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River perde para o Colón, na estreia de Teo Gutiérrez

“Matador” cafetero marca no final, mas não muda a história do jogo

O River recebeu o Colón e contava com a estreia do colombiano Teo Gutiérrez. Bastava mais nada para empolgar. Afinal, Ramón Díaz apostou na contratação do colombiano, pois tem como pouco a profunda noção do quanto o ataque do Millo anda devendo. De nada adiantou. Sem criatividade e sem ações ofensivas dignas da tradição millonaria, “La Banda” deixou de conquistar três valiosos pontos, diante de seus torcedores. Melhor para o Colón, que soube ter competência e merecimento para vencer o cotejo.

No Monumental de Núñez, o River foi surpreendido pelo Colón, que quebrou uma invencibilidade de 41 jogos sem derrotas do técnico Ramón Díaz, dentro de casa. O jogo apresentou dois tempos distintos; no primeiro, o conjunto local teve a pelota em seu domínio e pouco soube o que fazer com ela; no segundo, o Colón precisou somente calibrar a pontaria para concluir em gol as poucas oportunidades que teve. Do conjunto, pode-se tirar a conclusão de que o drama de Díaz continua: um meio-campo sem produtividade, que não aciona com eficiência um ataque também improdutivo.

O primeiro tempo escancarou esse problema. De campanhas irregulares nas últimas temporadas, o Sabalero tem se apegado a ideia de que o espaço imediatamente à frente da área de Montoya é o melhor lugar do campo para se jogar. Desta forma, além de recuar muito suas linhas, praticamente colava a segunda à sua primeira linha de quatro, no jogo de ontem. Muitas vezes, o cenário lembrava mais o do handebol do que o do futebol. A tática tem algo de suicida, pois além de oferecer o campo ao rival, oferece também um grande espaço para que este trame suas ações no seu campo de ataque. Assim, o meio-campo millonario teve uma tranquilidade absurda para organizar o jogo e municiar o ataque, composto por Mora e Teo Gutiérrez. De nada adiantou.

Aos 24 minutos, Carbonero fez um ótimo lançamento para Rodrigo Mora, que desperdiçou a chance que praticamente resumiu a trama ofensiva do River, na primeira etapa. Já no segundo tempo, o River deu a falsa ilusão de que as coisas seriam diferentes. Em parte isto ocorreu pois Vangioni, logo de cara, obrigou Montoya a fazer uma excelente defesa. Em parte, a ilusão foi produto também da intensificação ainda maior que os comandados de Ramón Díaz aplicavam ao jogo. Mas, como dissemos… foi só ilusão.

Logo aos seis minutos, o Colón encaixou o seu primeiro bom contra-ataque na partida. Desacostumada com as ações do rival, a defensiva millonaria foi uma verdadeira mãe para Facundo Curuchet, que não titubeou e abriu o placar para os visitantes: 1×0.

E o que acontece com uma equipe sem confiança, quando leva um gol? Fica completamente desestruturada. Foi o filme visto ontem na cancha do River. Seus homens de meio-campo sentiram uma tonelada de responsabilidade pelo insucesso da equipe na partida. Sua produtividade ficou ainda mais caduca, assim como imprecisa. A necessidade de criar, sem pensar bem as jogadas, passou a ser o tom. E à medida que os minutos passavam o problema piorava ainda mais.

Se era um problema ele afetou também aos homens do meio-campo, a quem recaía a responsabilidade de reforçar a marcação. Desatentos, mal conseguiam ajudar a uma primeira linha, que pouco a pouco também se desfazia no erro tático de passar a priorizar o ataque e deixar Barovero a ver navios. Ficou fácil, bem fácil. Mas para o Colón.

Tranquilo em campo, o Sabalero teve duas chances de resolver a parada. Uma delas com Curuchet e outra com Rubén Ramírez. O segundo gol não saiu, mas o recado estava dado: se a loucura do Millo continuasse, dificilmente a equipe de Santa Fe não guardaria mais um.

À medida que o River pressionava o rival, os passe ficavam mais imprecisos. Da mesma forma, na proporção que os passes curtos não resolviam, os lançamentos desordenados eram feitos de forma automática e sem sucesso. Com o trabalho defensivo facilitado, restou ao Colón que matasse a partida de vez. Aos 32 minutos, a defesa do River ficou olhando uma pelota que foi alçada para a área e que, depois de um bate-rebate, encontrou Rubén Ramírez: 2×0

Na base da pressão, os comandados de Ramón Díaz ainda descontaram aos 42 minutos. Bola na área e oportunismo do estreante Teo Gutiérrez: 2×1. Não deu tempo para mais nada. Derrota decretada e uma suspeita que começa a incomodar: a de que, faça o que fizer, o River não deixará de ser um time de meio da tabela.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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