Libertadores

Na raça e também no vacilo do Verdão

Jogada do jogo. Kléber estava pronto, mas dormiu na jogada e permitiu heroica recuperação de Orbán

O clima pré-jogo era bélico e pouco apropriado para o cotejo em Victoria. Só que nada disso aconteceu na prática. Assim como nada aconteceu no jogo, nos primeiros 45 minutos. Já no segundo tempo, o jogo foi outro. As duas equipes buscaram a vitória e seria justo que uma delas a conseguisse. Deu Tigre já nos acréscimos do jogo. E a vitória foi na raça, na determinação de uma equipe limitada, mas guerreira. E também no vacilo do Palmeiras, que deu uma grande lição de imaturidade pouco condizente com a experiência do clube na Copa.

O cotejo começou bastante sonolento e foi assim até o final da primeira etapa. De qualquer forma, o conjunto local foi ligeiramente superior ao “Verdão”. Em parte porque o meio campo matador levava vantagem nas principais disputas. Gorosito levou a campo uma formação com 3-4-1-2. Ou seja, uma forte pegada no meio-campo e, ao mesmo tempo, a possibilidade de Rubén Botta ficar livre para criar as principais jogadas do conjunto local.

E no duelo dos dois artistas do meio-campo, o enganche argentino deu de dez no “Mago” Valdívia, que, a bem da verdade, ainda se ressente do melhor de sua condição física. Botta articulava o jogo no meio e ligava o ataque matador até com certa facilidade. Só que se o enganche se destacava pela mobilidade e técnica os atacantes locais estavam longe de fazer uma boa apresentação.

Chances de gol ocorreram de qualquer forma. E elas foram principalmente para o Matador. Na principal, aos 20 minutos, Botta entrou na área com a pelota dominada e por muito pouco não abriu o placar para o conjunto matador. Aos 30, a pelota foi alçada para a área e já encontrava a cabeça de Echeverría no segundo pau. Não fosse por Prass e o placar seria aberto em Victoria. Essas jogadas ocorreram principalmente porque o meio-campo local começou a adiantar a marcação e empurrar o enganche Botta para o ataque. Próximo de Pérez García e Santander, o Matador chegava com praticamente três atacantes à área de Fernando Prass.

Se o embate não foi dos melhores na primeira etapa, no segundo a história foi bem diferente. As duas equipes voltaram a campo com mais iniciativa e disposição. No Tigre, a disposição era a de chegar logo às redes para não se expor tanto ao contragolpe do Verdão. Já o conjunto dirigido por Kleina não fazia diferente. Tentando abrir o jogo pelos flancos, o Palmeiras passou a incomodar a defensiva local, ao explorar o jogo sobretudo pelo lado direito.

À medida que o tempo passava as coisas ficavam ainda mais interessantes para as duas propostas de jogo. Kleina colocou Maikon Leite no jogo e dinamizou o ataque brasileiro ao diversificar mais o jogo também pelo flanco esquerdo. O jogo ia ficando rápido e aberto. O Matador buscava a vitória e tentava colocar o visitante preso no seu campo de defesa. No início deu certo. Só que depois, o conjunto de Parque Antáctica encontrou de vez uma maneira de encaixar o contragolpe.

Isto ocorreu principalmente porque Kleina tirou Wesley e pôs Patrick Viera no jogo. Wesley não manejava bem a pelota e centralizava excessivamente as arrancadas verdes rumo ao arco de Cousillas. Esta nova situação permitiu ao Palmeiras que superasse o Matador por alguns momentos da segunda etapa. As chances de gol ocorreram para as duas equipes. Muitas delas poderiam ter resultado em gols. Chamou a atenção a chance que Kléber teve para matar o jogo. Após rápido contra-ataque, o atacante ficou sozinho na frente do porteiro Cousillas. Só que dormiu na jogada e permitiu a recuperação de Orbán.

No final, já nos acréscimos, a zaga do Palmeiras deu uma ajudinha para o Matador. Charles fez uma falta desnecessária e permitiu que a pelota fosse alçada à área de Prass. Bola no alto e nova falha da zaga verde, que deixou dois homens do Tigre sem marcação. Não teve jeito: após certa “linha de passe” na pequena área, Gabriel Peñalba guardou a pelota no arco de Prass. Um castigo para o time brasileiro, mas um resultado merecido para o Matador, já que pelo segundo tempo de ambas as equipes, um deles tinha de sair com três pontos. Venceu quem superou o seu rival apenas em um quesito: na experiência.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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