Ele nem estava por aqui quando esta terra foi colonizada. Nem foi ele o general da independência há mais de 200 anos. Não criou o tango, o assado com vinho, nem mesmo o futebol. Maradona, no entanto, é o maior da Argentina. É o maior personagem do futebol. De todos os tempos. Hoje, nem Messi, nem Gardel, nem as Mães de Maio e nem o Papa Francisco discordam, pois estão tristes, estejam onde estiverem.
Tudo que envolve Maradona pode não ser racional, mas sempre toca a alma. No meu coração, podem jogar números de todos os lados, mas nenhum deles tira Don Diego do topo do olimpo. Qualquer deus grego, aliás, perde para o que D10S fez no México, em 86. Não ganhou sozinho, mas fez parecer com que um homem só pudesse fazer justiça aos rivais ingleses, e embalar nas mãos a Argentina inteira ao levar aquela Copa do Mundo.
Não começou no Boca Juniors, nem foi lá onde demonstrou o auge de sua genialidade. Mas de lá ganhou o mundo, e ajudou o mundo a se apaixonar mais pelo Boca. Voltou quando viu que era tempo de parar, para se tornar o maior torcedor dentro da melhor torcida do planeta. Tinha até seu próprio cantinho na Bombonera, estádio que mereceria receber um funeral grandioso, não fosse esse vírus maldito.
Aceitamos dividir a idolatria com outras torcidas, outros países. A Itália vem à mente imediatamente. Ninguém maior vestiu a camisa do Napoli. O Barcelona também pode entrar na turma, embora eles tenham outros craques a quem amar, o próprio Messi incluso. Claro, obrigado ao Argentinos Juniors, Bicho que abriu espaço para os primeiros goles y gambetas.
Mas nem sempre as emoções causadas por Maradona são de alegria, mesmo quando se trata de futebol. O Futebol Portenho sabe bem o quanto ele frustrou os torcedores (eu principalmente) com sua aventura de técnico da Selección. Tivemos o alívio e o abraço em Jesús Dátolo na classificação para a Copa de 2010, mas quando chegamos na África do Sul, doeu ver um time sem rumo cair goleada pela Alemanha.
Só que nenhuma dessas angústias é maior do que a tristeza da morte do maior ídolo de todos. Algumas vezes ele nos preocupava no hospital, e já esteve perto de nos deixar antes. Mas ver ele recuperado trazia os sorrisos de volta. Superou o vício pela cocaína, voltava a trabalhar e encantar. Driblou a morte. Até hoje. Logo o homem que emociona a todos foi traído pelo próprio coração.
Aliás, nada disso. Seguirá driblando a morte para sempre. Diego Armando Maradona vive eterno na mente de todos no universo, e nos corações de quem o ama. De quem agradece por tudo. Do futebol à política, com sua consciência de justiça social. Merecia mais do que 60 anos, e nós precisávamos de mais tempo com ele. Eu mesmo nem tive a honra de entrevistá-lo, mas não esqueço que o vi jogar, na Bombonera e aqui em Brasília (showbol, mas tanto faz).
Hoje, no céu, Deus recebe D10S. QEPD Diego Armando Maradona. Muita força para a família, e também muito obrigado.
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