À primeira vista a cidade de Avellaneda nem de longe pode ser comparada com Milão, Madrid, São Paulo ou Montevidéu. Mas a cidade que fica ao sul de Buenos Aires tem uma coisa em comum com todas elas: possui dois clubes que já foram campeões mundiais de clubes. Essa é somente uma das particularidades que relacionam Racing e Independiente como dois dos maiores clubes da Argentina e da América do Sul.
No próximo domingo será disputado o clássico número 179 da história do futebol profissional entre a “Academia” e o “Rojo”. E o Independiente possui uma larga vantagem: são 68 vitórias contra 47 do rival. Houve ainda 62 empates e 518 gols, sendo 280 do Independiente e 238 do Racing. Duas equipes rivalíssimas e concorrentes eternas. Por outro lado, analisando as primeiras conquistas internacionais pode-se concluir que a concorrência pode ser benéfica para os dois.
Até 1964, tanto o Independiente quanto o Racing conquistaram muita coisa na Argentina e já travavam ferozes duelos com Boca, River, San Lorenzo, Vélez e Huracán. No entanto, faltava conquistar a América e o mundo. Nesse ano, o Independiente disputou pela segunda vez a Taça Libertadores da América (a primeira foi em 1961) e conseguiu a façanha de derrotar por duas vezes o todo-poderoso Santos de Pelé. Na final, disputada contra o Nacional do Uruguai, um gol solitário de Mario Rodríguez no segundo jogo da final deu o primeiro título ao “Rojo” e o primeiro título de um clube argentino na competição, quebrando assim a hegemonia de uruguaios e brasileiros.
No ano seguinte o Independiente repetiu a dose e faturou a Libertadores em cima do outro gigante uruguaio, o Peñarol. Dessa vez, a taça precisou do terceiro jogo para ser decidida. Em Avellaneda o “Rojo” venceu por 1 a 0, gol do grande Raúl Bernao. Na volta em Montevidéu, o troco do “Carbonero”: 3 a 1. E no terceiro jogo, realizado em Santiago, o Independiente aplicou inquestionáveis 4 a 1 e conquistou o bi-campeonato da América.
Enquanto isso, a metade azul de Avellaneda assistia às conquistas do maior rival. Embora tenha conquistado o campeonato de 1961, o Racing não conseguiu repetir o sucesso do rival na Libertadores de 1962. Mas a história mudou ainda em 1965. E o maior responsável pela virada foi Juan José Pizzuti. Grande jogador do Banfield, do Boca e do próprio Racing, o agora treinador da “Academia” tinha 38 anos e assumira a equipe em setembro, na última colocação do campeonato argentino. Logo na estreia bateu o líder River por 3 a 1 e terminou o torneio na quinta posição.
Em 1966, surgiu o que foi chamada “A equipe de José”. Esse time é até hoje lembrado na Argentina pela grande capacidade técnica de seus jogadores, propondo um jogo dinâmico e com movimentação constante. Diz-se que esse estilo de jogo antecipou o que o mundo veria com a Holanda na Copa do Mundo de 1974. Figuras como Agustín Cejas, Roberto Perfumo, Alfio Basile, Rubén Díaz e o enorme Humberto Maschio fizeram parte dessa equipe, que ficou invicta por 39 partidas e venceu com grandes méritos o campeonato argentino daquele ano, perdendo apenas um jogo.
A equipe de José queria ir longe, como o rival Independiente fizera. Em 1967 a equipe disputou a Taça Libertadores e continuou encantando. Após duríssimos jogos contra o River, o Colo-Colo e o Universitario, o Racing chegou pela primeira vez à final. O adversário, o forte Nacional do Uruguai, teve que ser batido em três partidas. Nas duas primeiras, empate sem gols em Avellaneda e em Montevidéu. A conquista da América pela “equipe de José” veio após uma vitória por 2 a 1 em Santiago. Mas os meninos da “Academia” queriam mais e depois da conquista da América veio o poderoso Celtic, da Escócia, pelo Mundial Interclubes. A equipe europeia tinha status de grande favorita, pois havia ganho todos os títulos que havia disputado naquele ano.
No primeiro jogo, realizado na Escócia, vitória dos escoceses por 1 a 0. No jogo de volta, realizado em Avellaneda, vitória de virada por 2 a 1. No terceiro jogo, realizado em Montevidéu e com torcida contrária, o Racing venceu por 1 a 0, com um golaço de fora da área marcado por Cárdenas. Era a primeira vez que uma equipe argentina era campeã mundial, voando ainda mais alto que o arquirrival Independiente. Foi a consagração definitiva da “equipe de José”, uma das maiores equipes argentinas de todos os tempos.
A resposta do Independiente não foi imediata. O “Rojo” precisou de sete anos para igualar-se ao rival. Em 1973 a equipe comandada por Humberto Maschio (o mesmo que capitaneara o Racing na conquista do título de 1967) conquistou a Libertadores após derrotar o Colo-Colo em três jogos e no final de novembro encontrou a Juventus da Itália na final do Mundial Interclubes. Os italianos disputaram o Mundial porque o Ajax, campeão europeu, se recusou a disputar a competição alegando problemas financeiros.
A Juventus tinha grandes jogadores como Dino Zoff, Claudio Gentile, Franco Causio e Roberto Bettega, além de um veterano Mazzola (ou Altafini, para os italianos). O Independiente havia trocado de treinador entre a Libertadores e o Mundial. Maschio saiu para a entrada de Roberto “Pipo” Ferreiro. E mostraria ao mundo a força de dois jovens e habilidosos jogadores: o meia Ricardo Bochini e o atacante Daniel Bertoni, que mais tarde seria campeão do mundo com a seleção argentina em 1978.
Faltando dez minutos para o final, uma tabela entre Bochini e Bertoni culminou com uma conclusão espetacular de “Bocha”, um dos maiores jogadores da história do “Rojo”. O Estádio Olímpico de Roma, palco da decisão, assistiu estupefato ao triunfo da equipe vermelha, que finalmente tinha o mundo aos seus pés.
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Ótimo post.
O jogo será ao vivo domingo às 16:00 no Esporte Interativo.
aliás, os jogos d'Argentina pelas eliminatórias serán transmitidas ao vivo pelo Esporte Interativo?
Muito bom esse post. Não sei muito de espanhol mas não vejo essas coisas que vocês fazem la´no s sites argentinos. Parabéns mas cadê o River? Nem tem River nesse período?
Parabéns pela matéria!!!
Que materia, parabens! Otimo reviver esses velhos tempos de Roja no mundo.
Acredito em uma vitoria do Racing pelo bela equipe que tem ultimamente, tambem é um grande concorrente para faturar o apertura!
Na lista das cidades com dois campeões do Mundo faltou PORTO ALEGRE, com Internacional e Grêmio.
Ótimo post. Parabéns!