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Huracán: um “ex-grande” no caminho do River

Um passado de glórias e um presente de grandes dificuldades. Esse é o Club Atlético Huracán, também conhecido como “El Globo”, o adversário do River Plate na partida deste sábado.

O clube teve seu auge na década de 1920, quando conquistou nada menos que quatro títulos nacionais – mais, por exemplo, que o arquirrival San Lorenzo e também o próprio River Plate e, ainda, o Independiente (que formam com Racing e Boca Juniors os chamados “cinco grandes”) tiveram naquela fase amadora, pré-1931. O Huracán era uma equipe que tinha jogadores como Guillermo Stábile, artilheiro da copa do mundo de 1930, e Cesáreo Onzari, autor do primeiro gol olímpico da história, num amistoso da albiceleste contra a seleção uruguaia, em 1924.

Nos anos 30 e 40, o Globo não conquistou títulos, mas seguiu sendo visto como o “sexto grande” (ver imagem abaixo). Foi o período de ídolos como Herminio Masantonio, o maior artilheiro da história do clube; Norberto “Tucho” Méndez, titular absoluto da seleção argentina e maior goleador das Copas América; e Alfredo Di Stéfano, ainda jovem, mas já brilhante.

Propaganda de cigarro que inclui ele e o Huracán entre os grandes

Nos anos 50 e 60, o Huracán declinou, e se viu como mais um pequeno clube portenho. Mas em 1973 o clube conseguiu seu quinto título, o único no profissionalismo. A equipe revelou o treinador César Menotti, que no ano seguinte seria alçado à seleção argentina. A “delantera mágica” ainda é lembrada por todos os amantes do futebol argentino: Houseman, Brindisi, Avallay, Babington e Larrosa. Outro nome da equipe era Alfio Basile, xerifão da zaga (abaixo, imagem daquela equipe inesquecível).

Aquela equipe marcou época também por ser uma reafirmação do estilo tradicional argentino, rejeitando a europeização que era advogada por muitos naqueles anos. O time fez boa figura também nos campeonatos de 1975 e 1976, quando terminou vice-campeão. Nesses dois anos o Huracán teve jogadores como Bailey e Ardiles, campeões do mundo em 1978 (assim como Houseman e Larrosa; o lateral-esquerdo Carrascosa, titular indiscutido da equipe, se machucou às vésperas do Mundial e perdeu a chance de ser campeão).

O ótimo time de 1976, disparado o melhor time do torneio, mas perdendo uma final controvertida contra o Boca Juniors, foi o fim daquela equipe. Alguns nomes importantes sairiam, outros declinaram, e a renovação não veio. Nas décadas seguintes, a torcida quemera teria de se conformar em ver sua equipe subindo e caindo de divisão e deixando de ser protagonista do futebol do país, ao tempo que clubes tradicionalmente de porte menor alcançavam resultados mais expressivos e cada vez mais prestígio: Estudiantes de La Plata, Vélez Sarsfield, Rosario Central e Newell’s Old Boys foram se tornando outros postulantes ao rótulo de “sexto grande”, principalmente os dois primeiros.

Campeões de 1973. Em pé: Daniel Buglione, Nelson Chabay, Francisco Russo, Alfio Basile, Miguel Roganti e Jorge Carrascosa; agachados: René Houseman, Miguel Brindisi, Roque Avallay, Carlos Babington e Omar Larrosa

Uma exceção foi o Clausura 1994, quando, comandado por Héctor Cúper, o Huracán fez grande campanha, chegando ao fim na liderança, um ponto à frente do Independiente, seu rival na última rodada. Mas o Rojo não teve piedade, e aplicou um incontestável 4 a 0 em Avellaneda, levando o título (o treinador do Independiente era Miguel Ángel Brindisi, ídolo histórico do Huracán como jogador, campeão de 1973).

Mas o grande momento do clube após a década de 1970 foi o Clausura 2009. Uma equipe repleta de jogadores talentosos (Pastore, Defederico, Bolatti, Toranzo) embalou na segunda metade do torneio e chegou à última rodada 1 ponto à frente do Vélez, seu rival naquela partida. E se repetiu a história de 15 anos antes: desta vez, com uma terrível arbitragem de Sergio Brazenas, o Vélez venceu por 1 a 0 e chegou ao título.

Pessimamente administrado por Carlos Babington e sofrendo com a perda do título, o Huracán não mais se recuperou. Dois anos após quase chegar ao título a equipe caiu para a B Nacional ao perder um jogo desempate com o Gimnasia La Plata por 2 a 0. O descenso mexeu profundamente com o mundo quemero, e tudo no clube mudou. Presidente, comissão técnica e jogadores foram mudados.

Huracán perde para Gimnasia e é rebaixado

Mas as coisas não foram como o esperado. Juan Amador Sánchez, o treinador escolhido para recomeçar a história do Globo, durou pouco e pediu demissão devido aos maus resultados. Foi trazido Diego Cocca, um sonho antigo do clube, que caiu em março, ao que tudo indica em boa parte graças a uma panelinha de jogadores. Assumiu Néstor Apuzzo, que trabalhava nas categorias de base.

A Quema vive um momento terrível. Em 2012, foram apenas 11 pontos em 10 confrontos. A grande curiosidade é que foram 8 empates, 1 vitória e apenas uma derrota, no último jogo contra o Merlo, quando a torcida quemera chegou a atirar projéteis no campo, fazendo com que a partida fosse paralisada por alguns minutos.

O Globo ocupa atualmente a 13ª posição na B Nacional, com apenas 33 pontos. O clube ainda não corre risco concreto de descenso para a Primera B Metropolitana (3ª divisão), mas começa a se preocupar com a possibilidade. Afinal, está há apenas 5 pontos de Atlanta, Guillermo Brown e Desamparados, equipes que estão entre as zonas de promoción e descenso direto.

Quanto aos jogadores, o Huracán tem um grande problema no gol, em que Monzón e Calviño se revezam sem dar nenhuma segurança à torcida. Na zaga, também há jogadores questionados, e as duas contratações do clube em janeiro visavam resolver a situação. Ferrero, ex-River, ajudou a dar segurança à zaga, mas o lateral esquerdo Yacuzzi, ex-Arsenal, é uma completa decepção.

No meio de campo, o grande destaque é a presença de Rodrigo Battaglia, jovem promessa quemera, com passagens por todas as seleções de base do país. Infelizmente, os treinadores têm tido dificuldade para definir a melhor maneira de aproveitar o jogador. Já foi utilizado como primeiro ou segundo volante, enganche e até meia direita. Atualmente, tem jogado como volante pela direita num 4-3-1-2.

À frente, a grande esperança era Javier “Cachorro” Cámpora, que foi o artilheiro do Clausura 2011, mesmo atuando por um clube que ao fim foi rebaixado. Mas, assim como Battaglia, o jogador foi prejudicado pela instabilidade e as frequentes mudanças da equipe. Nas últimas partidas, tem sido utilizado quase como um ponta-direita, o que gera muitas críticas da torcida.

Contra o River Plate, o Huracán deverá ter: Lucas Calviño, Rodrigo Lemos, Alexis Ferrero, Hernán González e Cristian Tavio (ou Javier Yacuzzi); Rodrigo Battaglia, Lucas Villarruel, Cristian Leiva e Jonathan Bustos; Javier Cámpora e Mauro Milano.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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  • É Tiago, o jeito é torcer o dobro pelo goleiro não entregar o ouro novamente para o Huracán finalmente vencer. Aquela decisão de 2009 foi marcante não só para o Huracán, mas o futebol belíssimo daquela equipe não mais se repetiu no futebol argentino, e eu também tenho um blog, mas sobre futebol sulamericano, eu montei a seção Grandes Times da História que visa homenagear de grandes times que o continente já viu, mesmo sem ganhar titulos ou ser reconhecido fora de seu país e como você é hincha do Huracán eu gostaria de mostra-lo, caso eu possa nesse comentário:

    http://lacopasemira.blogspot.com.br/2012/02/grandes-times-da-historia-huracan-2009.html

    Da uma olhada, não chega ao nível do Futebol portenho, mas acho que fiz um bom texto...

  • Douglas, gostei muito do texto, e fiquei feliz de ver que voce tem um blog sobre um tema que me interessa tanto, irei ler outros posts agora. se me permite apenas ligeiras correções:
    - O título de 1973 é o unico profissional, mas houve outros 4 no periodo amador. Um argentino presume isso, pois eles nao tem mesmo o habito (condenavel, a meu ver) de incluir o amadorismo nas estatisticas. Mas acho que seria importante para um leitor brasileiro saber que houve outros num passado distante.
    - esse certamente é de digitação: o Huracán vinha de um terrivel Apertura 2008, nao de um clausura.
    - o mesmo vale para o inicio do item "o começo do sucesso". o restante do apertura 2009 serviu para preparar o time para o clausura.

    Mas fora isso, que são detalhes minimos, gostei muito. E claro que como quemero me emocionei. Lerei os outros posts.

  • Tiago, é uma infeliz mania que eu não posso ter de terminar qualquer texto, por menor que seja e não o ler com calma e atenção rsrs. Que bom que apontou os meus equívocos (agora já corrigidos) e legal que você gostou, eu citei o Huracán pois foi o ultimo time fora do futebol brasileiro a jogar bem e mesmo sem vencer, foi marcante, principalmente para quem é Quemero, como é o seu caso...

  • ola tiago,sou de sao vicente,sou torcedor de huracan desde de 1975 quando meu pai corintiano me levou a vila belmiro para assistir santos e huracan,meu pai era corintiano roxo,nao tenho explicacao mas sai do estadio quemero.acompanho huracan pela internet todos os dias,fiquei muito triste pelo titulo perdido em 2009,tenho um amigo argentino que mora em praia grande tambem quemero seu nome e nicolassi,tenho um slogan no face huracan uma paixao sem fronteiras,um grande abraco quemero

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