Desde Buenos Aires – Nem bem terminou a partida em Rosario com a vitória do Newell’s sobre o River Plate por 1 a 0, e todos os meios locais imediatamente começaram a repercutir a polêmica anulação do gol de mão de Chino Luna aos 33 do segundo tempo, que significaria o empate do Millonario. Nesta segunda-feira a discussão persiste em ecoar nas rádios, televisão e páginas dos principais jornais impressos do país.
Mas se o gol foi de mão -como o próprio jogador admitiu em entrevista ainda em campo logo após o final do jogo- e corretamente anulado, por que tamanha confusão? Pela forma como tudo aconteceu. Todos admitem que se impediu que um ato de injustiça fosse cometido, mas o questionamento fundamenta-se na maneira como o árbitro Cevallos ficou sabendo da jogada irregular.
Assim que mandou ilegalmente a bola para o fundo das redes, Luna levantou e correu para comemorar com os seus companheiros. Até aí tudo normal, fazia parte da interpretação. Cevallos, demonstrando uma dúvida inaceitável para um ábritro de primeira divisão, timidamente apontou para o meio de campo dando a impressão que validava toda a ação. O bandeirinha que marcava o ataque Millonario, Hernán Maidana, também iniciou a sua trajetória até a linha que divide o campo, porém, carregado de dúvidas e incertezas, decidiu deter a sua marcha.
Imediatamente sofreu uma pressão absurda de Gerardo Martino, que chegou a ser expulso em função da veemência de sua reclamação com o auxiliar (com direito a mãos no o rosto de Maidana) e de Scocco, que só não foi expulso porque o árbitro já tinha problemas de mais para lidar naquele instante. O bandeirinha pressionou com o dedo indicador um dos ouvidos que estava conectado a um aparelho de comunicação e resolveu marcar o toque ilegal. Logo em seguida o árbitro da partida anulou o gol, aceitando a sugestão de Maidana.
Segundo sustentam muitos jornalistas argentinos, jogadores do River e surpreendentemente até mesmo alguns atletas da Lepra, o auxiliar só confirmou a infração após ter sido avisado através de um ponto eletrônico que o replay da televisão deixava claro o toque ilegal de Luna. O que também está errado, já que o trio de arbitragem não deve sofrer influência de nenhuma ação externa em suas decisões.
Tudo isso levanta mais uma vez a tão cansativa discussão sobre o uso de tecnologia no futebol para resolver questões dessa natureza. Alguns dizem que simples ações como a implementação de chips na bola para saber se essa ultrapassou a linha do gol, ou o uso de replays em situações assim evitariam todo esse desgate público. Seria o método mais justo e imparcial, além de atribuir credibilidade ao campeonato.
Outros que levantam e defendem a bandeira contra o futebol dito “moderno”, alegam que com isso o esporte perderia alguns de seus condimentos; como o imprevisto, o inusitado e o improviso. Como se o proibisse de seu aspecto mais puro: a malandragem, comum pelos campos desse continente. O que iria se tornar então o famoso gol de mão de Maradona contra os ingleses na Copa de 86?
E você, de que lado está?
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