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Maradona: “Que jogador eu não teria sido se não fosse pelas drogas?”

Diego Maradona voltou a tocar no delicado tema de sua relação com entorpecentes, quando era profissional de futebol. Em um programa da Tyc Sports, Dieguito voltou a manifestar a sua profunda sinceridade sobre o tema e em tom de lamento deixou claro que poderia ter sido muito mais do que foi. Menos importante que isso é o tema de sua saída da Albiceleste, mas ele também falou disso, assim como da Seleção de Sabella, no Mundial do Brasil.

Desnecessário dizer aqui que Maradona sempre foi o primeiro a reconhecer os seus erros do passado. Jamais fez apologia às drogas e sempre se considerou uma espécie de fantoche muito bem manejado por traficantes. Dieguito é polêmico e por vezes insuportável até, de se ver ou ouvir. Porém, ele nunca traiu sua dignidade em relação a vários temas complexos. Sempre que pode, por exemplo, questionou e se posicionou contra os desmandos de Grondona e os demais “chefões” da AFA. Nisto, se diferencia de inúmeros grandes atletas do passado: aqui, no Brasil, temos vários exemplos.

No programa “Lado Oberto”, veiculado pela Tyc Sports, “el Diez” voltou a tratar de seu envolvimento com as drogas. “Minha vida não foi normal, isso é inquestionável e eu tenho de reconhecer”, começou o maior mito da história do Napoli. “Eu dei vantagem a todos com a minha doença. Quem sabe o jogador que eu teria sido se não tomasse drogas. Teria sido um jogador… Meu Deus…”

Maradona é tido por muitos como o maior atleta da história do futebol. Na Europa, a tradicional vantagem que oferecemos a Pelé costuma ou ser relativizada ou negada por muitos. Mesmo assim, Dieguito sabe que faria muito mais pelos clubes que defendeu e pela Seleção Argentina não fosse a sua relação com os entorpecentes. “Com minha técnica, sabia que os europeus me comeriam vivo. Isso eu tinha claro. Mas a bola dentro de campo tem sua importância ímpar. Eu sabia que por causa dela eles não conseguiriam me parar. Quando eu a tinha nos meus pés a confusão se estabelecia”, disse o craque, sempre lamentando por aquilo que não construiu no futebol.

“Sinto-me feliz por meu neto ter me visto jogar. Minhas filhas sabem que este velho aqui, apesar de todos os abusos que cometeu, pode aguentar 90 minutos com 53 anos. Tenho 53, mas é como se tivesse 78; é assim que sinto meu corpo”.

Quanto à saída do comando da Argentina, Maradona revelou que sua decisão foi motivada por sua ilusões em relação a um amigo.”Saí muito chateado da Sele. Eu até queria seguir, mas eu confiava num amigo, sabe… E o pior: hoje, faria a mesma coisa, pois um amigo é sempre um amigo”, disse Maradona, provavelmente se referindo a “Narigón” Bilardo.

Já quanto à participação da Argentina na Copa, “não tínhamos como atacar a Alemanha; eles tinham 50 variações táticas diferentes. Era uma parada desigual. Tanto é assim que quando eles aceleravam nós “cagávamos”. Tivemos chances com Higuaín, mas o “Pipita” colocara as chuteiras ao contrário, naquele dia. Além disso, a Argentina não teve rivais fortes para torná-la mais cascuda. Então, a convicção sobre a vitória faltou ao encontro; faltou aquela vibração que diz: ‘aqui estamos na Final, vamos lutar até o fim e ganhar essa Copa”, completou o grande herói argentino do Mundial do México em 1986.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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