Mulher de Romero critica corte. A prova de que na Seleção Argentina, qualquer gota d’água é uma tempestade
Em 2014, os maiores pesadelos internos da seleção argentina foram as redes sociais (com as brigas de Aguero e sua ex-mulher), os problemas pessoais (Lionel Messi após a morte de seu amigo durante o Mundial), os cortes (de Banega, principalmente) e as lesões (Di Maria). Em um mundo globalizado é bem comum que isso acontece. Mas em uma seleção que não ganha nada há 25 anos, qualquer gota é uma tempestade. Para este ano, os cortes e a recente lesão de Romero são os principais assuntos de tumulto na AFA.
No domingo, quando vários jornalistas argentinos cravaram a lista dos 23 jogadores que iriam para a Rússia, o pai do goleiro Nahuel Guzmán divulgou uma carta questionando a hombridade de Jorge Sampaoli, que segundo o personagem, convocou Armani mais pelo clamor da imprensa do que pelo nível técnico. Na segunda-feira, foi a vez de Mauro Icardi e Ricardo Centurión debocharem através do Instagram a sua insatisfação.
Na terça-feira, tudo parecia que correria tudo bem no prédio de Ezeiza. Lionel Messi chegou cedo, acompanhou o treino de perto – não com bola, apenas observando. Tudo parecia um dia normal. Até o anúncio do corte de Sergio Romero, titular da seleção que iria para a sua terceira Copa do Mundo. Começa o corre-corre da imprensa, a indefinição de Guzmán, de fato, iria ser convocado, principalmente após as mensagens de seu pai contra Sampaoli.
Obviamente, a quarta-feira não poderia ser diferente. Os principais jornais de Buenos Aires (Clarín e La Nación) divulgaram a repercussão nas redes sociais sobre o corte de Romero. E a personagem da vez foi a esposa do jogador, Eliana Guercio. Com pouco mais de 2 mil seguidores, seu perfil fez um estardalhaço com um desabafo:
“A lesão aconteceu na partida contra a Espanha. Sergio (Romero) fará uma limpeza de um pequeno corpo solto e com um joelho que não tem nada fraturado. A recuperação demora duas semanas para estar apto. Mas os interesses particulares valem mais que a seleção para alguns”.
Várias mensagens de apoio surgiram ao decorrer do dia. Muitas delas ratificadas com palavras de especialistas, como a do Dr. Alejandro Druetto, especialista em cirurgia de joelhos, em entrevista à Rádio Mitre, garantindo que a recuperação do goleiro seria de 15 a 20 dias, podendo, sim, começar como titular na Copa do Mundo.
As críticas são pertinentes, principalmente porque há três jogadores com problemas físicos na seleção atualmente: Gabriel Mercado, Lucas Biglia e Sergio Agüero. Este último, inclusive, com uma lesão mais grave do que a de Romero. Todos eles, por sinal, devem ser titulares na Copa Mundo, na partida contra a Islândia, no dia 16 de junho.
Não se sabe quais seriam esses ‘interesses particulares’ para tirar um goleiro da Copa do Mundo. Eliana Guercio não quis entrar em detalhes. O fato é que esse é apenas mais uma gota d’água na confusa seleção argentina. E ainda faltam 25 dias para estreia no Mundial. Muita coisa ainda está por vir.
Internamente
Romero deixou o prédio de Ezeiza na noite de ontem. A perda é mais de liderança do que técnica. O jogador nunca foi unanimidade no gol argentino, mas sempre conseguiu ajudar a equilibrar o emotivo dos atletas. Curiosamente, nas duas recentes tragédias argentinas, o goleiro não esteve presente: contra a Espanha, acabou se lesionando no primeiro gol e deu a vaga para Caballero. Para Bolívia, também em um 6×1, o goleiro era Carrizo.
Em 2014, a Argentina foi para a final da Copa do Mundo muito por conta do goleiro. Contra a Bélgica, fez boas aparições. Contra a Holanda, salvou em determinados momentos durante o jogo e, principalmente, nos pênaltis. Na final, nada pode fazer no gol de Gotze, após falha do lado direito da zaga argentina. O certo é que Romero irá fazer falta no elenco da seleção.
Cabe lembrar que, nos últimos dias, nem mesmo a titularidade de Romero era tida como certa. Muitos jornalistas argentinos já colocavam Armani entre os titulares. Fato que deve acontecer. Claro, se nenhuma tragédia ocorrer nos próximos dias.