Melhor time da história do Boca sacramenta lugar na história ao vencer o Real Madrid, há 15 anos

O título está aberto a discussões. Se for pensar num time ideal, podemos trocar um lateral, um volante, um zagueiro. Mas perceba essa escalação do Boca Juniors, campeã intercontinental há exatos 15 anos:

Córdoba; Ibarra, Bermúdez, Traverso e Matellán; Battaglia, Serna e Basualdo; Riquelme; Delgado e Palermo.

Um time que, como poucos na história, levou a sério o canto da torcida “ese año no paramos, hasta ser campeón mundial!”. Que se dava o luxo de ter Schelotto, Abbondanzieri e Burdisso no banco.

Aliás, como poderia? A hinchada estava lá em Tóquio naquele 28/11/00, em peso e número inéditos, e gritou esse cântico logo ao final do primeiro tempo.

Que primeiro tempo foi aquele, hein? Toda a torcida (incluindo eu) ansiosa pelos 45 minutos mais aguardados desde 1977, e bastaram seis para transformar a preocupação em alegria. Isso porque o time de Carlos Bianchi não demonstrou o menor nervosismo diante do poderoso Real Madrid.

Quando o time dominava a posse de bola, Matellán achou Delgado num lançamento digno de Beckham (que ainda não era merengue). El Chelo conduziu a bola com rapidez e maestria enquanto Martín Palermo achou o espaço perfeito entre os zagueiros. Só precisou escorar para o gol, logo na primeira chance.

Sequer caiu a ficha de um início surpreendente, quando mais um lançamento explorou a fragilidade da zaga de Del Bosque. Palermo venceu Geremi na corrida e alcançou o passe de Riquelme. Cara a cara com Casillas, marcou o segundo gol na segunda finalização. Dava para ver na cara do Titán que nem ele acreditava: 2 x 0 em 6 minutos!

Nessa hora vale relembrar a escalação do Real Madrid para entender o tamanho dessa vantagem:

Casillas; Geremi, Hierro, Karanka e Roberto Carlos; Makelele e Helguera; McManaman, Guti e Figo; Raul.

Um elenco de respeito. Claro que faltou inspiração a esse time para render 100% do que podia. O melhor madridista em campo era o lateral brasileiro, com habilidade e visão de ataque. Não a toa, ele fez o gol que reviveu o Real no jogo, aos 12 minutos.

Futuro melhor do mundo, Figo transpirou mas não criou muito. Futuro grande artilheiro do clube e da Liga dos Campeões, Raul parecia um inimigo do gol, e teve pelo menos três chances claras. Até balançou as redes uma vez, mas estava impedido.

O Real teve posse de bola para mostrar superioridade, e desafiou aqueles que duvidam do interesse dos europeus no Mundial. Só que encontrou um Boca sólido na defesa. Não chegou a ser retranca no começo, mas Bianchi mudou de ideia no intervalo e segurou o resultado na base da cautela.

Claro que o Xeneize não se portou como time pequeno, ainda mais de “local”. Teve também suas chances desperdiçadas com Palermo, Battaglia, Riquelme e, principalmente, Delgado numa noite inesquecível. Só que deve a valentia e a qualidade de seus defensores a resistência diante dos Merengues. Não a toa, um deles levantou a taça.

Um título conquistado após um jogo de igual para igual com os donos da Europa, com um arranque melhor do que qualquer sonho. Hoje, porém, ao se celebrar 15 anos desse feito, são os rivais que se encaminham para a final. Campeões de tudo nos seus continentes, como se enfrentarão River x Barcelona?

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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