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Humilhação para o River Plate começa a vir depois do jogo

"La Pulguita" Rodríguez comemora seu gol contra o River

O grande destaque do Atlético Tucumán na competição e, sobretudo, na partida diante do River, reconheceu que não esperava tantas facilidades para irromper pela defesa millionaria e fazer o estrago que fez: “Não é algo aceitável para uma equipe desta estirpe”. A declaração chama a atenção para o fato de que cada vez mais aumenta o número de candidatos a tirar proveito do grande clube de Núñez. Embora o clube ainda tenha a sorte de esse feito não contaminar muitas equipes já é obrigado a conviver com declarações pós-jogo em que os jogadores rivais se ofertam o direito de falarem o que quer. Na maioria das vezes, com razão.

Tudo estava pronto previamente para a festa em Núñez. Era o retorno para o Monumental. Cancha abarrotada de gente, muita pressão psicológica e o contexto pronto para uma noite de sonhos para a hinchada millionaria. Virou pesadelo. O Decano venceu por dois gols e poderia ter até vencido por mais. Para muitos, poderia ter metido uma sonora goleada nos donos da casa. Feito que, se ocorresse, certamente seria magnífico à história do confronto e aos 90 anos do Decano tucumano.

Em um dos lados estava um clube desacreditado e mal das pernas na competição. No outro, o sempre grande River Plate e o seu retorno para casa. No meio disso estavam duas coisas. Uma, do lado do River, a defesa. A outra, do lado do Tucumán, la Pulguita Rodríguez. E o curioso é que o dono da bola no cotejo não se furta de apontar no Millionario o seu defeito, que todos no clube insistem em não ver. “Na verdade, me surpreende que o River tenha esses tipos de erros na defesa. Isso não é comum para uma equipe com tantos jogadores experientes”, disse Rodríguez. E continuou: “Não é algo aceitável para uma equipe desta estirpe. Um grupo de jogadores que liderava a categoria. Fiquei muito surpreso. Mas, vale considerar que também nós tivemos méritos nisso”. E é claro que tiveram. Assim como tiveram todas as equipes que roubaram pontos dos comandados de Matías Almeyda. Porém, apesar do indiscutível mérito dessas equipes, o principal responsável por isso ainda continua a ser o River.

“É uma grande alegria que eu tenha feito o gol de abertura de nossa vitória. Um gol nesse tipo de jogo, em uma cancha lotada, e tendo o River como adversário, é um sonho para a grande maioria dos jogadores”. O problema, para o River, é que cada vez mais aparecem candidatos a fazerem de seus sonhos verdadeiros pesadelos para o Millio. Foi assim com Píriz Alvez, do Defensa y Justicia. Depois apareceu o arqueiro do Merlo. E agora foi a vez do maestro do Tucumán. E assim o fenômeno se esparrama cada vez mais para outros e outros. Mas, voltamos a insistir: parte disso por mérito dos outros; mas a maior fatia do bolo cabe não somente à defensiva do River, mas principalmente a um pensamento nefasto segundo o qual não vale muito a pena se preocupar com essas coisas.

Nem tudo é azar, diriam alguns. E estão corretos. Afinal, esse fenômeno ainda insiste em não contaminar os adversários do maior vencedor de títulos argentinos. Foram apenas duas derrotas. Mas elas ocorreram justamente para os rivais menos indicados, Aldosivi e Atlético Tucumán (nesse sentido, vale muito que o clube se cuide em Puerto Madryn, diante do Brown). Por outro lado, convém recordar que a segunda derrota ocorreu duas rodadas depois da primeira. Ambas em casa. Mas por enquanto fiquemos nos fatos. Nos jogadores que resolvem estragar a festa e depois falar o que querem.

Assim, além de o clube perder pontos preciosos por repetir os mesmos erros, a hinchada millionaria ainda precisa conviver com a humilhação de um jogador acabar com uma partida e, com a cabeça fria, se dar o luxo de dividir a responsabilidade de seu sucesso com os defeitos de seu rival.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

View Comments

  • É, temos que aceitar os fatos. É bem isso mesmo. Mas essa pulga vai ver quando a gente pegar esse tucuman no jogo de volta.

  • Cada um fala o que quer. Qual é a posição do Tucuman na tabela? Acho que eles deviam se preocupar em não serem rebaixados. O River ficará sempre na história e essas palavras desse inseto se perderão na poeira do tempo.

  • Concordo com o Elsio. Inseto mesmo essa pulga de M. Um timeco esse Tucumán. Vamos amassá-lo no jogo de volta. E vou torcer para esse time ser rebaixado na temporada, eles não merecem outro destino.

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