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Jogo em Rosário será uma final para o River. A depender do Resultado o ceu, ou o inferno, espera pelo Millo

Cabeça baixa do elenco pode ser só um detalhe, após o drama que pode ocorrer no Arroyito
Quando começou a atual temporada da B Nacional, nem o mais cético torcedor do River imaginava que o clube chegaria à 35ª rodada em uma situação tão complicada. O time precisa ir à Rosário e se deparar com o maior clube do interior argentino e líder da competição. Do resultado desta partida a equipe poderá respirar tranquila e ir à busca do acesso direto e do título da B. Porém, se perder no Gigante de Arroyito, o inferno psicológico pode ser o destino do elenco millonario. Do mental, esse inferno rapidamente poderia se materializar em algo que o Gigante de Núñez conhece bem: a prómoción.

Restam apenas quatro rodadas para o fim da B Nacional. Em razão do empate do Boca Unidos contra o Gimnasia Jujuy, na última rodada, praticamente se definiram os quatro primeiros colocados que vão à luta pelo acesso. Contudo, isso está longe de ser suficiente e agradável ao River. Pela sua história e grandeza, o Millo jamais cogitou ter de ir à promoción. Longe disso, a proposta era pelo acesso direto e, de preferência, com o título, já que nenhuma outra equipe haveria de ter o topete de concluir a temporada da B Nacional à frente do River Plate. Mas não é bem esse o cenário hoje em dia. O que gera enorme e instabilidade lá pelos lados de Bajo Belgrano.

E a vida pode ficar difícil para o River, caso perca sua grande final no próximo sábado em Rosário. Se isto acontecer, e o Instituto empatar ou vencer o Independiente Rivadávia, em Mendoza, o conjunto dirigido por Matías Almeyda sairá da zona do acesso direto justamente no momento decisivo da competição. Além disso, a tabela sugere confrontos duríssimos para o River nas três últimas rodadas. A começar pelo duelo com o Boca Unidos, no Monumental. Para quem se recorda do cotejo em Corrientes, tem em mente o quanto o River acuou os correntinos no campo de defesa. Pois essa é justamente a proposta do time correntino diante dos jogos mais duros. E essa proposta é ainda mais eficiente quando o Boca Unidos atua fora de casa.

O contexto do jogo em Rosário

O Gigante de Arroyito é a casa do Rosário Central e ninguém, além do Canalla manda por lá. São 42 mil pessoas em todas as partidas. O River terá uma cota mínima de ingressos. Minúscula, a bem da verdade. Vai ser um raro momento no qual o Millo vai atuar diante de uma vastidão de pessoas que lhe é indiferente e que, de certa forma, expressa o mesmo sentimento que também contamina o elenco canalla: os anos de baixa do clube, as humilhações e a decepção da perda do acesso, na temporada anterior, fazem parte de um universo de coisas que será descontado, em sua totalidade, diante do River. Se há amargura represada, tristeza, raiva e desespero, tudo isso vai encontrar no River Plate o adversário ideal para ir à desforra.

Outro aspecto que complica a vida do Millo tem a ver com o fato de que, prepotente como é, o clube não se preparou ao longo da temporada para praticar um tipo de jogo que não fosse apenas o extremamente ofensivo. O problema é que no Arroyito o River Plate vai viver um momento inédito na B, em que o rival vai acuá-lo na maior parte do tempo em seu campo de defesa.

Almeyda já sinalizou para o 4-3-3, com o tridente ofensivo. Isto quer dizer que o técnico do River não faz a leitura ideal da situação e pode errar feio em Rosário. Este é o típico embate em que o vice-líder da B Nacional precisaria se fechar em seu campo de defesa e armar o contra-ataque. Certo ou não, isso significaria uma mudança de fato no esquema e na proposta da equipe. Poderia inclusive surpreender o rival, que já sabe que o River só pratica o jogo doido, vertical, mas burro, voltado exclusivamente para o ataque. Uma fórmula gasta, bem estudada e respondida com eficiência, por exemplo, pelo Brown Madryn, no Monumental de Núñez.

O Rosário Central não chegou à toa à liderança da B Nacional. No momento em que a equipe sofreu baixas terríveis no elenco, com jogadores-símbolos deixando a equipe, o Canalla tinha todos os motivos para lamentar o destino e para usar as baixas como desculpas pela queda de seu rendimento. E foi justamente aí que a personalidade do Gigante do interior argentino aflorou. Nenhuma dessas desculpas foi usada. E este reencontro com o âmago vencedor jamais seria possível sem o Arroyito. Mesmo com todas as modificações no elenco, os jogadores substitutos praticavam o mesmo futebol ofensivo e de abafa sobre os adversários. Em muitos momentos não se via uma técnica apurada. Porém, a massa torcedora e o compromisso em campo na busca do resultado falavam mais alto e decidiam as partidas em favor do Canalla.

A partir daí foi possível transportar uma dose dessa energia para as canchas rivais. Foi quando a equipe começou a vencer duros confrontos fora de casa. Por isso, o River Plate não vai conseguir impor a mesma proposta para cima do Central, no Arroyito. Com um elenco de jogadores inteligente e com capacidade de armação, bem mais valeria que o time visitante articulasse sua proposta com o jogo tranquilo e de contragolpes.

Porém, não é bem isso que Almeyda pretende para o time no próximo sábado. Ele mesmo, Almeyda, ainda deslumbrado com o cargo, e frustrado com os resultados positivos que não apareceram, vive numa corda-bamba no clube. Ídolo inquestionável do Millo tem hoje o seu prestígio utilizado por Passarella para esconder seus desmandos e sua incompetência administrativa. Sempre na pressão, “el Pelado” não vê outra jeito a não ser praticar com alguns jogadores do elenco a mesma atitude nociva que Daniel Pasarella pratica com ele, Almeyda. Por isso, vai todo mundo com nome para a cancha no Arroyito. Todos com a função de segurar nas mãos um pouco da responsabilidade que é muito pesada para Almeyda carregar sozinho.

E nisto pode estar cometendo um grande erro ao colocar esse time de estrelas para tentar atacar o Central. Se o time perder, provavelmente não terá outra chance de chegar à zona do acesso direto. O que levará toda a imensa massa torcedora do Millonario de Núñez à sala-de-estar para mais um filme de terror – para alguns um pesadelo sem fim – chamado promoción.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

View Comments

  • Volto a dizer, a gente ganha fácil desse timeco que só tá na liderança porque ainda não jogou com o River la em rosario. Ao contrario do Mauricio eu não perco a confiança no meu time. Vamos ganhar e pronto.

  • O River terá grandes dificuldades no Arroyito, até porque jogará fora de casa com um dos times mais acertados da competição, e que ainda tem de bônus uma torcida fanática. Não será surpresa se perder, mas se ganhar ou até mesmo conseguir um empate terá moral suficiente para conseguir o acesso direto.

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