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O fim de um torneio emblemático

Lance de Argentina x Brasil em Núñez - 1976

A edição da Copa Roca de 1976 seria disputada em conjunto com a Taça do Atlântico. A Taça do Atlântico foi uma competição que reuniu Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Em 1976, a Taça seria disputada pela terceira e última vez. E, numa demonstração do principal motivo pelo qual terminou, a falta de data, a Copa Roca foi disputada simultaneamente à Taça do Atlântico.

Após ter jogado com Uruguai e Paraguai respectivamente, Argentina e Brasil se enfrentaram em 27 de fevereiro de 1976 em Buenos Aires, no Monumental de Núñez. Como é praxe nos confrontos entre brasileiros e argentinos, um gol saiu logo no começo do jogo. Após cobrança rápida de falta de Marinho Chagas, Lula recebeu a bola e encobriu o goleiro argentino La Volpe. Daí para frente, o Brasil se fechar bem na defesa e armou bons contra-ataques. O primeiro tempo terminou com vantagem brasileira.

A Argentina voltou melhor para a segunda etapa. Apesar do domínio territorial e do virtuosismo de Bochini, o time comandado por Menotti não conseguia definir ao gol. O Brasil, que seguiu apostando nos contra-ataques, ampliou aos 20 minutos. Zico, numa bela cobrança de falta, enganou os zagueiros e o goleiro argentino, que pensaram que Marinho Chagas cobraria a falta. Com 2 a 0, a Argentina passou a pressionar cada vez mais o Brasil, atacando de forma desordenada. A garra foi premiada com um pênalti em cima de Ortiz. Mario Kempes cobrou e diminuiu, mas o Brasil segurou o jogo até o final e venceu a partida.

Dois meses e meio depois brasileiros e argentinos voltariam a se enfrentar, agora no Maracanã, numa noite de quarta-feira, 19 de maio.  Mais de 50 mil pessoas estiveram presentes e viram as duas seleções com várias modificações em relação ao último jogo. Pelo lado da Argentina, o time que esteve em campo já era a base do time que conquistaria o título da Copa do Mundo dali a dois anos. O Brasil ainda teria muitas alterações em relação ao time que iria à Copa.

Após um primeiro tempo com domínio brasileiro mas pouco movimentado e sem gols, o Brasil voltou mais efetivo no segundo tempo. Mesmo com as entradas de Alonso e Valencia, que Menotti apostava que seriam destaques na Copa, a Argentina não correspondeu às expectativas e aceitou ser dominada. Assim, aos 19 minutos, Lula recebeu passe de Rivellino e abriu o placar. Faltando dois minutos para o final do jogo, o estreante Neca empurrou para as redes argentinas, após confusão na área. A vitória por 2 a 0 deu à seleção brasileira o título da Copa Roca pela oitava vez e a sua manutenção definitiva, ao menos até 2010.

O fim do jogo do Maracanã representou também o fim da Copa Roca. Entre os motivos para a extinção do torneio, a falta de datas para a convocação e a apresentação das seleções e a falta de motivação dos jogadores, que preferiam disputar torneio mais importantes e lucrativos com seus clubes. Era o fim de um torneio onde craques do quilate de Pelé, Moreno, Labruna, Leônidas, Pedernera e Heleno de Freitas desfilaram sua classe e categoria pelos campos argentinos e brasileiros

Alexandre Leon Anibal

Analista de sistemas, radialista e jornalista, pós-graduação em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte. Neto de argentinos e uruguaios, herdou naturalmente a paixão pelo futebol da região. É membro do Memofut, CIHF, narrador do STI Esporte (www.stiesporte.com.br ) e comentarista do Esporte na Rede, programa da UPTV (www.uptv.com.br ).

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