Tomara que eu quebre a cara. Que esse texto volte à tona depois como previsão furada. Mas precisava escrevê-lo, pois tanto Messi quanto a imprensa brasileira apontam um favoritismo argentino. Discordo.
Vamos esquecer aquela Argentina de 2014. Aquela que por MUITO pouco não venceu a Alemanha acabou com a saída de Alejandro Sabella. A Argentina que encara o Paraguai hoje (12) não é “A” favorita. Favorito mesmo, “O” favorito, é o Brasil, e vou explicar.
Sabella aplicava um futebol cirurgico e cauteloso. Sabia que a defesa era o ponto fraco da Albiceleste, com zagueiros fracos e lentos. Por isso, priorizava a marcação com três volantes recuados, e na criação, Messi e Di Maria acionavam o ataque de estrelas como Higuain e Aguero.
Martino? Meu amigo Junior Marques o define muito bem como aprendiz do Loco Bielsa. Com o Tata, o time pressiona com marcação avançada, e se solta com dois pontas num 4-3-3. Messi sai do meio e parte da direita, embora tenha liberdade para flutuar. Com o novo técnico, a Argentina não espera, mas protagoniza o jogo com a bola nos pés.
Com um arsenal de ataque que possui Messi, Tevez, Aguero e Higuaín, Di Maria na ponta e Pastore ganhando espaço, isso poderia ser uma virtude. Um dia, com paciência, vai ser sim. Hoje, ainda não. A Argentina precisa de tempo para adaptar-se a filosofia de Martino. Hoje, os atacantes ainda são pouco decisivos, e a defesa sofre sem os volantes próximos.
A vantagem está na forma e na fase dos jogadores que estão hoje do outro lado dos Andes. Messi brilha mais do que em 2014, e Martino tem menos lesionados que Sabella (no Brasil, Aguero, Higuain e Di Maria baixaram à enfermaria).
Nunca é prudente duvidar de Lionel Messi. A Copa América para ele é a chance de finalmente ganhar um título como capitão da Selección, carente de troféus desde 1993. Mas olhando por uma perspectiva mais realista, o Brasil está totalmente encaixado ao futebol proposto por Dunga, com Neymar voando quase tão alto como La Pulga.
Francamente, planejando à longo prazo, a Copa América ajudará a Argentina a se acostumar as boas ideias de Martino, para se aperfeiçoar nas Eliminatórias e, se conseguir a classificação, chegar chegando na Copa 2018. Um título conquistaria confiança. Mas a chance é maior de que ele não venha.
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