Primeira Divisão

Líder Newell´s aprofunda crise do Racing; Central empata e flerta com zona da degola

La Fiera Rodríguez marca e sai para o abraço
La Fiera Rodríguez marca e sai para o abraço. Cilindro em silêncio, mas em chamas

A 8ª rodada do Torneio Inicial começou na sexta com duas partidas e neste sábado apresentou mais dois jogos. no mais importante deles, o Racing recebeu o líder Newell´s e conheceu sua sexta derrota na competição. Em último lugar e com apenas dos dos 24 pontos disputados, a Academía já se preocupa até com o descenso. Assim como o Olimpo, que ficou no empate com o Belgrano, além do Tigre, que foi a Mendoza e perdeu para o Godoy Cruz por 2×0. Vejamos.

Racing 0x1 Newell´s Old Boys

Em Avellaneda, o clima prévio ao jogo era tão tenso que pareceu contaminar todo o elenco academico. Do outro lado estava o excelente conjunto do Newell´s, montado por Martino e bem dirigido na atualidade por Borghi. Tratava-se portanto de um duelo de rivais com objetivos bem distintos: uma equipe pronta e com reais chances de título e outra desorientada e com o “Fantasma de La B” ameaçando. No campo, o futebol refletiu essa realidade de maneira franca e direta.

E a sorte da Academia se insinuou logo aos três minutos de jogo. A primeira pelota que Viola recebeu, o atacante acusou um forte estiramento nos músculos da perna esquerda. O jogador era a aposta de Ischia, no lugar de Demónio Hauche. Ainda assim, foi o Racing quem tentou se manter no campo de ataque. O esquema era um 3-5-2 cuja proposta previa ocupar todos os espaços do meio e fazer a pelota chegar redondinha para Viola e Vietto. O problema é que ninguém se fazia de ala. Além disso, por vezes o que se via era até cinco defensores típicos combatendo o ataque leproso. O Racing tinha a pelota, mas não sabia o que fazer com ela.

Já o Newell´s, dava o recado: em campo com um 4-3-3, o conjunto de Borghi marcava na frente e obrigava a defensiva acadêmica a rifar a pelota de pronto. Porém, a equipe rosarina tem o dom da compactação. Assim, seus homens de ataque frequentes vezes voltavam para compor o meio-campo. O efeito disso era claro: a posse de bola passaria para o visitante, embora a Academia aprofundasse seu jogo pouco a pouco. Hauche e De Paul deram ao Racing as melhores chances da primeira etapa. Só que uma bola na trave de De Paul prendeu na garganta da hinchada racenguista o grito de gol.

No segundo tempo, O Newell´s chegou logo aos três minutos e só não fez o gol em razão da boa intervenção de Saja. O jogo ficou mais parelho, embora sempre que se via uma equipe equilibrada era do Newell´s que se falava. Ischia insistiu na obrigação de seus atletas em manter a pelota longe dos pés de seus rivais. Seu meio-campo acertou melhor os passes e o equilíbrio das ações deu lugar a um consistente domínio racenguista. Após os 30 minutos de jogo, foi a vez de Borghi reorientar sua equipe. Ao forçar o jogo pelas laterais do campo, o Newell´s retomou seu protagonismo no encontro.

E após algumas jogadas menos importantes, surgiu o gol do Newell´s, o peruano Cruzado levou a pelota pelo meio e tocou a brilhantemente para Maxi Rodríguez no setor direito da cancha. La Fiera foi entrando na área de Saja e driblando meio time do Racing. Imparável, escolheu o canto direito das redes: 1×0, aos 40 minutos da etapa final. Não deu tempo para mais nada. Com a vitória, o Newell´s se manteve firme na liderança do Inicial. Já a Academia aprofundou sua crise e pode perder até o comando administrativo de Cogorno, seu presidente.

Outros resultados da rodada

Em Mendoza, o Godoy Cruz foi anfitrião para o Tigre e venceu por 2×0. Tratou-se de um encontro de quem briga pela permanência na elite argentina. Até por isso, a vitória se fazia fundamental para as duas equipes. Em campo, essa realidade não apareceu em nenhum momento na primeira etapa. Preocupados mais em não levar o gol, tanto o Tomba quanto o Matador de Victoria protagonizaram um jogo morno e sem grandes emoções. Neste quadro, a bola parada era uma arma relevante. Aos 38 minutos, José L. Fernández cobrou uma falta com perfeição para colocar a pelota no arco de García: 1×0, aos 25 minutos.

O segundo tempo não repetiu o primeiro em termos de modorra. O jogo melhorou, pois o Matador foi na busca da igualdade. Assim, enquanto espaços eram criados pelo visitante, ele também deixava alguns para o anfitrião. De comum às duas equipes, porém, foram os infindáveis erros de passe. De pouco valia uma boa trama a partir do meio já que no passe final dificilmente a bola chegava aos atacantes. Nos últimos minutos, o Tomba teve um rápido contra-ataque e a pelota encontrou os pés de Óbolo. O atacante rapidamente viu a passagem de Ramis e o serviu com facilidade. Ramis correu meio-campo sem receber combate e tocou na saída de García: 2×0 e fim de jogo. O resumo da partida podem ser as declarações do Titán Martín Palermo. Apesar de vitorioso, o técnico fez críticas severas ao desempenho de sua equipe.

Para completar a rodada até sábado, dois empates por um gol. Em Bahía Blanca o Olimpo recebeu o Belgrano com obrigação absoluta em conseguir a vitória. Mesmo estando em último lugar na zona da degola, o Aurinegro não demonstra a paixão necessária para propor um jogo que o leve à conquista dos três pontos. Ezequiel Cerutti abriu o placar para o Olimpo, aos 33 minutos do segundo tempo. Dois minutos depois, Carlos Bueno empatou para o Pirata. Com o resultado a equipe de Zielinski vê cada vez mais distante a luta na parte de cima da tabela. Já o conjunto de Perazzo ratifica a condição de pior time da competição.

Rosário Central 1×1 Arsenal de Sarandí

Loco Abreu comemora, mas seu gol nos acréscimos não bastou para a vitória canalla
Loco Abreu comemora, mas seu gol nos acréscimos não bastou para a vitória canalla

Em Rosário, o Canalla recebeu o Arsenal em confronto de realidades opostas: o Central ainda busca se reafirmar na elite argentina. Para tanto, tem de lidar a cada jogo com a ameaça do descenso. Já o Arse luta na parte de cima da tabela e almeja o título da competição. Dentro de campo, não foi isto o que se viu. Central foi superior ao rival durante a maior parte do jogo. Teve chances reais de chegar à vitória, mas foi logo surpreendido. Eram rodados apenas seis minutos de partida quado Julio Furch arrematou para o arco e Caranta ofereceu rebote para Jonathan Gómez, que guardou a pelota nas redes: 1×0.

A partir daí, o que se viu foi uma luta desesperada e até inglória do Canala para buscar a igualdade. Contudo, se o domínio do jogo estava com o conjunto local isto não se traduzia na maneira correta de chegar ao empate. “Sapito” Encina simbolizava essa realidade ao disparar vários arremates de longa distância, que passavam distantes do arco de Campestrini.

Então Russo mudou a equipe e a maneira de jogar. Franco Niell e Loco Abreu entraram em campo e foram fundamentais para o empate. Quando as cortinas do espetáculo se fechavam, aos 47 minutos da etapa final, após bate-rebate na pequena área, a pelota encontrou Loco Abreu, que estabeleceu a igualdade. Apesar do empate, o sabor foi amargo, pois o Rosário Central jogou bem melhor que seu rival e mereceu uma melhor sorte na partida.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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