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Riquelme: um deus aos torcedores do Boca e por muito pouco do Mundo

A comemoração ‘Topo Gigio’ muito feita por Riquelme com a camisa do Boca.

Tricampeão da Copa Libertadores. Pentacampeão argentino. Campeão do Mundo contra um mítico Real Madrid. Não, não se trata de uma equipe em si, mas de um ídolo eterno do Boca Juniors. Um jogador que quase deu um título de Champions League a uma equipe média/pequena da Espanha. Que por muito pouco não levou a Seleção Argentina a uma semifinal de Copa do Mundo após 16 anos. Um tal de Juan Román Riquelme.

Não ouse falar mal do jogador aos torcedores do Boca Juniors. É mais fácil você convencer um torcedor Xeneize de que Pelé é maior do que Maradona do que dizer que Riquelme é um jogador comum, que não fez nada pelo país e tudo mais. Román é um deus aos torcedores do time de La Ribera. Mesmo sem condição alguma de voltar a vestir a camisa do time, muitos torcedores o queriam lá, só para vê-lo com o mando por mais uma oportunidade.

Sim, ele é lento. Está sempre com uma aparência triste. Salvo quando marca um gol, quando balança as redes. Com as mãos na orelha e o grito de gols saindo de sua boca, o torcedor do Boca, principalmente, vibrou muito. Fez torcedores do Villareall a acreditarem em um título da Champions, que só não veio por conta de um pênalti perdido contra o Arsenal, nas semifinais daquele torneio. Deu alegrias também ao Argentinos Jrs, retornando à elite argentina, mesmo não sendo o protagonista.

E por muito pouco não fez os hinchas argentinos o idolatrarem. Há quem diz (e eu me incluo ai) que se Riquelme não tivesse sido substituído nas quartas de final contra a Alemanha na Copa 2006, quando a Argentina vencia por 1×0, no país germânico, a situação poderia ser outra. Não dá para dizer que seria campeã do Mundo, mas ao menos daria um alento ao torcedor daquele país. Poderia tirar uma seca de 16 anos sem semifinais, o que só veio acontecer oito anos depois.

Riquelme jogou muita bola pela seleção. Fez uma das melhores atuações da Argentina em clássicos contra o Brasil, quando decidiu o jogo praticamente no primeiro tempo, na vitória por 3×1 nas Eliminatórias da Copa do Mundo, em 2005. É bem verdade que ele mesmo esteve em campo na vexatória derrota por 4×1 meses depois na final da Copa das Confederações, o que tira um pouco o brilho daquela atuação nas eliminatórias. Mas fez sim gols importantes. E como todo atleta que se preze, tem uma medalha de ouro olímpica – feito não tão almejado somente o futebol.

Por tudo que ele fez no Boca, sempre esteve cotado no futebol brasileiro. Flamengo, Palmeiras, Sport… Todos queriam o jogador. Pena que o desejo só veio em momentos em que nem mesmo os clubes argentinos o queriam. Foi preterido por quase todos os times da primeira divisão argentina atual. E preferiu aposentadoria do que mais anos de fracasso ou de fazer uma grana no mundo árabe (ou futebol brasileiro, que pagaria valores exorbitantes).

Riquelme fez o certo nesse momento. Só lhe faltou uma Copa do Mundo ou títulos com a Seleção Principal. E só não está patamar dos deuses do futebol por não ter conquistado isso. Caso contrário, estaríamos falando hoje se Messi teria condições de ser maior do que Román, para depois chegar aos pés de Maradona. Ao menos para um clube, ele está na galeria de deus. Superior, inclusive, do deus argentino do futebol.

Thiago Henrique de Morais

Fundador do site Futebol Portenho em 2009, se formou em jornalismo em 2007, mas trabalha na área desde 2004. Cobriu pelo Futebol Portenho as Eliminatórias 2010 e 2014, a Copa América 2011 e foi o responsável pela cobertura da Copa do Mundo de 2014

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