Mesmo com a ‘Messi dependência’, Argentina goleia Trinidad y Tobago
O preciosismo exagerado de buscar Lionel Messi quase custou caro à Seleção Argentina em sua despedida de Buenos Aires. Que o time irá buscá-lo sempre é notório, mas faltou um individualismo em certos momentos da partida por grande parte da equipe. A vitória por 3×0 sobre Trinidad e Tobago na noite desta quarta-feira, em Buenos Aires, demonstrou isso de forma abusiva. A Argentina é dependente de Messi, mesmo quando não há a necessidade de contar com o jogador.
A vitória saiu mesmo com o jogador do Barcelona não demonstrando o bom futebol. Um retrato do que ele tem sido durante a temporada. O jogador que foi elogiado nos treinamentos, arriscando em dribles e finalizações certeiras não apareceu com tanta precisão. Sem contar a lentidão que quase fez o torcedor crucificá-lo ao fim do primeiro tempo, com um gol perdido de forma absurda – culpa também de Dí Maria, que deveria ter chutado ao gol.
Notou-se também uma certa insegurança de alguns jogadores, como o caso de Ezequiel Lavezzi. O atleta foi quem teve mais oportunidades de marcar. Sem balançar as redes, foi o que mais errou. O jogador entrou na vaga de Gonzalo Higuaín, que com dores no tornozelo, foi poupado. Além do 9 titular, Agüero, Zabaleta e Garay assistiram ao jogo do banco de reservas.
E o sistema defensivo? Apesar de jogar contra um adversário frágil, tal setor deu alguns sustos. E curiosamente Demichelis e Campagnaro foram os destaques. O primeiro foi responsável por um susto. Após cruzamento de Trinidad y Tobago, a principal surpresa da lista de Sabella para a Copa do Mundo cortou de maneira estranha, já que Romero não saiu na bola. O próprio defensor do Manchester City ainda conseguiu cortar um contragolpe de Jones. Campagnaro também travou na melhor oportunidade dos rivais argentinos no primeiro tempo.
O fato foi que no primeiro tempo a Argentina deu uma aula de como perder gols. Sem dois de seus atacantes titulares em campo, poupados, as bolas buscaram mais Ezequiel Lavezzi. E o jogador do PSG desperdiçou inúmeras oportunidades de abrir o marcador durante a partida. Lionel Messi também não ficou para trás. Em três chances, não acertou o alvo em nenhuma delas.
A primeira logo no começo do jogo. O jogador do Barcelona recebeu um passe de Dí Maria na medida, mas o preciosismo falou mais alto. Querendo agradar a torcida que foi ao Monumental de Núñez, tentou um gol de letra, mas mandou para a fora. Minutos depois, recebeu próximo a pequena área, chutou forte, rente a trave do goleiro trinitino. Mas o gol perdido da noite ainda estava por vir. Aos 45 minutos do primeiro tempo, Dí Maria driblou o goleiro e, ao invés de chutar para o gol, tocou para Messi. O atacante, no entanto, não conseguiu a finalização e foi cortado praticamente na risca do gol.
O único gol da primeira etapa saiu após o erro de Messi, ao fim do primeiro tempo. O próprio jogador cobrou escanteio e Rodrigo Palacio cabeceou forte, o goleiro não conseguiu segurar e a bola entrou. Na comemoração, após alguns abraços, Messi cobrou Dí Maria por não ter finalizado anteriormente, ao invés de passar para ele. Após o tento, os jogadores foram para o vestiário.
Na segunda etapa, a Argentina voltou com uma postura parecida. Insistia em passar a bola para Messi, mesmo com boas oportunidades para finalizar. O preciosismo desnecessário em determinados momentos deixava a partida chata. Mas foi através de Messi que saiu o segundo gol argentino. O jogador arrancou e sofreu falta próxima da área. Na cobrança, a bola acertou a trave e sobrou para Mascherano, que só teve o trabalho de colocar o pé esquerdo para a bola entrar. 2×0.
O segundo gol abriu mais o jogo e deixou a argentina sem maiores problemas defensivamente. Após quatro modificações (duas delas no intervalo), a Argentina conseguiu o seu terceiro gol. E o tento veio graças a um passe magistral de Mascherano, desde o campo argentino. O jogador lançou Palacio que deu um toque para driblar o goleiro Willian. Tal toque quase fez com que a bola saísse, mas o jogador conseguiu, com um carrinho, recuperar e tocar para Maxi Rodriguez, que acabara de entrar, fuzilar a rede. 3×0.
A partir daí, a Argentina cadenciou o jogo e manteve o preciosismo de acionar Lionel Messi em determinados momentos. O jogador do Barcelona não conseguiu marcar, mas ajudou a Seleção a vencer na sua despedida de Buenos Aires. O despedida definitiva do país será na casa de Alejandro Sabella, em La Plata, no estádio Único, contra a Eslovênia, às 16h, no sábado.
Ficha técnica
Argentina: Romero; Campagnaro, Fede Fernandez, Demichelis (Basanta) e Rojo; Gago (Biglia), Mascherano (Ricky Alvarez), Dí Maria (Enzo Pérez); Messi, Lavezzi (Maxi Rodriguez) e Palacio (Augusto Fernandez)
Trinidad y Tobago: Williams; Hoyte, Radanfah, Bateau, Mitchell; Boucaud(Hoyte), Guerra (Molino), Peltier, Mitchell (George); J.Jones (Winchester), K. Jones (Plaza).
Gols: Palacio, aos 46 minutos do primeiro tempo; Mascherano, aos 6, e Maxi Rodriguez, aos 19 minutos do segundo tempo.
Cartões Amarelos: Enzo Pérez (Argentina); Mitchell, Hyland e Boucaud (Trinidad y Tobago)