Ontem, o Racing enfrentou o Racing e o Gimnasia LP pegou o Gimnasia LP

Milito, que jogou pelos dois Racings, estrelou a divulgação da partida

As manchetes de ontem foram voltadas a nova decepção da seleção. Assim, o único festejo alviceleste no domingo argentino ocorreu em Avellaneda. Os torcedores celebraram em dose dupla. Não pelo clube e pela Argentina, e sim por acompanhar o encontro entre os dois últimos elencos campeões nacionais pela Academia. Diego Milito, o único presente em ambos, jogou um tempo por cada. Outro elemento em comum foi a Topper, empresa que forneceu as camisas nas duas conquistas.

Apesar de formado por veteranos ou aposentados, o time de 2001 abriu o placar, bem cedo. Foi aos 3 minutos, com a cabeça de Maximiliano Estévez, justamente o concorrente de Milito pelo posto de maior artilheiro do clube na era dos torneios curtos. Em respeito às condições físicas daqueles que encerraram um jejum de 35 anos, a partida foi realizada em tempos de 35 minutos. Aos 19, Francisco Cerro empatou.

No intervalo, a enésima homenagem a Reinaldo Merlo, o técnico de 2001. El Mostaza, como jogador, defendeu apenas o River, a ponto de ser quem mais partidas jogou pelos millonarios. Aquele título redentor, tão importante aos racinguistas a ponto de já ter rendido até estátua para o técnico, veio justamente sobre o ex-clube dele, que estava na última chance de celebrar o centenário com uma taça. Dessa vez, Merlo recebeu uma placa comemorativa.

O segundo tempo começou como o primeiro: 3 minutos e gol do Racing de 2001, gol de pênalti de Milito – que era reserva naquela conquista e por isso coerentemente entrou como substituto dos representantes dela, passando a vestir o modelo retrô da Topper relembrando aquela camisa agressiva, com um azul celeste forte integrado a detalhes em azul marinho dando a imponência necessária a quem havia começado aquele campeonato ameaçado de rebaixamento. El Príncipe entrou no lugar do mesmo homem a quem substituíra no jogo que quebrou o tabu, Rafael Maceratesi.

Coube ao outro talismã de 2014, Gustavo Bou, que havia errado pênalti, evitar a dois minutos do fim a derrota dos campeões mais recentes. Depois todos os jogadores receberam medalhas, bem como os técnicos Merlo e Diego Cocca.

Milito pelo Racing de 2014. Marcaria gol pelo de 2001, no segundo tempo

O encontro rendeu a curiosa ocasião em que os goleiros Diego Saja e Gustavo Campagnuolo voltaram a defender o mesmo clube: no primeiro semestre de 2001, ambos se alternaram no título do San Lorenzo no Clausura, com Saja levando a melhor na reta final. Assim, Campagnuolo fora repassado no segundo semestre ao Racing, conseguindo no Apertura um bi seguido individual e ficando por anos a fio como titular. Saja foi justamente seu sucessor na Academia e venceu ano passado.

O único titular de 2001 ausente foi o volante Gustavo Barros Schelotto (Carlos Arano atuou em seu lugar), ocupado na tarde de ontem com outro amistoso comemorativo, o que seu amado Gimnasia LP fez para arrecadar fundos para o ex-jogador Maxi Kondratiuk – ele sofre de doença rara que o condenou a uma cadeira de rodas. Similarmante, o Lobo opôs seu elenco atual, reforçado pelo técnico e seu ex-jogador Pedro Troglio, contra um combinado de ídolos do passado e convidados, dentre os quais Enzo Francescoli e Oscar Ruggeri, que jamais defenderam os alviazuis.

Também foi um empate, em 3-3, com o próprio Gustavo marcando um dos gols para os ídolos, que representados também pelo irmão gêmeo Guillermo Barros Schelotto, pelo longevo lateral uruguaio Guillermo Sanguinetti (o trio foi figura nos vice-campeonatos dos anos 90), pelo último tripero na seleção argentina (Fabián Rinaudo, em 2010), pelo talismã contra o rebaixamento em 2009 (Franco Niell) e, na reserva, pelo goleiro Carlos Navarro Montoya (titular no vice de 2005), dentre outros.

Para saber mais do título de 2001 do Racing, clique aqui. Sobre os bons momentos que o Gimnasia LP teve entre os anos 90 e 2000, falamos aqui. Abaixo, as escalações desses dois jogos:

Racing 2001: Gustavo Campagnuolo (Gastón Pezutti), Francisco Maciel, Gabriel Loeschbor (Javier Lux), Claudio Úbeda (Luciano Sapia) e Martín Vitali (Carlos Ramos), Adrián Bastía (Vicente Principiano), Carlos Arano (Alexander Viveros), José Chatruc (Gustavo Arce) e Gerardo Bedoya (Diego Loscri), Maximiliano Estévez (Leonardo Torres) e Rafael Maceratesi (Diego Milito, depois Manuel García). T: Reinaldo Merlo.

Racing 2014: Sebastián Saja (Nelson Ibáñez, depois Juan Musso), Iván Pillud, Luciano Lollo (Nicolás Sánchez), Yonathan Cabral (Pablo Alvarado) e Leandro Grimi, Gastón Díaz, Ezequiel Videla, Francisco Cerro (Mariano Bareiro) e Marcos Acuña (Germán Voboril), Diego Milito (Facundo Castillón) e Gustavo Bou. T: Diego Cocca

Gols: Estévez (3/1º), Cerro (19/1º), Milito (3/2º) e Bou (33/2º). Árbitro: Alejandro Derevnin.

Gimnasia LP: Nicolás Navarro, Facundo Oreja, Osvaldo Barsottini, Maximiliano Coronel e Matías Noble, Pedro Troglio, Roberto Brum e Ignacio Fernández, Antonio Medina, Nicolás Mazzola e Maximiliano Meza.

Ídolos e convidados: Fernando Monetti, Guillermo Sanguinetti, Abel Masuero, Oscar Ruggeri e Martín Pautasso, Gustavo Barros Schelotto, Fabián Rinaudo, Franco Mussis e Guillermo Barros Schelotto, Enzo Francescoli e Franco Niell.

Gols: Meza, Mazzola, Medina, Francescoli, Gustavo Barros Schelotto e Gonzalo Vargas. Árbitros: Fernando Rapallini e Mauro Vigliano.

O homenageado Kondratiuk. Ao lado, Ruggeri, Francescoli e Guillermo Barros Schelotto. Ou Gustavo?
Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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