Os “argentinos” da seleção paraguaia
A seleção paraguaia que enfrenta o Brasil hoje em Córdoba é uma das mais “argentinas” de todos os tempos. Isso se deve a duas razões. Primeiro, os jogadores paraguaios que atuam por clubes argentinos. Segundo, os jogadores argentinos que atuam pela seleção guaraní, em função de serem descendentes de paraguaios que migraram para a Argentina.
O melhor exemplo é o volante Nestor Ortigoza, titularíssimo da seleção paraguaia. Nascido na Argentina, o jogador de 26 anos construiu toda a sua carreira em seu país natal, e após brilhar no Argentinos Jrs., clube pelo qual conquistou o Clausura 2010, se transferiu para o San Lorenzo no início de 2011. No entanto, sendo filho de pai paraguaio e sem chances de atuar pela albiceleste, optou por defender a seleção do país de seus ancestrais.
Outro atleta que forma entre os onze titulares paraguaios contra o Brasil é Marcelo Estigarríbia, do Newell’s Old Boys. O meia de 24 anos é nascido no país, e após uma passagem pelo futebol francês chegou ao clube de Rosário. Entre os reservas há outros casos do gênero, como o goleiro Roberto Fernandez e o zagueiro Marcos Cáceres (Racing) e o lateral Aureliano Torres (San Lorenzo).
Mas o caso mais emblemático talvez seja o do atacante Lucas Barrios, que nasceu na Argentina, construiu a maior parte da carreira no Chile e se consagrou no Borussia Dortmund, da Alemanha. Mas sendo descendente de paraguaios, foi convidado para atuar pela seleção guaraní, e aceitou, pela possibilidade de disputar um mundial. O fato foi muito criticado pelo mundo afora, sendo para muitos um caso de um país que “contrata” estrangeiros para sua seleção baseado em brechas legais.
Casos assim devem se repetir. Com a globalização do futebol, mais e mais jogadores de países com menor poder de fogo econômico podem ser incorporados por vizinhos mais poderosos. E com a crescente imigração paraguaia (para não citar bolivianos e peruanos) para a Argentina, casos como os de Barrios e Ortigoza poderão se tornar mais frequentes.