 no America, quando esse duelo ainda tinha aura de clássico para as duas torcidas. O jogo do título, por sua vez, foi contra o São Cristóvão. Rongo até abriu o placar em um jogo que se revelou duro: cada vez que o Flu marcava, os cadetes empatavam.

Decisivos nos anos 40: Rongo e o lance imortal de Valido

O jogo estava no 3-3 até o minuto 73, quando Rongo marcou pela segunda vez. O argentino marcaria outro a dez minutos do fim, servindo para sacramentar o título ao fim de um jogo emocionante. Aliás, ele segue como recordista de gols em uma só partida pelo Fluminense, na campanha do bicampeonato em 1941. O adversário foi exatamente o São Cristóvão, dessa vez surrado por 9-0. Rongo marcou seis vezes. Já dedicamos um especial a ele, que fazia até seu casamento ser notícia de jornal: clique aqui

Já a história de Agustín Valido talvez seja a mais famosa. Sem êxito por Boca e Lanús, o argentino fizera sucesso no Flamengo campeão de 1939, encerrando o maior jejum estadual rubronegro (doze anos). Já havia pendurado as chuteiras quando foi recrutado em 1944 para os dois jogos finais do torneio, após Flávio Costa notar a boa forma que o gringo mantinha em peladas na Gávea.

Ainda assim, o nível estava além do ritmo suportável pelo corpo do hermano àquela altura, resultando em uma febre após a reestreia, a despeito de uma goleada de 6-1 no Fla-Flu. O resto é a história conhecida: Valido insistiu para ser escalado no jogo derradeiro, contra o Vasco. Em tempos em que o estadual era travado em pontos corridos, o acaso fez aquele clássico ser também um confronto direto.

O cabeceio de Doval no título tricolor de 1976

A falta de condições de jogo do argentino, que confessava ter feito a pior partida da vida, terminou esquecida após um cabeceio seu marcar o único gol da partida, aos 41 minutos do segundo tempo. Além do título em si, o lance valeu pelo primeiro tricampeonato estadual seguido do Flamengo. Relembramos em 2014 os 70 anos daquela ocasião: clique aqui.

Por fim, avancemos aos anos 70. A vítima, curiosamente, foi outra vez o Vasco, tal como em 1944 e ontem. Narciso Doval já havia feito em 1972 o primeiro gol de um 2-1 no Fluminense para dar o título ao Flamengo, mas o lance ocorreu aos 21 minutos de jogo e, tal como o de Herrera em 2010, não consideramos. El Loco entra para a nossa estatística pelo que fez quatro anos depois, quando passara a defender o próprio Fluminense. Era os tempos de Máquina Tricolor, capaz de produzir os dois artilheiros do Estadual: Gil e Doval, cada um com 19 gols até a finalíssima contra os cruzmaltinos.

Flu e Vasco faziam um jogo-extra após liderarem um quadrangular final a envolver também Botafogo e America. Assim, a decisão se encaminhava para os pênaltis ao fim de 0-0 que vinha se mantendo após os 90 minutos e a prorrogação. Contudo, no último minuto do tempo extra um cabeceio certeiro de Doval deu o bicampeonato às Laranjeiras, além de lhe garantir a artilharia isolada do certame. Este escriba redigiu o verbete do gringo no Wikipédia e quando o saudoso atacante faria 70 anos, em 2014, publicou este Especial com informações extras.

O Globo Esporte já relembrou os episódios de Valido e Doval. Vale a conferida:

Com agradecimentos a Emmanuel Do Valle, do Flamengo Alternativo

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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