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Proposta da B Nacional: o Caneco tem de ir para o River

A rodada da B Nacional chamou a atenção pela ineficiência das equipes locais em conseguirem vencer. Com exceção do Huracán, que bateu no Deportivo Merlo por 1×0 em Parque Patrícios, nenhuma outra equipe fez bonito diante de suas hinchadas. Foram cinco empates e quatro derrotas. Os destaques vão para a vitória do Instituto fora de casa por 3×1 sobre o Defensia e a do Guilermo Brown sobre o Chaca por 2×1. A impressão que passa é que, à semelhança da Primeira Divisão, em que todos parecem desejar que o caneco fique com o Boca, na B todos parecem dispostos ao mesmo propósito: menos que desejarem deixar o titulo com o River parecem até que o querem entregar ao Millionario.

Depois de obter o quarto empate em cinco partidas o River Plate ainda ostenta o primeiro posto da B Nacional. Isso porque seus adversários não têm conseguido vitórias em partidas decisivas. Assim foi, por exemplo, com o Central, que precisava apenas vencer o enfraquecido Brown no Arroyito para chegar à liderança. Não conseguiu e ainda fez com que a equipe de Puerto Madryn despertasse na competição. Assim foi com o Gimnasia Jujuy, que teve a desfaçatez de empatar com o péssimo Chacarita em Jujuy. Além disso, muitas outras equipes que vem subindo na tabela assim que começam a preocupar o River passam a decepcionar, como é o caso do ótimo Patronato de Paraná, que vem de dois péssimos resultados, justamente depois de quebrar a ótima sequência da então melhor equipe da competição, o Lobo jujeño. De postulante às primeiras posições, el Patrón é apenas o oitavo colocado na tabela.

E a decepção da vez é justamente o Rosário Central. Assim que desceu para a B Nacional, o Canalla tinha muito do mesmo excesso de confiança que hoje acomete o Gigante de Núñez. O resultado disso foi que a equipe não chegou sequer à promoción. Em meio à profunda decepção, os dirigentes canallas se deram conta de que precisavam muito mais que de uma camisa pesada de história para que retornassem ao futebol de elite. Fizeram investimentos; disputaram um competente treinador com antigos rivais da primeira divisão, tiraram Ferrari do River e chegaram com o contrato pronto para alguns outros atletas também pretendidos pelas equipes que disputam o Apertura atual. Não bastasse tudo isso, o Canalla ainda pode contar com a sua massa torcedora que é uma das mais fanáticas e fieis do futebol argentino. Pois bem, depois de já ter decepcionado ao empatar com o Brown, o Central teve na oitava rodada uma outra oportunidade de chegar à ponta e colocar pressão sobre o Millionario. E o Canalla falhou. Empatou em 0x0 com o Almirante Brown, para a decepção de sua hinchada que mais uma vez lotou o Gigante de Arroyito.

Outra equipe que não consegue se estabilizar é o Instituto de Córdoba, ainda mais incentivado a ascender após a chegada do Belgrano ao futebol de elite. Apesar de perder um de seus cérebros no meio-de-campo, (Zapata, que foi para o Albo) la Glória não só manteve sua forte base como a reforçou bem. Na rodada a equipe venceu o Defensia y Justicia por 3×1 fora de casa. Resultado que lhe teria dado a liderança da Categoria se na rodada anterior não tivesse empatado em 1×1 com o Desamparados em Córdoba. Sua hinchada não é tão numerosa quanto a do Canalla, mas, a despeito da mesma fidelidade dos hinchas canallas ao seu clube, os hinchas de la Glória são extremamente violentos e pouco pacientes (nisto, muito semelhantes à hinchada do Nueva Chicago) e costumam amedrontar e até instabilizar o próprio elenco com suas ações. O fato não deixa de ser um indicativo de que se o conjunto cordobês não parar com essa história de perder pontos “bobos” em sua cancha brevemente deixará de ser um páreo duro para as intenções do River Plate de retornar à elite.

Além da boa vitória do Instituto sobre o Defensia, outro que ganhou fora de casa foi o Atlanta. O Bohemio venceu o Gimnasia (LP) como visitante e interrompeu sua sequência negativa de cinco empates e duas derrotas na competição. A esperada vitória ainda não foi suficiente para o Atlanta deixar a promoción, mas de simbólico tem o fato de que foi o primeiro triunfo em sua temporada na B Nacional, o que gerou uma grande festa nos botecos da Villa Crespo.

Portanto se o River Plate não teve a competência de disparar na tabela, e levar de vez a tranquilidade para Núñez, tampouco essa competência esteve com os seus adversários. Embora não se justifica o presente que dão ao Millionario, algumas equipes apostam que o ideal no momento é apenas se posicionarem no meio da tabela, pois a decisão ocorre depois, geralmente no segundo turno. E não deixa de ser um fato que a Categoria é muito difícil e problemas aparecerão mais na frente para aqueles que se planejaram pouco ou mal. Um desses problemas é o elenco. E neste quesito fica claro que o conjunto millionario foi um dos que se preparou mal. Não montou um plantel reserva capaz de substituir os seus bons titulares. Sequer contratou jogadores medianos, porém úteis para essa tarefa. Haja vista o fato de que quem já socorre o time são os seus garotos; alguns, em meio ao covarde chicoteio que sofrem da parte de alguns hinchas pouco sensíveis à situação de risco e de abandono que os excelentes valores da base millionaria estão sofrendo.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

View Comments

  • Na boa cara, gosto da maioria das coisas que vc escreve, mas eu acho que vc tá pegando no pé do River. O River num tem adversario na segundona, todo mundo é lixo perto do River e estão demonstrando isso. Vai ter uma hora que a gente vai arrancar e deixar todos esses timecos lá no fundo do retrovisor. No próximo ano a gente volta para pegar os bosteros de novo.

  • Concordo com o Lucas. Sempre acompanho o site Futebol Portenho e também tenho notado que desde o início do Nacional B o pessoal do site vem pegando no pé do River Plate.
    Até agora não vi nenhum favorecimento ao River, e sim lembro bem no Campeonato Argentino passado que em vários jogos que o River sofria pênalti os árbitros não marcavam, mas isso sequer saía na mídia.
    Vamos ver os jogos seriamente e comentar com mais parcialidade. Já basta a imprensa argentina ser boquense.

  • Gente, não foi dito que o River está sendo favorecido, apenas que quando o River não ganha os outros não aproveitam a oportunidade para ultrapassá-lo, é uma constatação que pode ser comprovada simplesmente olhando a tabela. Não se falou em ajuda de arbitragem, da AFA ou de ninguem.

  • Não vejo nenhum problema com o texto em relação a pegar no pé do River; acho é legal deixar o coração de lado na hora de ler alguma coisa que fala do time que a gente torce, a cegueira dos colegas aí dos comentários é tanta que não estaão conseguindo "entender" o texto, depois reclamam quando falam que o Brasil fica em último nas provas internacionais, ninguém sabe mais interpretar um texto. Tô com o autor quando ele fala que está sobrando para os garotos, isso é um dos melhores aspectos do post, só que os colegas aí de cima, com exceção do Willian, são os mesmos torcedores que se tivessem na argentina também detonariam os caras da base.

  • O texto é bom, cuidado e não atenta em nada à parcialidade. Acho bem jornalístico. Só que duas coisas que pergunto ao autor. Por onde anda o Chicago e, sobre o elenco, a chegada de jogadores como Sánchez não anularia sua tese de que não houve reforço ao elenco?

  • Meu caro Wilson o Nueva Chicago disputa a Primeira C, a terceira divisão para os clubes de Buenos Aires. Quanto ao Sánchez ele não foi adquirido para compor elenco, mas para ser o titular. O River se preocupou basicamente com o elenco titular e deu pouca atenção à composição de elenco, tão importante na B Nacional.

    Para os demais eu diria que pegarei no pé do River sempre que achar necessário; assim como no do Boca, San Lorenzo, Racing, Rojo etc. Farei isso até para me diferenciar da maioria dos cronistas argentinos que fazem o contrário. Particularmente penso que o River precisa subir imediatamente para o benefício de todo o futebol argentino. Mas em razão disso não posso me furtar de avaliar as coisas como elas são e com um mínimo de imparcialidade. Como creio que foi o caso do post acima. Agradeço a todos pela atenção que dão ao site e pelos comentários. Dias a dia tentamos fazer o melhor e precisamos da opinião de vocês, sejam elas quais forem. Abs.

  • O texto mostra a realidade. Assisti todos os jogos do River. O time ainda não entendeu o que é jogar a série B. Não temos no banco uma opção que possa mudar o jogo. São os mesmos jogadores que eram reservas na série A, e nunca resolveram nada. Torço para que o time se adapte a B e ninguém se machuque, mas acredito que mesmo com este panorama, retornaremos em grande estilo.

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