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Mesmo na B, River lidera a venda de entradas

O terrível ano vivido pelo River Plate não será apagado pela história milionária. Mas um consolo é que a torcida do clube não o abandonou em seu pior momento. Mesmo disputando a B Nacional, o River liderou com folga a venda de entradas na Argentina no segundo semestre de 2011.

Com mais de 185 mil bilhetes vendidos, o Milo liderou com folga o ranking do movimento das bilheterias argentinas. Num distante segundo lugar está o Boca, com pouco mais de 128 mil entradas. A cidade de Córdoba, conhecida pelo fanatismo de seus torcedores, marcou presença com o 3o e o 4o lugares: 110.590 entradas para o Belgrano, e 106.096 para o Instituto. Fechando a lista dos 5 primeiros vem o Independiente, com 92.912. Vale lembrar que as equipes da B jogaram uma partida a menos, já que o ano terminou com a série ainda na 18a rodada.

Um argumento que a torcida do Boca sempre utilizou para rebater o alto número de venda de entradas do rival é o alto número de sócios xeneizes, o que coloca muitos torcedores em campo sem a expedição de bilhetes. No entanto o River jogou a primeira metade do torneio fora do Monumental, e atuou diversas vezes em canchas pequenas. Na atual temporada o que realmente fez a diferença foi o fato de que vários clubes da B Nacional optaram por enfrentar o River fora de seus domínios, para aumentar a arrecadação.

O grande exemplo foi o Instituto de Córdoba, o líder da B Nacional. Ao invés de receber o gigante portenho no estádio Juan Domingo Perón (30 mil expectadores), La Gloria preferiu mandar a partida no estádio Mario Alberto Kempes, de propriedade da província de Córdoba, com o dobro da capacidade. Com a cancha abarrotada, o clube vermelho e branco viu uma inundação de bilhetes vendidos, um número quase sem precedentes na história do clube (a foto que ilustra a reportagem é da torcida do Milo inundando o setor destinado à torcida visitante na partida contra o Instituto).

Outros clubes seguiram o exemplo (uma das exceções foi o Guillermo Brown, que preferiu mandar a partida em sua minúscula cancha em Puerto Madryn, em parte por não haver estádios muito maiores por perto, em parte pela suposição de que dificilmente a Patagônia terá outra chance de ver o River Plate em breve), proporcionando a existência de um fenômeno curioso. Enfrentar o River Plate em casa passou a ser visto como uma oportunidade de obter rendas impensáveis para pequenos clubes, muitos deles sem tradição. E com isso, o River passou a vender mais entradas do que nunca, mesmo tendo descido para a B.

Confira a lista completa
Primeira Divisão
B Nacional

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

View Comments

  • Taí algo engraçado. Eu não estou contestando a matéria ou a validade de se liderar o ranking das arrecadações, mas é algo que jamais imaginei que a torcida do River fosse valorizar.

    Explico: lá pelos anos 90, época daquele timaço do Ramón Díaz, época em que o CARP ganhava título a cada quatro dias (Supercopa e Apertura de 1997), época em que o Boca não dava nem pro cheiro de algum caneco, era exatamente o contrário. Torcida do Boca vendo o time na pior e enchendo estádios; torcida do River blasé e só falando em títulos.

    Se as coisas mudaram diametralmente de lá para cá, isso só tem uma explicação: a elitização completa do Boca como clube. A vitória recente de Daniel Angelici, candidato apoiado ostensivamente por Mauricio Macri, apenas confirma o que há anos é um fato consumado: o torcedor do Boca que vai à Bombonera não é mais aquele da pizza almoçada numa cantina das redondezas. Não é mais aquele que pega um ou mais ônibus das zonas Leste e Sul da cidade para acompanhar o time. Não é mais aquele que vai e volta com dinheiro contadinho para a condução, a comida e, de vez em quando, um souvenir. Pirata, é claro.

    Hoje é mais fácil para o turista norueguês conseguir seu ingresso na Bombonera do que para o torcedor comum (renda, aliás, com fortes suspeitas de ser abrigada em contas pessoais...). Isso um dia vai matar a aura do clube que sempre se orgulhou de ser popular, em contrapartida com o arquirrival elitista que hoje brada aos quatro ventos que lota os estádios mesmo na B Nacional.

  • Ah, claro, isso aqui é muito mais delicado. E tem bem menos ênfase:

    http://www.canchallena.com/1433265-la-amenaza-de-aguilar-ya-hablare-mas-adelante-porque-tengo-muchisimas-cosas-para-decir

    Esse cara eu tenho certeza de que não é torcedor do Boca. Porque nenhum bostero teria tanta engenhosidade para f***r o maior rival. Pilhou o clube, arrasou as prolíficas categorias de base millonarias (Aimar, Saviola, Crespo, Astrada, o próprio Almeyda etc.), manteve as aparências com a ajuda de jornalistas pilantras e ainda tá prosa na FIFA. O Macri, no Boca, fez tudo isso, mas ganhou títulos. Por isso os neo-boquenses o veneram.

  • 1) Sim Márcio, é uma grande façanha e parabens à torcida milionária.

    2) Concordo Diego, mas note: normalmente quando um clube vai mal sua torcida resolve que é hora de apoiar a equipe de forma mais acentuada que o normal, para ajudá-lo a voltar, aqui no Brasil mesmo acontece bastante. Sua comparação leva a esse ponto.

    3) Mas sem duvidas existe em curso um processo que transforma os jogos do Boca em ponto turistico. Inclusive nas redes sociais e foruns de outras torcidas, a torcida do Boca cada vez mais é chamada de "os turistas". claro que é gozação, mas há algo de verdade aí, que é o que voce falou, a direçao do Boca parece ter optado por valorizar esse tipo de frequentador

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Tiago de Melo Gomes

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