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Huracán: um golpe para chorar, em Isidro Casanova

Na tarde deste sábado o Huracán foi a Isidro Casanova enfrentar o Almirante Brown e tentar reerguer seu moral, que tem despencado após o rebaixamento da equipe. Não conseguiu. Perdeu quando imaginava ganhar um ponto frente a um adversário forte quando atua em sua cancha. Perdeu também porque cada vez mais se ilude em relação à sua estatura: se comporta como pequeno e parece acreditar nisso justamente no momento em que deveria se voltar ao seu passado de grandezas. Porém, a derrota deste sábado foi dolorosa para o elenco e para a sofredora hinchada de Parque Patrícios. O golpe foi duro e fez chorar literalmente a muita gente. Um deles não aguentou e se foi. Trata-se do técnico Juan Amador Sánchez, que em prantos pediu demissão.

O jogo em si não foi dos melhores em Isidro Casanova. Quando isto ocorre nas divisões do Acesso prevalece a entrega física e anímica, principalmente das equipes locais. São muitas as partidas em que todos no Acesso esperam por espetáculo e nada acontece, exceto uma luta descomunal quer para se chegar a uma vitória, quer simplesmente para se evitar uma derrota. Ocorre que o Globo, além de demonstrar que não entende essa realidade, sequer demonstra dispor de um plano B que socorra a equipe e a faça competitiva quando próxima do precipício. O Globo saiu perdendo e achou um gol nos últimos quinze minutos da primeira etapa. Embora o Brown não tenha sido um primor, o resultado não foi justo, pois foi apenas em uma oportunidade que o Huracán chegou com perigo. No belo chute de Battaglia que resultou no gol.

A segunda etapa foi ainda pior que a primeira. O jogo deu sono. Mas a entrega de La Fragata era maior que a de seu adversário. A equipe local buscou o gol da vitória ainda que sem brilho. Vestiu a camisa do Acesso com eficiência, ao contrário de seu adversário. Aos 44 minutos foi recompensada. Com um belo disparo de fora da área Gutiérrez deu a vitória para La Fragata. E o Huracán queria só o empate e saiu com a derrota.

Porém, assim que a bola entrou nas redes de Calviño um doloroso filme deve ter passado na cabeça de jogadores, torcedores e comissão técnica do clube. Um filme que começou já no fim do último Clausura, quando a equipe via escapar sua permanência na elite e por mais que tentasse não conseguia reagir. Desde que iniciada a B Nacional o Globo tem mergulhado ainda mais na crise e dá todos os sinais de que dificilmente voltará no próximo ano à primeira divisão. Mais que isso, terá dificuldades até mesmo de se manter na B Nacional. Quando o técnico do Globo descambou às lágrimas é porque sabia muito bem do que estamos falando. Não foi só um gol de uma dura derrota, foi um golpe pesado porque trouxe todas as últimas derrotas ao mesmo tempo.

Claro que muitos podem afirmar que há outras questões não apresentadas aqui, como a administrativa, lembrando os longo anos de gestões complicadas e muitas outras coisas. Não está errado. Contudo, isto ocorre com muitas outras instituições, e até em maior grau, sem que elas despenquem como ocorre com o velho Globo de Parque Patrícios. A sorte parece não estar ao lado desse clube.

Em cinco partidas, o Huracán ganhou uma, empatou outra e perdeu três. Curiosamente ganhou a partida em que tinha tudo para perder. Tinha ido à longínqua Puerto Madryn. Além de se deparar com um adversário duro em uma cancha pequena, o elenco se apresentou ao campo sem a presença de seu treinador, que havia sofrido fortes dores no peito e ficado pelo caminho, nos hospitais.

Falta quase um ano para terminar a longa e difícil B Nacional. A impressão que nos salta aos olhos é que se a competição fosse uma partida de tênis, o Globo pediria para sair mais cedo por exaustão física e mental. E foi essa exaustão que já deixou pelo caminho o bem intencionado Juan Amador Sánchez. Pouco depois da derrota em Isidro Casanova, Sánchez renunciou ao posto de comandante do Globo. “Não estou sendo honesto com o Huracán. Isso me dói. Não sei se seguirei, acho até possível que me retire dessa profissão”, disse o treinador com lágrimas nos olhos. “Não sei se posso devolver nem um pouco do que esse clube me deu”, completou o treinador que até então não tinha sua saída confirmada pela direção do clube. Fato que ocorreu mais tarde em reunião com os dirigentes.

Nomes já são cogitados para o posto. Entre eles, os de Cagna, Cappa, Fernando Gamboa etc. Mas, não vale a pena falar do assunto enquanto as lágrimas não cessam. O que importa agora é que o efeito do golpe seja estancado, já que ele foi duro e ao menos no caso de Juan Amador Sánchez, decisivo.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

One thought on “Huracán: um golpe para chorar, em Isidro Casanova

  • João Carlos Guilardas

    Pobre Huracan…

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