Após seu passeio pela B Nacional, o River volta com glórias à elite argentina. Certo foi que sua campanha teve momentos difíceis. Mas, no fim, prevaleceu a sua força e tradição. Todas as suas principais dificuldades foram criadas antes por si próprio do que pelos rivais. Vejamos um pouco de como foi essa passagem e, no fim, os números do merecido acesso.
Desde que precisou encarar a segunda divisão, o River Plate nunca levou muito a sério as dificuldades que poderia encontrar. No clube, todos davam como certa a volta à elite sem muitas dificuldades. Disso resultou que o planejamento para a competição foi sempre o de dar cabo ao chamado problema da vez. Além disso, outros erros foram cometidos pelos dirigentes e comissão técnica do clube.
O perfil das contratações nunca considerou jogadores que realmente estivessem identificados com a luta do acesso. Nisto, o setor que mais sofreu foi justamente aquele que mais exigia as preocupações dos dirigentes: a defesa. A receita para isso, o Rosário Central deu ao trazer Julio Mozzo para proteger o setor. Mozzo veio do Rivadávia e, no Central, se deparou com outros jogadores de forte personalidade, como Matías Lequi. No River, ninguém se preocupou com o assunto.
Ignorar a defesa tinha a ver diretamente com a perspectiva de que o tradicional Millonario de Núñez passearia feito um trator por sobre todos os seus adversários. Mas, também o setor de meia cancha sofreu com a política de contratações. Um dos nomes que chegou foi Ponzio, identificado com o clube, mas em um momento no mínimo suspeito em relação à sua condição física e técnica do passado. Ao chegar, Ponzio colocou no banco o jovem Cirigliano, um dos destaques do River na maior parte dos momentos difíceis da equipe.
Nas três primeiras partidas o time venceu fácil. Na quarta, escorregou no Quilmes e ficou no empate. Empataria também com o Defensa e com o Deportivo Merlo; mas mesmo a vitória seguinte diante do Gimnasia LP não anularia o primeiro momento de instabilidade na equipe.
Voltaria ao empate contra o Ferro e já demonstrava, naquele momento, que de fato não passava de mais um bom time da B Nacional.
O jogo seguinte, contra o Atlanta, foi outro símbolo da passagem e da postura do River em ralação à B Nacional. Fez 7×1 no Bohemio de maneira impiedosa. A partir desse momento, iniciou-se o discurso de que a equipe era tão boa que se estivesse na primeira divisão estaria disputando o título da competição. Esse discurso falacioso e incentivado por dirigentes e comissão técnica escondia os problemas de organização tática da equipe e a falta de resposta para tropeços como o que ocorreu diante do modesto Deportivo Merlo.
Em 12 de fevereiro, David Trezeguet fazia sua estreia na vitória de 2×0 sobre o Chacarita. O franco-argentino entrou aos 33 minutos do segundo tempo, em substituição a Lucas Ocampos. Na partida seguinte, entraria novamente aos 33 do segundo tempo, porém no lugar de Cavenaghi. Após sua estreia, Trezeguet assumiu a titularidade apenas cinco partidas depois, na vitória do River por 3×0 sobre o Deportivo Merlo.
Neste jogo, Almeyda deixava de lado o 4-4-2, seu esquema preferido, para adotar o chamado tridente ofensivo. Na prática, essa foi a forma de evitar os descontentamentos que surgiam na equipe a partir da chegada do “francês”. Convém deixar claro que Trezeguet nunca dera demonstrações de insatisfação por ficar na reserva. Mas foi um caso único. Mesmo que fossem substituídos nos minutos finais da etapa complementar Alejandro Domínguez e Cavenaghi davam demonstrações claras de insatisfação e escancaravam um outro grande erro da direção millonaria: a contratação de um treinador com muito nome, grife, identificação com o clube, mas sem a devida condição para ser o comandante do time no banco de reservas.
Após a entrada no time titular, Trezeguet jamais saiu. Então, quando o treinador se viu na obrigação de voltar ao 4-4-2 precisava retirar principalmente Chori Domínguez da equipe. Notícias de brigas no elenco circulavam no clube e curiosamente era muitas vezes ignoradas até mesmo por setores da imprensa mais identificados com o Boca Juniors.
Essa instabilidade caminhou com o clube por toda a reta final da temporada. Contudo, em nenhum momento, ela foi suficiente para derrotar o poder de uma camisa pesada de histórias, de conquistas e suor pela construção da felicidade de milhões de pessoas na Argentina, na América do Sul e no mundo.
Uma camisa que se impôs nos momentos mais importantes, deixando claro para os demais quem era o time grande que passeava pela segunda divisão. Equipes como Boca Unidos, Central e Instituto davam massacres nos seus rivais e praticamente recuavam diante do River. Assim foi, por exemplo, na própria derrota da o Boca Unidos, em Corrientes.
Recuar diante do River era sinal de respeito, admiração e, na maioria dos casos, de medo frente a uma camisa que ao longo da história ensinou metade da Argentina a ficar no seu lugar. Uma camisa vencedora de um clube majestoso e que volta com glórias e com honras de campeão ao seu devido e merecido lugar: a elite do futebol argentino. De onde jamais deveria ter saído.
Os números do Campeão no seu passeio pela B Nacional
River Plate
Pontos: 73 | Partidas: 38 | Vitórias: 20 | Derrotas: 5 | Empates: 13 | Gols a favor: 66 | Gols contra: 28
A campanha
16/08/2011 – River 1-0 Chacarita
20/08/2011 – Independiente Rivadavia 1-3 River
27/08/2011 – River 3-1 Desamparados
03/09/2011 – Quilmes 1-1 River
10/09/2011 – River 2-2 Defensa y Justicia
17/09/2011 – Deportivo Merlo 0-0 River
24/09/2011 – River 2-0 Gimansia LP
01/10/2011 – Ferro 0-0 River
05/10/2011 – River 7-1 Atlanta
09/10/2011 – Huracán 1-2 River
15/10/2011 – Instituto 0-0 River
29/10/2011 – River 1-2 Aldosivi
05/11/2011 – Gimnasia Jujuy 1-4 River
13/11/2011 – River 0-2 Atlético Tucumán
19/11/2011 – Guillermo Brown 1-4 River
26/11/2011 – River 1-1 Rosario Central
03/12/2011 – Boca Unidos 1-0 River
11/12/2011 – River 1-0 Patronato
05/02/2012 – Almirante Brown 1-1 River
12/02/2012 – Chacarita 0-2 River
18/02/2012 – River 3-0 Independiente Rivadavia
26/02/2012 – Desamparados 1-4 River
02/03/2012 – River 0-0 Quilmes
10/03/2012 – Defensa y Justicia 3-3 River
17/03/2012 – River 3-0 Deportivo Merlo
24/03/2012 – Gimnasia LP 0-0 River
31/03/2012 – River 3-0 Ferro
08/04/2012 – Atlanta 1-0 River
14/04/2012 – River 2-0 Huracán
21/04/2012 – River 1-0 Instituto
29/04/2012 – Aldosivi 1-1 River
05/05/2012 – River 1-0 Gimansia Jujuy
12/05/2012 – Atlético Tucumán 2-4 River
19/05/2012 – River 2-2 Guillermo Brown
26/05/2012 – Rosario Central 0-0 River
10/06/2012 – River 2-1 Boca Unidos
16/06/2012 – Patronato 1-0 River
23/06/2012 – River 2–0 Almirante Brown
Principais artilheiros
Fernando Cavanaghi – 19 gols
David Trezeguet – 13 gols
Lucas Ocampos – 7 gols
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É sim um dia para comemorar. River campeão de um campeonato dos mais difíceis do mundo, por suas características próprias e mérito para um grupo que passou por cima de tudo para conseguir seu objetivo final. Estou em estado de graça. Aguardo apenas o dia e a hora para bebemorar junto com o Joza, que me prometeu uma cervejada. A garganta está pra lá de seca. Saudações a todos que acompanharam a verdadeira cruzada do River. Ë Campeão!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Entrarei em contato, meu caro Elsio. Grande abraço e parabéns pela conquista merecida.
A volta do River foi muito importante, pois este clube é da linhagem dos clubes mundiais que ainda que fracassaram em algum momento de sua história, sempre primaram pelo futebol bem jogado, a bola no chão, não é atoa que deste clube saio tantos grande camisas 10, como Dalessandro, Aimar, Galhardo, Ortega e outros.... O toque me voy, que representa a essência do futebol albiceleste, que inspirou Guardiola a formar seu épico Barcelona(maior equipe de todos os tempos com xavi, iniesta, messe e etc), tem na equipe milhonária o seu maior representante, pois quem conhece o futebol Argentino, esté estilo de jogo e estes fundamentos são aprendidos bem cedo nas minas que são as canteiras deste clube que busca não apenas vencer mais também ser uma das maiores escolas no toque de bola.... Grande River!!!!!
OOOO Vamos River Play, river play, river play, vamos river play......
A volta do River representa o retorno do maior clássico do futebo mundial, Se o Boca representa o povo, o calor, o huevo o River representa a classe, a elegância o estilo......
cadê o treinadorzinho de araque que disse que ia fazer e acontecer? fica a lição de que o River é Gigante demais pra ficar na serie. Viva o River Plate o mais vezes campeão argentino!!!
River pode disputar o título Argentino na proima temporada, se fizer boas contratações>
Manter Cavenaghi, volta de Lanzini, conseguir uma boa grana vendendo Funes Mori, trazer um goleiro, pois Vega não aspira muita confiança
Permita-me uma pergunta Joza: E os três jogos da rodada da Primera División??? Ninguém cobriu???
Abraços!!!
Toda a razão, Douglas. Pedimos desculpas. A equipe Futebol Portenho não pode contar com todos os membros e precisamos nos concentrar para as duas rodadas finais. Da B e da Primeira Divisão, hoje. A preparação para as rodadas começou antes e ainda não acabou. Para você ter uma ideia, esse retrato do River, assim como o do Quilmes, foi feito antes, juntamente com mais dois, Central e Instituto. Então nos desdobramos para uma ampla e inédita cobertura no Brasil, que envolveu também o twitter. Reitero o pedido de desculpas em nome da equipe e, mais uma vez, agradeço pela qualidade de sua atenção ao nosso trabalho. Grande abraço.