Levou tempo, mas aconteceu. A idéia de jogo segue intacta, e com razão. A posse de bola e o protagonismo com a mesma nos pés são marcas registradas da Argentina de Tata Martino, que com certo custo tem modificado gradualmente as variações no sistema. A idéia em relação ao 4-3-3 referencial permanece, com três meio-campistas atrás de três atacantes, sendo um deles Lionel Messi, partindo inicialmente pela direita. O que mudou foi o comportamento dos jogadores dentro do sistema.
Com mobilidade, mais 4-2-3-1 que 4-3-3 e Lionel Messi solto, livre para circular, vindo de trás buscando a referência no centroavante. A faixa direita do campo hoje pertence menos ao camisa 10 da Argentina, lugar onde cravou os pés e parecia não sair mais na final da última Copa América, contra o Chile em Santiago. Finalmente mudou. A comparação de 2014, ainda com reflexos em 2015, em relação aos dois últimos jogos da Argentina nas Eliminatórias mostra a mudança de comportamento, como no vídeo a seguir:
No último amistoso, contra Honduras, a clara exposição do que Martino pretende nos Estados Unidos. Biglia e Mascherano na retaguarda para que o trio de meio-campistas suba ao ataque. Talvez Banega seja o mais indicado para a sociedade com Messi, com a bola nos pés, esperando que Di María puxe a marcação pelo setor esquerdo.
Apesar de fazer com que sua polivalência e tamanho vigor físico prevaleçam, marcando e avançando, Di María é mais atacante com Martino. Por vezes o losango no meio-campo voltou a ser formado, como Sabella já idealizou na campanha do Mundial 2014, e Di María pode ser a válvula de escape do sistema ofensivo. O 4-2-3-1 naturalmente se torna 4-3-1-2, ou 4-3-2-1, quando Messi sincroniza, mais centralizado, a subida com Di María.
A dedicação defensiva ainda é uma incógnita. Talvez o exemplo mais nítido tenha sido exposto em Barranquilla, na heróica vitória contra a Colômbia pelas Eliminatórias. Em um jogo com tamanha dedicação sem a bola, o 4-1-4-1 foi aplicado, em uma tarde com alto nível de Biglia e Banega.
A Copa América tem uma cobrança extra para os argentinos. O jejum de títulos que tanto incomoda faz com que em certos momentos os jogos tenham o peso de uma Copa do Mundo para a Albiceleste. Martino declarou que nos treinos não tem percebido tal pressão nos jogadores, mas que os mesmos sempre abordam o assunto nas entrevistas. O trajeto para a Copa do Mundo depende muito de como a Argentina demonstrará evolução nos Estados Unidos, antes que a busca por mais mudanças vire retrocesso no caminho para a Rússia. Martino, Messi e compania, chegou a hora de ganhar.
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