Especiais

Protagonistas de Boca x Independiente

Com tanta história, Boca Juniors e Independiente tiveram seu protagonistas e jogadores que atuaram nos dois lados. Hoje, na segunda parte do especial desse jogo de grande rivalidade, traremos cinco jogadores que estão na história de Boca Juniors e Independiente.

Arsenio Erico nasceu em 30 de março de 1915 em Assunção, capital do Paraguai, e iniciou sua carreira aos 15 anos, no Nacional. Com a guerra do Chaco, ocorrida em 1932, Erico, sem idade para ser enviado aos combates, participou de uma excursão organizada pela Cruz Vermelha paraguaia para arrecadar fundos para o país. Foi quando, durante uma partida na Argentina, olheiros do River e do Independiente se encantaram com o pequeno paraguaio. O Rojo levou a melhor e contratou aquele que seria o maior artilheiro da história do futebol argentino.

Com 293 gols em 325 jogos, o “Homem de Borracha” foi o artilheiro do campeonato argentino por três anos seguidos, em 1937, 38 e 39. E contra o Boca Juniors o paraguaio adorava marcar gols. Em 12 anos que jogou pelo Rojo de Avellaneda, marcou 14 gols e até hoje é o jogador que mais marcou na história dos confrontos entre os dois times. É um dos ídolos de Di Stéfano, que sempre faz questão de dizer: “Erico era diferente de todos, de tudo que vi. Um jogador notável. Tudo o que possa envolver, sem exagerar, as cinco letras da palavra “crack”. Para mim, um malabarista de circo, um artista. Aliás, um grande artista”.

Formado pelo Chacarita, Claudio Marangoni chegou ao Independiente em 1982, logo depois de ter atuado pelo Huracán e anteriormente pelo Sunderland inglês. E no Independiente formou um dos maiores meio-campos da história do Rojo, com Giusti, Burruchaga e o grande Bochini. Com esse meio-campo o Independiente conquistou a Libertadores e o Mundial Interclubes de 1984. Apesar de estar em grande fase pelo Rojo, foi o único dos quatro do Independiente que não foi convocado por Carlos Bilardo para a Copa de 1986.

Em 1988, já com 34 anos, foi convidado por José Omar Pastoriza para ir ao Boca Juniors. Marangoni aceitou e com isso despertou a ira dos torcedores do Rojo. Volante de estilo elegante, foi daqueles jogadores que preferiam usar a habilidade para chegar à frente e inicar as jogadas de ataque. E com isso ganhou rapidamente a simpatia do torcedores xeneizes. Ficou por dois anos no Boca e ajudou o time a conquistar a Supercopa de 1989 em cima do seu ex-time.

O próximo atleta fez o caminho inverso ao de Marangoni. O goleiro Navarro Montoya nasceu na Colômbia pois seu pai, o também goleiro Ricardo Navarro, jogava por lá. Em 1984 Alfio Basile foi o responsável pela estreia do “Mono” nos profissionais do Vélez. E estreou com a mão direita: o Fortín venceu o Temperley por 1 x 0. Após passar pelo Independiente Santa Fe colombiano e novamente pelo Vélez, o Boca Juniors o contratou em 1988. E então começava uma longa relação de amor com o clube. Com 479 atuações no gol do Boca, Navarro se notabilizou na conquista da Supercopa de 1989, onde defendeu o último pênalti do Independiente, o que deu a vitória e o título para o Xeneize. Protagonizou nos anos 90 notáveis duelos com o goleiro paraguaio Chilavert.

Após sua conturbada saída do Boca em 1996, o “Mono” passou por clubes da Espanha e do Chile até que voltou à Argentina, para atuar no Chacarita Juniors. Suas ótimas atuações no gol do “Funebrero” lhe valeram uma transferência para o Independiente em 2004. Mesmo com 38 anos, fez belas atuações à frente do gol do Rojo e saiu do clube um ano depois, com a chegada de Julio Cesar Falcioni e a preferência do treinador em colocar Oscar Ustari como titular do gol do Independiente.

Nascido em 30 de setembro de 1974, Sebastián Rambert é cria da base do Independiente e explodiu para o futebol na conquista do Clausura de 1994. À época com 20 anos, muito rápido e por consequência difícil de ser marcado, o “Pascualito” também foi um dos responsáveis pela conquista da Supercopa daquele ano. E no segundo jogo da final com o Boca fez o gol do título. Um golaço, aliás. Com calma pouco vista para um garoto de sua idade, saiu sozinho na cara da lenda Navarro Montoya e tocou a bola por cima, fazendo um golaço de cobertura, o que deu fim ao jejum do Rojo de 10 anos sem levantar um título internacional.

Com a ótima fase vieram as sondagens para o futebol europeu e uma convocação para a Seleção da Argentina. No ano seguinte, Rambert se transferiu com toda a pompa e circunstância para a Internazionale de Milão, junto com Javier Zanetti. Porém, uma grave lesão o impediria de mostrar em terras italianas o futebol do Independiente e “Pascualito” nem chegou a atuar pela Inter, que o vendeu para o Zaragoza. No time aragonês, jogou muito bem no início e chegou a marcar um gol no Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu. No entanto, o jogador não retornou à boa fase, foi perdendo espaço no time titular e voltou para a Argentina em 1996.

E o destino de Rambert foi o Boca. No time xeneize, fez apenas 28 jogos e marcou 10 gols, três deles num único jogo contra o River Plate num amistoso disputado na pré-temporada. Sem brilho também no clube, foi para o River, voltou ao Independiente, atuou pelo Iraklis da Grécia e encerrou precocemente sua carreira no Arsenal em 2003. Há quem diga que a carreira de Rambert se encerrou por conta de uma propaganda onde ele decide com Deus a sorte de um pênalti. Vejam aqui e tirem suas conclusões.

O último jogador de nossa relação é Martín Palermo. O maior artilheiro da história do Boca Juniors surgiu no Estudiantes e se transferiu ao Boca na temporada de 1997. E então surgiu uma das parcerias mais bem sucedidas da história do clube xeneize. Com duas passagens pelo Boca (1997-2000 e de 2005 até a atualidade), Palermo marcou 228 gols em 442 jogos. O “Loco” não se cansa de empilhar recordes e títulos com a camisa do Boca: foram seis campeonatos argentinos, duas Libertadores, duas Sul-Americanas, três Recopas Sul-Americanas e um título mundial.

Palermo está na história da rivalidade com o Independiente pois é o jogador do Boca que mais fez gols no Rojo: foram oito vezes, recorde compartilhado com Comas e Sarlanga. Como ainda está atuando, ele tem a chance de se isolar na artilharia de todos os tempos. Um de seus mais recordados gols foi marcado justamente contra o Rojo de Avelleneda pelo Clausura de 2007. No último lance do jogo, Palermo roubou a bola no meio do campo e, vendo Ustari adiantado, marcou um golaço de mais de 60 metros de distância.

Amanhã a última parte do especial entre Boca x Independiente com grandes jogos entre os dois rivais.

Alexandre Leon Anibal

Analista de sistemas, radialista e jornalista, pós-graduação em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte. Neto de argentinos e uruguaios, herdou naturalmente a paixão pelo futebol da região. É membro do Memofut, CIHF, narrador do STI Esporte (www.stiesporte.com.br ) e comentarista do Esporte na Rede, programa da UPTV (www.uptv.com.br ).

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