Huracán e San Lorenzo reeditam uma rara boa fase conjunta do clássico portenho. Pela segunda vez, seguida, ambos estão na mesma edição da Libertadores. Na estreia da fase de grupos da competição, porém, os rivais conheceram a derrota, aumentando a injeção de ânimo que uma vitória no clássico significaria. Ao fim, emoções agridoces à dupla: o Sanloré conseguiu um ponto fora de casa, mas desperdiçou outros dois pois o Globo buscou o empate nos segundos finais dos acréscimos.
Quemeros e cuervos fizeram o jogo interzonal da rodada, no Palácio de Parque de los Patricios, reduto huracanense. O Huracán havia vencido os dois últimos confrontos, mas tinha o desfalque do líder Patricio Toranzo, operado após o susto automobilístico na Venezuela. Toranzo havia feito o gol do último clássico “oficial”, no mesmo Palacio, ano passado – o clássico seguinte, em janeiro, foi amistoso, e para os argentinos as estatísticas só costumam contabilizar jogos competitivos.
Assim, o Globo tinha pela frente quarenta anos de um tabu: desde 1976, quando venceu os cinco clássicos, não conseguia duas vitórias seguidas “oficiais”, ainda que em treze anos desse período o dérbi não tenha ocorrido pela estadia de um ou de outro na segundona. Dentre os relacionados, dois veteranos ídolos que participaram de clássicos nos anos 90: o sanlorencista Leandro Romagnoli, que não saiu do banco, e o quemero Daniel Montenegro, que havia deixado seu gol no amistoso de janeiro.
O primeiro tempo teve suas chances, mas sem a contundência do que segundo. Logo no reinício, Bogado arriscou de fora da área e Torrico mandou para escanteio bola que passara muito perto de entrar. O San Lorenzo respondeu com três tentativas na mesma jogada, salva por Marcos Díaz. Chances claríssimas foram perdidas a seguir pelos dois lados: Caruzzo, livre, cabeceou para baixo, a bola pingou e saiu pouco acima do travessão. Depois, acreditando em bobeada da zaga azulgrana, o Huracán esteve de frente para o gol rival em dois arremates. Torrico espalmou um, e no rebote Ábila, de primeira contra o gol vazio, fez a bola triscar a trave.
Referência ofensiva do Huracán, Ábila teve outras chances boas que se perderam. Em uma, acossado por três cuervos, dividiu com Torrico. Na outra, mandou por sobre o travessão em cabeceio. Apesar das chances mais claras do Huracán, era o San Lorenzo quem mais ia ao ataque, mas faltava “aquele algo a mais”. A vinte minutos do fim, então, uma boa trama dos visitantes de concluiu com Cerruti cruzando rasteiro pela direita e Belluschi se dando só ao trabalho de emendar sem chances a Díaz.
O jogo ficou mais intenso. Mariano González tentou de fora da área, quase acertando a trave. Já o San Lorenzo não acertava nas conclusões: Blanco isolou a bola ao invés de passa-la ao livre Mauro Mattos. Já Cauteruccio, mais de uma vez, e Belluschi tiveram seus arremates ricochetando na defesa huracanense. Ao fim, a situação da casa se complicou mais, com a expulsão de Risso.
Na base do coração, o Huracán não desistiu. Já havia conseguido a classificação na pré-Libertadores no apagar das luzes. Montenegro, na força em vez da técnica, disparou uma bomba de falta que furou a barreira, que desviou a trajetória da bola – mas Torrico teve jogo de cintura para encaixa-la. Veio os acréscimos e no quarto minuto extra os donos da casa insistiram e insistiram em uma jogada pela esquerda. Quando conseguiram cruzar, a bola encontrou uma cabeça quemera, que sem ângulo para o gol a mandou para o meio da pequena área. Ábila, livre, encheu o pé para explodir Parque de los Patricios.
Pela segunda vez seguida, o clássico do fim-de-semana – o último havia sido Racing x Independiente – terminou de forma emocionante, com gol no finzinho. O próximo é nada menos que o Boca x River. Bons presságios para um jogo cardíaco da principal dupla do país, igualmente presente na Libertadores 2016?
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