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Pressionado, sem apoio e com gaviões querendo a sua carniça

Foi depois dos treinamentos da manhã, no centro de treinamentos da AFA, em Ezeiza. Alguns diretores do clube foram ao local e pressionaram Gallego por resultados. Nada acintoso. Mas a quantidade de críticas, de todos os cantos, parece um cruzado certeiro no que ainda resta de confiança no Tolo.

Nada menos que os três mais importantes homens da direção do Rojo, inclusive Canteiro. Além deles, mais algumas pessoas sem tanta importância formavam uma verdadeira comitiva que emparedaram Gallego no espaço apertado e incômodo dos vestiários de Ezeiza. E tudo na frente do elenco, ou de parte dele, já que grande parte dos atletas foi obrigada a ficar do lado de fora. Não que criticaram diretamente o comandante na frente de seus subordinados. Nada disso, mas se isto não ocorreu foi até porque a personalidade do treinador não é do tipo de quem aceita essas coisas.

No entanto, o simples fato de uma verdadeira comitiva “chegar junto”, nos vestiários, e falar um monte de asneiras, enquanto o treinador fica calado, já é suficiente para mostrar aos jogadores que o comando do banco de reservas faliu.

Após a derrota na primeira rodada, para o Newell´s, por 3×1, o Rojo venceu o Vélez e o Racing, por 1×0 e 2×0, respectivamente. Tudo então parecia sob controle para o Tolo. Não que a equipe estivesse jogando bem, longe disso. Só que um padrão de jogo começava a ser desenhado na performance do time. Só que depois disso, já são cinco jogos sem vitória, com dois empates e três derrotas. A última delas, ocorreu na sexta-feira, para o Albo.

Com o resultado, o Independiente já precisa fazer um combinado com o Além, para se livrar da B Nacional. Para se ter uma ideia do problema, basta ao Rafaela conseguir 15 dos 33 pontos, que restam, para o Independiente precisar simplesmente de 31. E se La Crema não conseguir 15 pontos, bastaria ao Quilmes que ganhasse 16 para o Rojo precisar de 29. Em outras palavras: já era.

E esta vai ser a primeira vez na história que o clube vermelho de Avellaneda será rebaixado (restaria somente o Boca). Até por isso não assusta a dimensão do alvoroço que toma o clube de assalto. Poucos fizeram a sua parte para o bem-estar da instituição. Contudo, absolutamente ninguém quer entrar para a história com os seus nomes tatuados no rebaixamento histórico do gigante vermelho de Avellaneda.

Não bastasse o cenário, e ainda não há nenhuma proteção ao trabalho de Américo Gallego. Pior que isso, já aparecem até os gaviões de plantão querendo experimentar um pouco de sua carniça. É o caso de Pedro Damián Monzón, ex-zagueiro do Rojo e atual treinador do Platense.

“Não creio que me chamem, porém nós que passamos pelo clube estamos sempre prontos para servi-lo”, disse Monzón, praticamente procurando um microfone para manifestar o que pensa. E continuou: “muitos de nós desejamos dirigir o clube alguma hora; talvez este não seja um ótimo momento, mas todos diríamos que sim”, completou “el Moncho”, praticamente se oferecendo para pegar o cargo de Gallego.

Sorte do técnico é que inúmeros atletas de peso ainda defendem seu nome. Mas também eles vão abandonar o barco, como reza a tradição de jogadores de futebol, em situações como essas. De tolo Gallego não tem nada. Até por isso, ele sabe bem que se já não tem o apoio dos dirigentes tampouco poderá se apoderar nos seus jogadores. Experiente, que é, ele sabe que a tal base de apoio dos atletas vai existir até o instante em que eles (quase sempre seres “sem-noção”) se derem conta da tragédia que se avizinha.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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