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Os desacreditados contra a América – Vélez Sarsfield

Desde o dia em que Carlos Bianchi, Chilavert, Basualdo e companhia calaram o Morumbi, o Fortín conseguiram uma glória continental que nem San Lorenzo e nem Huracán sequer se acercaram. A vaga para a Libertadores veio de prêmio pelo sétimo título nacional, embora conquistado de forma altamente polêmica no jogo final. A hinchada Fortinera é a 6ª maior na Argentina. Características gloriosas que usualmente pertencem aos gigantes. Entretanto, o fato da crítica e da imprensa mundial lamentarem a ausência dos “cinco grandes” demonstra que o Vélez Sarsfield ainda se encaixa como desacreditado contra a América.

Mas não da para esquecer que as pompas Fortineras de chegar como uma das principais forças argentinas são essencialmente recentes. Na Libertadores não marcavam presença desde a eliminação para o Boca Juniors nas oitavas-de-final em 2007. Que Xeneize pode esquecer aquele jogo folclórico quando Gaston Sessa foi expulso após um pênalti cometido na voadora? Muito embora tenha sido por uma diferença mínima no placar agregado (3 x 0 na Bombonera, 3 x 1 no Amalfitani).

Após esta queda, não se viu mais nenhuma campanha brilhante do Vélez nos torneios que seguiram. No Apertura 2008, amargaram um insólito 9º lugar.  Só que de certa forma, este foi o estopim para o clube despertar a força dominante que possui hoje. Trouxeram Sebá Dominguez e revelaram Nico Otamendi. Tiraram Hernan Rodrigo López do banco. Investiram pesado em Maxi Moralez, ex-Racing. E o mais importante, substituiram Hugo Tocalli por Ricardo Gareca.

Sendo um dos poucos times com superávit financeiro na Argentina, isso tudo foi possível e trouxe o Clausura 09 como prêmio. Muito embora ninguém conseguirá esquecer as circunstâncias do jogo culminante para a volta olímpica. Num cruzamento escorado de cabeça por Lopez, Cristaldo chega de voadora no goleiro Monzon. Nenhuma falta marcada, e o rebote foi aproveitado por Moralez, destruíndo o empate que dava o título ao “Tiki-tiki” do Huracan. A imagem de Angel Cappa desolado após o gol foi o emblema da tristeza que ficou daquela partida.

Contudo, os méritos do esquema e do elenco montados para chegar a tal glória jamais podem ser desconsiderados. Com Sebá e Otamendi na dupla de zaga, Diaz e Papa nas laterais, o time consolidou uma defesa sólida a ponto de ter segurado Pastore, Nieto e De Federico em grande fase. Zapata e Cubero ajudaram ao cobrir as subidas ofensivas. Moralez, mesmo machucado em boa parte do tempo, foi decisivo por si só, e dando assistências preciosas à Cristaldo e ao charrúa López.

E como se isso não fosse suficiente para o Fortín se impor, trataram de chamar de volta Santiago Silva, em excelente fase como artilheiro e campeão pelo Banfield. O Tanque chega justamente para atender uma necessidade de Gareca que atrapalhou o time no Apertura passado: o número excessivo de gols perdidos. Eis que agora, eles tendem a atingir um equilíbrio que os bota como candidatos ao título.

Todavia, muito provavelmente um bicampeonato ainda não seria suficiente para colocar o Vélez Sarsfield dentro da ala respeitável dos “grandes argentinos”. Tal qual já acontece com o tetracampeão Estudiantes. Mas tanto Pinchas quanto Fortineros podem alegar o que o coração deles já sabe tão bem: a alegria ao vivo e a cores de agora é melhor do que a distante memória nostálgica em preto e branco dos que hoje não celebram nada.

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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