Em Santa Fe, River e Patronato fizeram um excelente jogo de futebol. O Patrón igualou as ações na primeira etapa e foi superior na segunda. De forma que mereceu o resultado e de forma que todos os dramas possíveis foram deixados para a última rodada da B. Tudo pode acontecer, inclusive o fato de que o River pode ir à promoción. Isto porque o Patronato atuou com bravura e competência. Mas principalmente pelo fato de que, no duro embate em Santa Fe, a Fortuna apareceu novamente. Só que desta vez, curiosamente, ignorou os mais fortes e flertou com carinho e meiguice com um time comum, um “fraco da história”, o Patronato de Paraná.
Visto por todos como uma final para o River, o duelo em Santa Fe ganhou o controno de defesa da moralidade perdida para o Patrón. Isto porque a declaração de Pereira, e sua repercussão, diminuiu muito os méritos da vitória rojinegra diante do Central, na rodada anterior. Então as duas equipes propuseram o jogo. E ele ficou aberto.
E desde os primeiros minutos a perspectiva de um bom jogo se concretizou. Dispostas de maneira ofensiva, as duas equipes buscavam o ataque à sua maneira. O River, através do jogo articulado e a partir de Chori Domínguez, no meio, e do deslocamento rápido de Cavenaghi, mais à frente. Como referência, Trezeguet se colocava como um pivô típico e ficava à espera de uma bola para guardar. Ela não chegou. E o River ficou em desvantagem.
O Patronato, por sua vez, recuava as duas linhas em uma tática de alta proteção dos flancos do campo e do congestionamento de ao menos dois homens circulando Trezeguet. Combatendo forte no meio e à frente da área de Bértoli, recuperava muitas pelotas e gerava várias situações de gol. Em uma delas, aos 17, Marcelo Acosta foi o nome do gol. 1×0 Patrón.
Bértoli apareceu depois para fazer a mesma coisa que fez logo no quarto minuto de jogo. Um milagre. Trezeguet se frustrou. O mesmo episódio salvador voltou a ocorrer por três vezes. Em duas delas, Cavenaghi esteve cara a cara com o porteiro, que se destacou nas jogadas feito um adolescente cheio de elasticidade.
E quando não defendia, o porteiro contava com a sorte. Como aos 28 minutos. Cavenaghi fez ótima jogada individual e arrematou de fora da área. A pelota acertou a trave, bateu nas costas de Bértoli e foi para fora. Um sinal de que talvez a sorte estivesse se afastando do Millonario.
O jogo do Patrón era variado, mas tinha em Quiroga o seu centro nervoso. Pivoteando, voltando e arriscando o atacante de Paraná, o atacante infernizava a defensiva de Vega. Aos 21, Quiroga voou bem alto e cabeceou para o arco. Já saia para a comemoração, quando se deu conta de que Vega tinha operado o seu milagre. De tal forma que o resultado foi justo apenas pelo fato de que foi o Patrón quem teve mais competência para guardar a pelota.
Na segunda etapa o plano do River de abafar o rival foi logo por terra ao se deparar com a disposição do Patrón em levar os três pontos para Paraná. Guzmán e Pereira recuaram para a proteção da primeira linha defensiva e bloquearam a área de Bértoli. Também permitiu à zaga que atuasse com mais tranquilidade e parasse com a rifa da bola da primeira etapa.
Dessa forma, o River se viu obrigado a utilizar-se de uma criatividade-extra para chegar ao arco de Bértoli. E a prova de que o porteiro esteve mais protegido foi o fato de que não precisou fazer os milagres do primeiro tempo.
Da recuada de Pereira e Guzmán ficou claro que o uruguaio se colaria na zaga e apenas sairia dali na cobertura e às laterais. Enquanto isso, Guzmán se deslocaria até a meia cancha na ajuda também à criatividade dos jogadores do meio. Guzmán virou um monstro em campo. Disto resultou que o Patrón passou a ter o domínio absoluto do jogo.
E enquanto o Millo ficava órfão da criatividade e utilizava-se de suas individualidades, o Patrón gerava inúmeras jogadas de perigo a partir de um plano racional para encaminhar a partida. Mesmo que suas inúmeras chances não redundassem em gols o fato é que pouco a pouco iam desgastando a zaga e intimidando o River.
Embora as camisas dos dois times não tivessem o mesmo peso, dentro de campo prevalecia a força de conjunto e a inteligência tática do Patrón. No arco, Bértoli, na zaga Pereira e Guzmán trancavam o ferrolho; no meio, o gigante Bustos e, na frente, como um lutador, por vezes solitário, o excelente Matías Quiroga. Tudo caminhava desse jeito e o Patronato fazia jus à sua vitória. Contudo, a Fortuna precisava aparecer de vez em Santa Fe. E ela apareceu.
Aos 40 minutos do segundo tempo, o árbitro Lunati assinalou pênalti para o River. Chori Domínguez foi para a bola e perdeu. Ou poderíamos dizer que Bértoli fez uma excelente defesa. Contudo, vale dizer que a intervenção do arqueiro foi um momento claro da intervenção da Fortuna. Ela que sempre esteve ao lado dos fortes se apresentou na cancha do Colón no dia em que, sabe-se lá porque, resolveu flertar com a luta e o empenho do bravo Patronato de Paraná. Um resultado justo na partida e mais justo ainda para a competição, que merecia ter esse grau de decisão justamente na última rodada.
Patronato: Sebastián Bértoli; Gabriel Graciani, Walter Andrade, Ignacio Bogino y Lucas Márquez; Leonardo Acosta, Marcelo Guzmán, Daniel Pereira, Gabriel Bustos e Emanuel Urresti; Matías Quiroga. Técnico: Marcelo Fuentes
River Plate: Daniel Vega; Leonardo Ponzio, Leandro González Pírez, Jonatan Maidana, Ramiro Funes Mori; Martín Aguirre, Ezequiel Cirigliano, Lucas Ocampos; Alejandro Domínguez; Fernando Cavenaghi e David Trezeguet. Técnico: Matías Almeyda
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" Fortuna apareceu novamente. Só que desta vez, curiosamente, ignorou os mais fortes e flertou com carinho e meiguice com um time comum, um “fraco da história”, o Patronato de Paraná."
Cara, você é muito bom, tem o dominio das palavras certas e uma visão detalhada de como foi o jogo. torço para o River mas concordo inteiramente com a sua análise da partida. Com todo respeito ao site,que eu sou fã, mas eu acho que uma rádio ou emissora de tv precisa te levar embora.
Caro Joza, aquela cervejada se aproxima. River campeão!