Perdemos a nossa alma
Meu primeiro contato com o Tiago de Melo Gomes foi em 20 de setembro de 2010. Como editor do Futebol Portenho, procurava algumas pessoas para ingressar ao site. Vi um texto dele no blog de Futebol Argentino do GloboEsporte.com e gostei. Conversei com o Rafael Duarte Oliveira Venancio, colaborador na época, se ele o conhecia, e as referências foram das melhores. Tanto como pessoa quanto como conhecimento na área.
O Tiago lecionava história contemporânea em Recife. Tinha um vasto conhecimento sobre absolutamente tudo. Sabia como falar com as pessoas, como também sabia ouvir. Lembro-me de uma conversa sobre textos jornalísticos em que ele disse: “você me mostrou que escrever muito nem sempre vale a pena. Como historiador, eu nunca tive noção sobre isso e você me passou uma coisa nova”. Me emocionei à época. Assim como me emociono escrevendo este texto.
Se você acompanha a transmissão em tempo real do Futebol Portenho pelo Twitter, pode ter certeza que você já topou com ele por lá. Ele adorava essa rede social. Fazia praticamente toda a rodada sozinho. E ficava puto quanto alguém perguntava algo que ele tinha acabado de tuitar. Mas, diferentemente de mim, ele respondia, ainda que sem demonstrar essa indignação.
A importância do crescimento dele no site é tamanha. Ele ainda é a segunda pessoa que mais publicou matérias no Futebol Portenho durante os quase sete anos no ar. Foi meu braço direito por muito tempo. Não poderia ser diferente que o seu primeiro texto fosse sobre o seu glorioso Huracán. Curiosamente, horas depois do contato inicial que tive com ele. Sério, ele era foda!
No futebol, ele conhecia sobre tudo. Diferentemente dos assuntos geeks, que vez ou outra o Caio Brandão toca e deixava o Tiago sem saber o que falar (ou melhor: soltando um ‘que porra é essa, cara?!’). Era torcedor também do Uruguai, Peñarol, Grêmio, Ponte Preta, Atlético Mineiro, Santa Cruz e Volta Redonda, sempre com base em anos de vivência nas localidades de cada um. E algum outro time que eu possa ter me esquecido.
Sim, ele não torcia para a Argentina, mas amava aquele país. E seu Huracán, a quem pôde voltar a desfrutar pessoalmente ano passado em plena Recife, na Sul-Americana. O título não veio, mas o clube ainda lhe permitiu saborear um 3-1 no clássico com o San Lorenzo há duas semanas. Seu twitter @melogtiago escancarou em 12 de setembro, e depois em 5 de novembro, as origens do sentimento, datado dos anos 70 – a outra paixão estrangeira, pelo Peñarol (e seleção uruguaia), se desenvolveu em circunstâncias infelizmente semelhantes, mas com desfecho mais feliz.
O fato é que o Tiago de Melo Gomes me ensinou a gostar mais de história. Me apoiou quando eu disse que gostaria fazer um curso de geografia – algo do qual eu ainda não fiz. Ele ensinou, em alguma coisa, a todos os membros atuais e que já passaram pelo site. Mostrou o que é ser uma pessoa leal, justa, humana e amiga. Eu, particularmente, o respeitava e o ouvia demais.
Infelizmente, boa parte do clã do Futebol Portenho não o conheceu pessoalmente. E é isso que mais dói, pois quem o conheceu pessoalmente sabe mais do que nós o quanto ele era alguém bom, de um coração gigante.
De todas as pessoas que deixaram o site – inclusive ele, em duas oportunidades -, essa, sem dúvidas, é a mais dolorida. Pois sabemos que não há volta. Mas também sabemos que em algum lugar ele estará nos observando e nos apoiando de alguma forma. E claro, bradando a cada gol do Huracán!
Estás presente em nossa vida, Tiago! Sempre!
Sentiremos saudades eternas!
Equipe Futebol Portenho
Oi pessoal, me chamo Fernando e sou irmão do Tiago.
Gosto muito desse texto, retrata muito bem o que ele sempre será. E sempre que a saudade aperta aqui eu venho dar uma lida.
Parabéns e obrigado pelo por essa oportunidade dada a ele. Saibam que era bem recíproco, ele demonstrava sempre muito carinho com o site e bastante orgulho de fazer parte.
Um abraço.
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