Libertadores

Mais uma derrota. E na frente da torcida

Coisa tá feia para o Virrey, embora não se discuta a sua permanência

Mais uma vez a Bombonera esperava por uma festa. De novo estava repleta dos fieis torcedores xeneizes. Com uma formação repleta de novidades, o Boca foi para cima do Nacional. Só que o campo oferecido pelo “Bolso” era mesmo uma espécie de armadilha. Chamava o Boca e ganhava um campo inteiro para jogar. Não precisou esperar muito, já que Scotti foi o nome do gol, antes dos 20 minutos.

De início, o Boca se propôs a ocupar os espaços no campo de defesa do Nacional. E para tanto, chegava com forte apoio do meio-campo. A pressão era forte e dava a sensação de que rapidamente o gol sairia. Logo aos quatro minutos, Riquelme alçou a pelota no segundo pau e Ribair quase abriu o placar. Pressão era grande, mas em termos de chances claras foi só essa.

O Nacional procurava deixar o Boca se desgastar na sua proposta; dava campo aos xeneizes e recuava para o setor do campo em que mais se sentia à vontade: justamente no seu campo de defesa. Neste setor, o conjunto charrúa fazia tudo de maneira diferente. Encurtava os espaços, tocava curto e ia para as divididas feito um cachorro com fome.

Aos 20 minutos, após jogada combinada no escanteio, Scotti se antecipou no primeiro pau e com categoria guardou a pelota no arco de Orión. “Los Bolsos” 1×0. O gol pareceu assustar a todos, exceto o próprio elenco local, que ampliou ainda mais a pressão sobre a defesa charrúa. Só que as chances eram poucas e o primeiro tempo foi charrúa.

Na etapa final, a historia foi bem parecida. O Boca tentava prender o Nacional no seu campo de defesa, mas incorria no erro de forçar muito o jogo pelo meio. Com a vida facilitada, os uruguaios até tentavam algumas saídas. Riquelme era o cérebro, mas sua participação não se fazia decisiva fosse em razão de sua condição física, fosse em razão de que não encontrava muita gente no ataque que estivesse “inspirado”.

Com o tempo, o embate quase que se resumiu apenas ao campo de defesa uruguaio. E se até os zagueiros locais tentavam o ataque, Clemente Rodríguez atuava praticamente como um ponta avançado. Do ponto de vista da torcida xeneize, o gol sairia logo; do ponto de vista charrúa, o jogo praticado pelos locais além de não incomodar permitia que o Boca se desgastasse, enquanto os visitantes não tinham dificuldades para revisar o próprio posicionamento.

Aos 28 minutos, Carlos Amarilla expulsou Lembo e deixou o Nacional com 10 homens em campo. Isto só fez o abafa aos charrúas ganhar força. Só que a equipe de Bianchi seguia a centralizar o jogo. Disto resultava a facilidade uruguaia de bloquear o ímpeto ofensivo xeneize. Ainda assim, por muito pouco Erbes não empatou, aos 39 minutos. Após fazer bela jogada individual, o jogador esteve cara-a-cara com o porteiro charrúa. Jogou por cima.

No final, a pressão ganhou de vez a cara do “aluga-se meio-campo. Os dois elencos se concentravam em apenas metade da cancha. O sufoco resultou novamente na ideia de que o gol sairia a qualquer momento. Não aconteceu.

O Nacional saiu da Bombonera com uma vitória significativa, que o deixa na liderança do grupo. Já o Boca Juniors vai precisar se reencontrar rapidamente com o melhor de seu futebol. Convém a Bianchi que revise algumas de suas recentes decisões quanto ao banco de reservas xeneize. Não que a solução possa está por aí, mas jogadores como Paredes talvez sejam uma opção bem superior a alguns jogadores no banco e até na formação titular do Boca Juniors. Agora o conjunto da Ribera se complica, enquanto o Nacional segue se ganha forças para passar à próxima fase da Libertadores.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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